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Venezuela nega ser responsável por óleo em praias do Brasil

11 de outubro de 2019

Petrolífera estatal venezuelana diz que acusações do Brasil são infundadas e alega que não recebeu notificações sobre vazamentos. Manchas atingem mais de 130 pontos do litoral nordestino.

Manchas de óleo em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco
Manchas de óleo em Cabo de Santo Agostinho, em PernambucoFoto: Reuters/D. Nigro

A Venezuela negou nesta quinta-feira (10/10) ser responsável pelas manchas de petróleo que poluíram mais de 130 praias brasileiras. Em comunicado, a petrolífera estatal venezuelana PDVSA afirmou que as acusações do Brasil sobre a origem do material são infundadas.

"A PDVSA rejeita categoricamente as declarações do ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, que acusa a Venezuela de ser responsável pelo petróleo bruto que contamina as praias do nordeste do Brasil desde o início de setembro", afirmou a estatal.

A empresa considera "infundadas" as afirmações do Brasil, "uma vez que não há evidências de qualquer vazamento de petróleo bruto nos campos petrolíferos venezuelanos que possam ter causado danos no ecossistema marítimo do país vizinho". O texto condena ainda as "afirmações tendenciosas", observando que as manchas estavam localizadas a cerca de 6.650 quilômetros de distância da sua infraestrutura.

A PDVSA também afirma que não foi comunicada por clientes ou subsidiárias sobre vazamentos de petróleo perto da costa brasileira. A produção da estatal despencou nos últimos anos e sofre com as sanções impostas ao país pelos Estados Unidos, que visam derrubar o presidente Nicolás Maduro.

Na quarta-feira, numa audiência na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, Salles afirmou que petróleo era "muito provavelmente" da Venezuela. "Esse petróleo veio de um navio estrangeiro que navegava perto da costa brasileira", disse o ministro.

Um relatório da Petrobras divulgado na terça-feira pela imprensa brasileira concluiu que as manchas encontradas em 139 praias do litoral do Nordeste seriam uma mistura de óleos provenientes da Venezuela. Outro estudo realizado pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) confirmou nesta quinta-feira essa origem.

"Nossos estudos agroquímicos evidenciam que o óleo é proveniente de uma bacia da Venezuela. Esse trabalho realmente revelou que se trata de um petróleo produzido na Venezuela", afirmou a diretora do Instituto de Geociências da UFBA, Olivia Oliveira. A pesquisadora disse que não há ainda como saber a quanto tempo esse material está no mar e se ele é proveniente de algum navio.

Em resposta à nota divulgada pela PDVSA, Salles afirmou ao G1 nesta quinta-feira que a argumentação venezuelana é "descabida", pois a hipótese é que o material vazou de algum navio durante o transporte e não de campos de produção. O ministro ressalta que "a indicação da origem venezuelana do óleo baseia-se numa análise técnica laboratorial da Petrobras".

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, no entanto, evitou em nomear culpados pelo desastre ambiental. "Ainda não sabemos de onde esse óleo veio e como veio", disse. "Em nenhum momento, foi dito que era da PDVSA ou desta origem. O que foi dito é que o petróleo encontrado tem características semelhantes ao extraído em alguns poços venezuelanos", acrescentou.

As manchas de petróleo, começaram a aparecer no início de setembro. A substância já atingiu todos os nove estados do Nordeste. Até o momento, as equipes do governo já recolheram desde o mês passado 133 toneladas de óleo. O trabalho de limpeza das praias é realizado pelas equipes do Centro de Defesa Ambiental da Petrobras. 

Alguns dos locais turísticos mais visitados do Nordeste foram atingidos, como Porto de Galinhas e Boa Viagem, em Pernambuco, Praia do Forte e Porto de Sauípe, na Bahia, Praia da Pipa e Natal, no Rio Grande do Norte, e João Pessoa, na Paraíba. 

CN/lusa/efe/afp/ots 

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