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Férias de verão

10 de julho de 2009

As férias de verão para os alemães são sagradas. Em tempos de crise, alguns hábitos e destinos podem até mudar – mas há sempre uma maneira de conseguir um descanso tranquilo.

Maiorca (Espanha) é o destino número um dos alemãesFoto: TUI

Em julho, quando chegam o verão e as férias, os alemães querem logo viajar. O descanso é planejado com antecedência: logo depois da Páscoa, as famílias já sabem onde passarão os dias de férias. Mas neste ano marcado pela crise, a decisão ficou para a última hora.

No começo de junho, um estudo divulgou que 50% dos alemães que haviam viajado em 2008 não tinham certeza se fariam o mesmo neste ano. Cenários mais otimistas mostram queda de 5% a 12% no mercado de turismo este ano.

Já as compras de última hora indicam que a população líder em turismo mundial não vai se privar do momento mais esperado do ano: a viagem das férias.

A Espanha, em especial a ilha de Maiorca, continua sendo o destino internacional número um. República Dominicana, Tunísia – e sua ilha de Djerba – e Egito são os outros locais preferidos para os alemães que procuram, basicamente, descanso e sol.

Praia na ilha de DjerbaFoto: TUI

A crise onipresente também chegou ao setor do turismo. "Houve uma queda de cerca de 12% no número de passageiros que pagaram pelas férias com antecedência", informa Michael Blum, porta-voz da operadora de turismo européia TUI. O volume geral de vendas caiu aproximadamente 10% – as cifras afetam República Dominicana, Maiorca e Tunísia.

Tudo incluso

O consumidor também tem táticas para contornar a crise. "Eles aguardam para ter certeza de que estão seguros no trabalho e, mais importante do que nunca, querem correr menos riscos. All inclusive é agora um lema, sobretudo para as famílias", avalia Blum.

A crise então leva o turista a economizar, a buscar o mais barato? Para Blum, a resposta é não: o fator decisivo não é o preço baixo, mas a garantia de qualidade, de que não haja surpresas e que a relação custo-benefício seja boa.

O Club Mediterranée, rede francesa de clubes de férias para o segmento luxo, confirma a tendência: "Ainda não sentimos a crise", informa Carolin Bodens, diretora de marketing do ClubMed na Alemanha. "Em tempos difíceis como este, planejar gastos e custos é muito importante. E a nossa política de all inclusive oferece justamente tudo o que o turista necessita", diz Bodens.

Foi a partir da prática da rede francesa na década de 1950 que surgiu a idéia de férias com tudo incluído. O conceito fez sucesso e foi adotado pelo turismo internacional – e causa furor não somente quando o dinheiro é escasso. Mas em tempos de vacas magras, a preferência pelo serviço é fenomenal: as reservas para esse tipo de viagem subiram 25% neste verão, segundo informa o site lastminute.de.

"Se pego o carro e vou até a Itália ou até a Espanha, não tenho certeza do quanto vai custar a pizza ou a gasolina. Ao passo que assim – com esportes, gastos com as crianças e comida incluídos – sei que não vou sair do orçamento", explica Thomas Schäfer, da Associação de Turismo Alemão (DRV). E finaliza destacando que o decisivo não é o preço, mas o valor das coisas.

Mercado na ilha de Djerba, na TunísiaFoto: picture-alliance / Bildagentur Huber

Maiorca ou Djerba?

"Os alemães que vêm à Tunísia não saem do hotel, pois só assim têm a certeza de que tudo está incluído", brinca Mohamed Essayem, da Comissão Nacional de Turismo da Tunísia, uma entidade que quer conquistar também turistas que buscam outras coisas além de sol, praia, espetáculos e bebidas.

"Um turista alemão sai do hotel, pega um táxi, vai ao centro e na hora de pagar mostra a pulseira do hotel e diz all inclusive", conta o agente de turismo tunisiano em tom de brincadeira. Comentários semelhantes sobre os alemães podem ser ouvidos em outras cidades praianas turísticas.

Todos os públicos são assim? "Não, os franceses são diferentes", diz. Apesar de que, para eles, o preço também é importante. Essayem analisa que os franceses saem do hotel e se interessam pelo país – que carrega o glamour de ser a antiga Cartago, uma região onde muçulmanos e judeus convivem pacificamente.

Para os milhares de alemães que visitam todos os anos as praias de Djerba, seria um pouco diferente. Apesar de haver turistas para todos os gostos, a maioria opta pelo pacote all inclusive e busca "um tempo para relaxar com a família e não fazer nada", diz Schäfer.

Tunísia e Turquia

Istambul, na TurquiaFoto: TUI

Em maio último, o ministro tunisiano das Finanças, Mohamed Rashid Kachic, disse num seminário que, mesmo com a crise, a economia do país cresceria em 2009. Os países da riviera do Mediterrâneo e especialmente a Tunísia – cuja a economia depende 62% do comércio com a União Européia – seriam beneficiados, disseram os especialistas convidados ao seminário organizado pela Fundação Friedrich Ebert.

A crise tornaria, por exemplo, esses destinos turísticos mais atraentes do que os clássicos oferecidos no Velho Continente.

Apesar da queda nas vendas – 5% para os destinos espanhóis – o porta-voz da DRV diz que não se pode tirar conclusões precipitadas. "Estamos no começo de julho e algumas regiões na Alemanha nem sequer saíram de férias. Só se pode fazer um balanço em agosto, afinal há uma clara tendência em comprar o pacote turístico no último minuto", diz Schäfer.

Ainda assim, não se pode desconsiderar os dados apurados até o momento, que indicam que os outros destinos mediterrâneos tirariam proveito da crise.

Para o porta-voz da TUI, a grande ganhadora desse verão até o momento é a Turquia: "O destino chegou com força, porque sua infraestrutura turística está focada no all inclusive". E os preços são competitivos, confirma Schäfer. Ao lado da Turquia, o Egito também vive um momento de ascensão. "El Gouna, no Egito, tem lindas praias e oferece esportes aquáticos", informa Bodens, da ClubMed.

O encanto adicional do Caribe é a músicaFoto: TUI

Outros encantos

E a República Dominicana? Embora permaneça nas primeiras colocações, os alemães não têm optado pela ilha na mesma intensidade que em anos anteriores. E isso porque há destinos mais próximos que também oferecem segurança e sol – e onde se gasta menos.

"O encanto adicional da República Dominicana e de outras ilhas do Caribe, em geral, é a música, e também as pessoas, que são mais soltas e animadas", analisa Ute Breitenbroich, ex-funcionária da International Tourism Service que conhece todas as atrações que encantam os alemães.

Atualmente, a aposentada faz somente duas viagens por ano: uma é perto, para a Espanha – "para melhorar meus conhecimentos e conviver com a cultura", diz. A outra viagem ela faz cruzando o mar. Mas, esse ano, devido à crise, ela pela primeira vez em muitos anos renunciará à viagem pela Europa.

Ficar em casa

Piscina em MecklemburgoFoto: dpa

Pouco dinheiro e as incertezas obrigam os turistas a mudar de hábito e acentuam a tendência dos alemães em preferir o mais seguro para as férias. Tanto que, aos destinos mencionados, se soma um que está subindo na cotação dos turistas.

"Lá o cliente alemão sabe como nenhum outro o que vai encontrar", diz Blum. Se a tendência continuar, nem Turquia, nem Maiorca e tampouco Tunísia ou Egito serão os locais mais procurados neste verão de crise. O destino favorito será Mecklenburgo, na costa do mar Báltico, na própria Alemanha.

Autora: Mirra Banchón
Revisão: Alexandre Schossler

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