Venezuela: Sanções dos EUA a juízes são "inadmissíveis"
19 de maio de 2017
Governo de Maduro manifesta repúdio a novas medidas restritivas do Departamento do Tesouro, que miram oito magistrados da suprema corte venezuelana. EUA afirmam que juízes "usurparam autoridade da Assembleia Nacional".
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O governo da Venezuela manifestou nesta quinta-feira (18/05) repúdio às sanções "extraterritoriais" do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos a oito juízes da suprema corte venezuelana e indicou que elas violam as leis internacionais.
A ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, afirmou ser "inadmissível que os EUA imponham sanções a um poder público soberano e independente, violando leis internacionais e venezuelanas".
Além disso, Rodríguez afirmou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reforça seu apoio aos juízes, "vítimas do poder imperial americano".
O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções econômicas ao presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, Maikel Moreno, e a sete juízes da corte por "usurparem a autoridade da Assembleia Nacional, eleita democraticamente".
As novas sanções foram aplicadas após várias semanas de protestos desencadeados pela decisão do TSJ de privar a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, de todas as suas funções.
"O povo venezuelano está sofrendo pelo colapso econômico provocado pela má gestão e a corrupção de seu governo. Os membros do Tribunal Supremo de Justiça exacerbaram a situação ao interferir na autoridade do Legislativo", afirmou o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin.
"Por meio destas sanções, os Estados Unidos apoiam o povo venezuelano em seus esforços para proteger e promover um governo democrático no país", acrescentou Mnuchin, a quem está subordinado o órgão que impõe as sanções.
Segundo o senador americano Marco Rubio, as sanções "enviam uma mensagem clara" a Maduro e a todos os "assassinos" cujas ações "não ficarão impunes".
Desde 2015, os Estados Unidos têm anunciado sanções a funcionários do governo venezuelano por alegadas violações de direitos humanos. Há alguns meses o alvo foi o vice-presidente Tarek El Aissami, por suposto envolvimento com narcotráfico.
AS/efe/lusa
A crise na Venezuela pelo olhar de um fotógrafo
Imagens capturadas por fotojornalista venezuelano Iván Reyes documentam protestos contra o governo de Nicolás Maduro: da reação da polícia à coragem de jovens e mulheres.
Foto: Ivan Reyes
Jornalismo nascido da necessidade
"Eu já trabalhava há um ano como jornalista quando os protestos começaram em 2014. Muitos meios de comunicação independentes surgiram nos últimos dois anos devido à censura do governo, e é assim que eu me tornei repórter", diz Iván Reyes à DW. Ele começou a fotografar a nova onda de protestos no final de março.
Foto: Ivan Reyes
Idade da Pedra
A decisão do Supremo Tribunal de Justiça de tirar a imunidade dos parlamentares da oposição (logo revogada) desencadeou uma onda de manifestações que paralisou o país. Embora os protestos inicialmente tenham sido pacíficos, as forças governamentais começaram a atirar pedras contra os manifestantes. "Sério, deram pedras aos policiais! Este homem foi atingido por uma em 4 de abril ", afirma Reyes.
Foto: Ivan Reyes
Guerra contra os manifestantes
Os protestos ocorrem todos os dias em várias partes de Caracas, mas geralmente acabam nas grandes vias da cidade. A foto mostra os membros da Guarda Nacional disparando gás lacrimogêneo contra os manifestantes. "Segundo a legislação internacional, os projéteis devem voar por cima das cabeças das pessoas", diz Reyes. Mas, segundo ele, a determinação não é obedecida.
Foto: Ivan Reyes
"Todos somos Juan!"
Juan Pablo Pernalete, de 20 anos, morreu depois de ser atingido por um projétil em 26 de abril. A morte do estudante da Universidade Metropolitana desencadeou protestos indignados. "As pessoas gritavam: Somos todos Juan!'", conta Reyes. No enterro, a família entregou ao líder oposicionista venezuelano Henrique Capriles uma medalha que Juan Pablo ganhou nos Jogos da Juventude.
Foto: Ivan Reyes
Armas caseiras
Embora as lideranças dos protestos tenham apelado para que os manifestantes não recorram à violência, vários grupos começaram a usar armas de fabricação caseira contra as forças do governo, como estilingues e coquetéis molotov. "Esta é uma batalha que não podem vencer", afirma Reyes.
Foto: Ivan Reyes
Os heróis
"Jesus foi um dos feridos na manifestação de 4 de maio. Ele foi atingido na cabeça. As pessoas que estavam no local o carregaram até os paramédicos. Eles e os médicos da equipe de primeiros socorros UCV são os verdadeiros heróis", diz Reyes, referindo-se a médicos e estudantes de medicina que acompanham os protestos para ajudar os feridos.
Foto: Ivan Reyes
A fúria das mulheres
A marcha das mulheres organizada pelo partido oposicionista MUD em 6 de maio tinha como meta o Palácio da Justiça em Caracas. Mas elas foram barradas por uma unidade feminina das forças de segurança. As manifestantes usaram camisetas brancas, tal como as "Damas de Branco", de Cuba, que desde 2003 fazem manifestações todos os domingos pela libertação dos maridos e de outros políticos presos.
Foto: Ivan Reyes
Ode à Venezuela
Esta foto feita por Reyes viralizou nas redes sociais em 8 de maio. Ela mostra um jovem que toca o hino nacional venezuelano enquanto caminha pela rua. "Não acredito que os protestos vão terminar logo", assinala Reyes. "Vamos ver quem cansa primeiro!"