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Venezuela vota em clima de tensão

30 de julho de 2017

Venezuelanos foram convocados por Maduro a ir às urnas para escolher assembleia que mudará a Constituição. Com protestos proibidos, pleito é denunciado pela oposição como mais um passo para consumar ditadura no país.

Venezuela Wahlen
Maduro defende que a Constituinte, como escrito no cartaz em Caracas, levará à pazFoto: Reuters/A. Martinez Casares

Os venezuelanos estão convocados a ir às urnas neste domingo (30/07) para eleger os representantes da Assembleia Nacional Constituinte. Cercada de tensão, a votação é amplamente criticada por Estados Unidos, União Europeia e países da região, e denunciada pela oposição como o último passo do governo Nicolás Maduro para consumar uma ditadura.

O objetivo será reescrever a Constituição, de modo a dar ainda mais poderes a Maduro: dos 6.120 candidatos a integrar a assembleia de 545 membros, nenhum é da oposição venezuelana, que está boicotando o processo. Na prática, a Constituinte anula o Parlamento de maioria opositora, eleito há dois anos e que até aqui era o único elemento de contrapeso no jogo político na Venezuela.

"Um processo eleitoral que busca a adoção de uma nova Constituição e cuja retirada foi solicitada por milhões de venezuelanos, partidos de oposição, não pode ser levado adiante com restrições à liberdade de expressão e ao direito de reunião pacífica que impeçam, de forma arbitrária, a ampla difusão de todas as opiniões políticas", aponta a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Em profunda recessão e meio à grave escassez de produtos básicos, a Venezuela  está há quatro meses em ebulição, com protestos quase diários contra Maduro. Mais de 110 pessoas morreram em confrontos com forças de segurança.

Para este domingo, apesar das manifestações estarem proibidas, a oposição organizou uma série de protestos em diversas cidades do país. Ao menos cinco pessoas morreram em confrontos durante estes atos contra a eleição.

Venezuelanos que residem no exterior organizaram também manifestações em diversos países. Protestos foram registrados na Colômbia, Espanha, México e Grécia.

O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, pediu à comunidade internacional que não reconheça o resultado da eleição da assembleia. E a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, alertou sobre os riscos que o país enfrenta.

Desde quarta, oposição convoca população para bloquear ruas do paísFoto: picture-alliance/AP/A. Cubillos

"Este domingo vai decidir se seguimos existindo como república ou se será instaurado um sistema personalista e totalitário", afirmou a procuradora, que, apesar de ser uma chavista declarada, se tornou nos últimos meses uma das vozes mais críticas ao governo Maduro. "Os atores políticos do governo e da oposição devem entender que não podem pretender substituir a política pela."

Nas Américas, os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru pediram formalmente a suspensão da Constituinte e que seja estabelecido um processo de negociação política para solucionar a crise.

As Forças Armadas, que terão 200 mil homens nas ruas nas eleições, disseram que buscarão garantir a continuidade do processo e responderão a qualquer ameaça fazendo "uso proporcional da força". A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição, convocou a população a levantar barricadas em várias cidades do país.

O poder ilimitado da Assembleia Nacional Constituinte, uma vez constituída, gera temor entre a população. Muitos venezuelanos têm estocado alimentos, geralmente já escassos devido à severa crise econômica.

A votação

Mais de 19,8 milhões de venezuelanos foram convocados para ir às urnas no domingo para eleger os membros da Assembleia Constituinte. Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cerca de 6,1 mil candidaturas foram admitidas na disputa por 545 vagas.

A oposição venezuelana se negou a participar da Constituinte por considerar o processo fraudulento e critica que não tenha sido convocado um referendo antes da escolha dos constituintes, como ocorreu em 1999, quando foi sancionada a atual Constituição.

As urnas serão abertas a partir das 6h (horário local) neste domingo. O encerramento da votação está previsto para às 18h, se não houverem eleitores em filas para votar. Cerca de 200 mil militares estarão nas ruas para garantir a continuidade do processo. As Forças Armadas disseram que responderão a qualquer ameaça fazendo "uso proporcional da força".

A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição, tem convocado a população a levantar barricadas em várias cidades do país desde a quarta-feira. Os opositores pretendem ainda tomar as principais avenidas da Venezuela para expressar repúdio à Constituinte.

Desde abril, a Venezuela enfrenta uma onda de protestos e indignação, em meio a uma profunda crise política e econômica. A principal exigência dos opositores é a revogação da Assembleia Constituinte. 

RPR/CN/rtr/efe/ots

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