Venezuela bloqueia sinal da CNN
16 de fevereiro de 2017A Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela (Conatel) confirmou nesta quinta-feira (16/02) a abertura de um procedimento para sancionar a emissora americana de notícias CNN, interrompendo suas transmissões em todo o país.
A medida foi anunciada pela ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, que acusou o canal de realizar uma "operação mediática imperialista" contra a Venezuela, ao transmitir na semana passada uma matéria sobre a suposta venda de passaportes venezuelanos a pessoas vinculadas ao terrorismo e ao narcotráfico.
A reportagem em questão vincula o vice-presidente Tarek el-Aissami à venda de passaportes venezuelanos na embaixada do país no Iraque. Nesta semana, Aissami foi alvo de sanções do Departamento do Tesouro americano em razão de supostas ligações com o tráfico de drogas.
O bloqueio das transmissões ocorreu após o pedido do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que acusou a emissora americana de conspirar contra seu governo.
"A CNN e o Departamento de Estado estão impondo uma política equivocada sobre a Venezuela, estão promovendo uma intervenção geral em massa e uma agressão contra a Venezuela", afirmou o presidente, ressaltando que a CNN seria "um instrumento de guerra nas mãos de verdadeiras máfias".
A Conatel informou que os procedimentos se justificam em razão do "conteúdo que a cadeia americana internacional de notícias vem difundindo de forma sistemática e reiterada no desenrolar de sua programação diária", que, segundo afirma, ocorre de forma "clara e perceptiva", constituindo em "agressões diretas que atentam contra a paz e a estabilidade democrática de nosso povo".
O órgão considera ainda que as reportagens da CNN acarretam em "violações flagrantes às garantias constitucionais" que asseguram a liberdade de expressão, e ordenou como medida preventiva a "suspensão imediata das transmissões do canal de notícias CNN em espanhol em todo o território nacional".
Em editorial, a CNN em espanhol defendeu o conteúdo da reportagem, que, segundo afirma, resultou de um ano de investigações com entrevistas em quatro países e da revisão de milhares de documentos.
"A CNN continuará cumprindo seu dever para com o povo venezuelano oferecendo seu conteúdo gratuitamente em seu canal no Youtube", informou a emissora.
Segundo o canal, as denúncias das autoridades americanas não têm qualquer associação com a reportagem sobre a venda de passaportes.
"Não há vínculos entre os dois assuntos", diz o editorial, respaldando categoricamente suas investigações, as fontes consultadas e o trabalho jornalístico.
RC/dpa/efe