Venezuela detém padeiros por produção ilegal de brownies
17 de março de 2017
Em meio à "guerra do pão", governo de Maduro fecha uma padaria por descumprir nova legislação que exige produção quase exclusiva de pães e detém quatro padeiros.
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O governo venezuelano fechou nesta semana duas padarias e prendeu quatro padeiros por fazerem brownies e outros produtos de confeitaria de forma ilegal em Caracas, em mais um desdobramento da chamada "guerra do pão".
O presidente Nicolás Maduro afirma que o sindicato da categoria e "máfias da panificação" tem elevado os preços e promovido uma "guerra do pão" para gerar escassez do alimento e provocar longas filas, num movimento de boicote ao governo. Uma lei anunciada no domingo passado obriga as padarias a destinarem 90% da matéria-prima para a produção exclusiva de pães.
Desde segunda-feira, agentes de inspeção e soldados fiscalizaram mais de 700 padarias. Dois padeiros foram presos por usar trigo para fazer pão doce, croissants recheados e outros produtos, afirmou nesta quinta-feira (17/03) a Superintendência de Preços Justos. Outros dois padeiros foram detidos por fazerem brownies com trigo de validade vencida. Ao menos uma padaria será ocupada pelo governo por 90 dias.
"Guerra do pão"
A lei anunciada no domingo pelo vice-presidente Tareck El Aissami prevê inspeções diárias com o objetivo de acabar com as longas filas. A padaria que descumprir a legislação é ocupada pelo governo e transferida para os Comitês Locais de Abastecimento e Produção, criados para oferecer alimentos a preços mais baixos.
"Devemos garantir que das 6h até o fechamento das padarias se produza pão. E os primeiros pães têm que ser vendidos, no mais tardar, às 7h", afirmou El Aissami. As padarias também não podem ter mais do que 300 sacos de farinha no estoque e o empréstimo de matéria-prima entre elas está proibido.
Os padeiros se queixam de dificuldades para obter trigo devido ao controle estatal para acessar divisas de importação. Segundo o sindicato da categoria, 80% das padarias não possuem estoque suficiente. Já o governo de Maduro diz que a quantidade de farinha que chega ao país é suficiente.
"Aqueles por trás da guerra do pão vão pagar, e que não digam depois de que se tratou de perseguição política", disse Maduro, ao chamar o sindicato de "hipócrita, perverso e malvado".
KG/efe/lusa/rtr
A crise na fronteira com a Venezuela em imagens
Venezuelanos enfrentam situação de emergência em Roraima. Para escapar da fome e da pobreza, eles vivem na informalidade e de maneira precária no lado brasileiro.
Foto: DW/K. Andrade
Fronteira seca
Venezuelano cruza a fronteira sem passar pelo posto de fiscalização da Polícia Federal, em Pacaraima, no estado de Roraima. A região é de fronteira seca, ou seja, não há um rio que divide os dois países.
Foto: DW/K. Andrade
Abrigo para os índios
Indígenas venezuelanos da etnia Warao se abrigam no espaço da Feira do Passarão, em Boa Vista. Parte deles passa o dia vendendo artesanato e pedindo esmolas nas ruas.
Foto: DW/K. Andrade
Casa de imigrantes
A venezuelana Johandra Adabalo, de 23 anos, migrou de Ciudad Guayana para Boa Vista em setembro. Ela divide a casa onde vive com outros venezuelanos.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho informal
Jovem venezuelano tenta abordar motoristas na avenida Venezuela, em Boa Vista. Parte dos venezuelanos que chega a Boa Vista e não consegue trabalho formal passa os dias nos semáforos da capital, vendendo pão caseiro, morangos, garrafas d'água ou limpando vidros.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho pesado
Em Pacaraima, venezuelanos trabalham descarregando caminhão com alimentos que abastecem as lojas da cidade. Os caminhões vêm de Boa Vista, e os mantimentos são vendidos principalmente para comerciantes e famílias venezuelanas.
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Bolívares venezuelanos
O comerciante brasileiro Ivanilton Barros de Santana (de boné), de 40 anos, usa máquina para contar o dinheiro venezuelano em sua loja, na cidade de Pacaraima.
Foto: DW/K. Andrade
Sem abrigo
Índia venezuelana da etnia Warao cozinha em terreno baldio, no centro de Pacaraima. Pelo menos 60 indígenas dormem nos arredores do terreno, ao lado da rodoviária, enquanto outras dezenas estão instaladas em outros pontos da cidade.
Foto: DW/K. Andrade
Cruzando a fronteira
Em meio à crise de desabastecimento na Venezuela, carreta com mantimentos prepara-se para cruzar o posto de fiscalização da Polícia Federal, na fronteira que divide Pacaraima e Santa Elena de Uairén.
Foto: DW/K. Andrade
Prostituição em Boa Vista
Prostituta venezuelana aguarda cliente no bairro do Caimbé, em Boa Vista. Muitas das prostitutas têm ensino superior, tinham outras profissões no país vizinho e, agora, trabalham nas ruas para conseguir comprar comida.
Foto: DW/K. Andrade
Abandono
Venezuelanos dormem na varanda de uma casa abandonada, no centro da cidade de Pacaraima. O governo de Roraima estima que 30 mil cidadãos do país vizinho tenham entrado e permanecido no estado desde 2015.