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Venezuelanos vão às ruas em clima de tensão

19 de abril de 2017

Protestos deixam ao menos três mortos, dezenas de feridos e centenas de detidos. Atos anunciados por movimentos antichavistas como os maiores já realizados no governo Maduro reúnem dezenas de milhares.

Em Caracas, polícia entra em confronto com manifestantes
Em Caracas, polícia entra em confronto com manifestantes Foto: picture alliance/dpa/M. Quintero

A violência marcou os protestos contra o governo Nicolás Maduro que ocorreram nesta quarta-feira (19/04) em várias cidades da Venezuela, deixando ao menos três mortos – dois estudantes e um membro da Guarda Nacional. Dezenas de pessoas ficaram feridas, e centenas foram detidas.

Em Caracas, as marchas – classificadas por movimentos antichavistas de a "mãe de todos os protestos" – reuniram dezenas de milhares de pessoas, de acordo com a imprensa local. Marchas pró-regime aconteceram paralelamente na capital.

Na passeata da oposição, a polícia entrou em confronto com manifestantes. A confusão começou quando Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) dissolveram a concentração opositora quando tentavam marchar para o centro em direção à Defensoria Pública. No mesmo local, ocorria um protesto em apoio a Maduro. Os agentes de segurança lançaram gás lacrimogêneo contra o grupo oposicionista, que respondeu jogando pedras.

Confrontos foram registrados em outras regiões da capital. Num deles, um estudante de 17 anos que participava de uma marcha contra o governo foi atingido por um tiro na cabeça e morreu posteriormente no hospital.

Outra morte foi registrada na cidade de San Cristóbal, no estado de Táchira, próximo a um local onde ocorria um protesto contra o governo. Um grupo de civis armados teria atacado os manifestantes. Uma jovem de 23 anos foi atingida por um tiro na cabeça. De acordo com testemunhas, ambos os estudantes mortos, em Caracas e em Táchira, não participavam dos protestos.

Segundo o defensor público Tarek Wiliam Saab, um membro da GNB morreu em um protesto violento próximo a Caracas. O sargento foi "assassinado" por um francoatirador no município de Los Salias, e um coronel ficou ferido, disse Saab. As três mortes desta quarta-feira se somam a outras seis registradas em protestos desde o início de abril.

Protesto antigoverno reuniu dezenas de milhares em CaracasFoto: picture alliance/dpa/AP Photo/A. Cubillos

"Mãe de todos os protestos"

A oposição acusa o governo de enviar milícias armadas para reprimir os protestos e afirma que as forças de segurança não fazem nada para impedir a ação destes grupos, além de reprimir protestos pacíficos. O envio de soldados e milicianos para as ruas foi condenado pela organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Em Caracas, os opositores partiram de 26 pontos com destino à Defensoria Pública para exigir a queda de Maduro e pedir que o governo apresente um cronograma para eleições, suspenda a repressão contra as manifestações e respeite a autonomia da Assembleia Nacional. 

O primeiro ato da atual onde de protestos foi pelo afastamento dos juízes do TSJ, dias depois de a Corte, dominada pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Assembleia Nacional, de maioria opositora. O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente, e, sob pressão, o TSJ acabou revogando a decisão, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro.

Uma nova jornada de protestos foi convocada para esta quinta-feira. "Se milhões de pessoas saíram hoje às ruas, ainda mais deverão sair amanhã", disse o líder opositor Henrique Capriles.

Chavistas também saíram às ruas em CaracasFoto: Getty Images/AFP/F. Parra

Marcha em apoio ao governo

Em resposta aos protestos da oposição, Maduro convocou as Forças Armadas e milícias para as ruas de todo o país para defender a "revolução" bolivariana iniciada pelo antecessor Hugo Chávez e reprimir as manifestações dos que chama de "traidores da pátria".

Manifestantes pró-governo saíram às ruas em Caracas. A marcha dos chavistas terminou com um discurso de quase duas horas do presidente, que completou quatro anos no poder nesta quarta-feira. Recebido com aplausos, Maduro anunciou que 30 pessoas, que classificou de "terroristas", haviam sido detidas nos protestos da oposição.

"Estamos desmantelando o golpe de Estado terrorista. Estamos derrotando o golpe de Estado violento. Somos os vencedores da paz e da democracia", afirmou Maduro, acusando a oposição de promover a violência.

Apesar de acusar o presidente da Assembleia Nacional, o oposicionista Julio Borges, de estar tramando um golpe de Estado, Maduro pediu à oposição que o diálogo seja restaurado no país e nomeou porta-vozes para os encontros que buscariam debater o futuro do país.

"Sou um homem de diálogo, creio na palavra, creio nas razões e creio que somente por meio da palavra é possível consolidar e abrir o caminho para a paz", afirmou Maduro.

Pelo menos duas tentativas de diálogo entre governo e oposição ocorreram na Venezuelana desde outubro de 2016. As conversas não foram adiante, com ambos os lados se acusando mutuamente de não terem cumprido os acordos.

Protestos contra o governo de Maduro também foram registrados nesta quarta-feira em outros países da América Latina, incluindo Colômbia, Honduras e Argentina.

CN/LPF/efe/afp/lusa/dpa

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