Os 90 anos da rainha – mais de 60 deles no trono – renderam material farto para o mundo das artes. Mas foram poucos os romances que se aventuraram a retratar a popular soberana. Confira os mais marcantes.
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Pouco depois da coroação da rainha, em 1951, nos primórdios da Guerra Fria, o Palácio de Buckingham é relacionado a um grande vazamento de informações militares secretas, que estariam parando nas mãos dos soviéticos. Um jovem espião da CIA (a agência de inteligência americana) é então enviado para tentar descobrir quem é o traidor e tentar proteger a reputação da monarca.
A soberana, no caso, não era Elizabeth 2ª, que assumiu o trono em 1952. Mas, no mundo fictício do suspense de espionagem A rainha está em xeque, foi na monarca que o escritor americano William F. Buckley Jr. se inspirou para criar a rainha Caroline.
Lançado em janeiro de 1976, o livro, que representa a estreia do famoso agente Blackford Oakes, é uma das poucas obras que se aventurou a retratar Elizabeth 2ª – cinema, teatro e literatura parecem, neste caso, adotar a mesma postura reservada que marcou os 90 anos de vida da rainha, 60 deles no trono.
A rainha e o gigante
O famoso estoicismo de Elizabeth 2ª pode ser uma das razões que levaram atores, escritores e diretores a atribuir, de forma sutil, facetas ocultas a versões ficcionais da rainha ao longo dos anos. No livro infantil O BGA – O bom gigante amigo, por exemplo, o britânico Roald Dahl retrata a rainha como uma monarca distante, com quem o personagem-título tem problemas de lidar.
Na peça de 1988 A question of attribution (uma questão de atribuição, em tradução livre), de Alan Bennett, o conselheiro de arte da rainha se revela um espião soviético. A adaptação homônima para TV feita por John Schlesinger em 1991, com Prunella Scales no papel da monarca, venceu o prêmio Bafta de melhor drama de televisão naquele ano.
Outra obra de sucesso no teatro foi o drama The audience (a audiência, em tradução livre), de 2013. Numa reapresentação da peça de Peter Morgan no ano passado, no lendário Teatro Apollo de Londres, a atriz anglo-francesa Kristin Scott Thomas foi aclamada por interpretar Elizabeth 2ª como uma mulher madura e inteligente.
Protagonista da peça em sua estreia em Londres, em 2013, Helen Mirren fez o mesmo papel numa temporada limitada na Broadway no ano passado, gerando cerca de 1 milhão de dólares de bilheteria por semana. Helen era a escolha natural – já interpretara Elizabeth 2ª em A rainha, de Stephen Frears, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz.
Por seu trabalho, Helen Mirren e Kristin Scott Thomas foram ambas honradas com a Ordem do Império Britânico – e por sugestão da própria rainha.
Quando a regente vira plebeia
A turbulenta vida da família real foi retratada pela autora Sue Townsend no romance A rainha e eu, publicado em 1992, mais ou menos no tempo em que o casamento do príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão ao trono, começou a desmoronar.
No livro, a rainha vai morar num conjunto habitacional após o fictício Partido Republicano do Povo abolir a monarquia. Para sua decepção, Elizabeth 2ª não é autorizada a levar os cachorros para a casa alugada. Na sequência A rainha Camilla, de 2006, a monarquia é restaurada.
O dramaturgo Alan Bennett voltou ao tema rainha 20 anos depois da famosa peça, com o romance Uma real leitora, de 2007. Nele, Elizabeth se torna uma leitora voraz, após seus cachorros encontrarem uma biblioteca itinerante durante um passeio. A rainha de Bennett é inteligente, curiosa e sensível – uma faceta curiosa da normalmente distante regente.
No romance The Autobiography of the Queen (a autobiografia da rainha, em tradução livre), de 2007, a monarca, cansada de ter que acenar para as câmeras, quebrar garrafas em cerimônias de botaduras e receber seus súditos, desaparece do Castelo de Balmoral, na Escócia, numa manhã nebulosa de setembro.
A engraçada história de Emma Tennant conta como, sob o nome de Gloria Smith, a rainha viaja até a ilha caribenha de Santa Lúcia. Mas, é claro, nem tudo sai como o planejado em sua tentativa de viver uma vida plebeia.
Os livros são um exemplo do amor dos britânicos por sua inabalável monarquia – e de seu senso de humor. O que pôde ser visto pelo mundo todo durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres: pouco antes de a festa começar, Elizabeth 2ª e James Bond aterrissaram de paraquedas no estádio.
O guarda-roupa da rainha
Normalmente, Elizabeth 2ª é vista de blazer e chapéu de mesma cor. Mas o closet tem muito mais a oferecer do que conjuntos sóbrios e adereços chiques de cabeça.
O tom sobre tom usual
O traje da rainha da Inglaterra é lendário. A um blazer com barras longas – para que nada voe para fora – soma-se uma criação de chapéu extravagante, com combinação perfeita de cor. Para completar, uma bolsa de mão sempre de um mesmo formato. Preta, pequena - com espaço para o batom, óculos de leitura, pastilhas de menta e lenço de papel. É assim que ela se apresenta ao mundo há 60 anos.
O segredo de seus chapéus
Ela possui chapéus em todas as formas e cores. Por vezes, é lúdico, com florzinhas, outras vezes, mais sóbrio e singelo. Mas as cores sempre se ajustam perfeitamente às vestimentas. Raramente se vê a rainha com a cabeça descoberta. Quantas caixas de chapéu se encontram no closet da rainha é um grande mistério.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Brady
Chapéu-mania
A cabeça jamais descoberta! Mesmo na juventude, com visual despojado na praia. O registro pertence a uma série de fotografias históricas da rainha, que foram leiloadas em 2008 e hoje estão nas mãos de um colecionador privado.
Até a princesa se juntou à força-tarefa: durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Windsor fez parte da Divisão de Mulheres do Exército Britânico. Lá ela se formou em mecânica e aprendeu a dirigir caminhões. Esta foto foi tirada em abril de 1945. Aqui também ela não está com a cabeça à mostra.
Foto: public domain
O vestido de casamento
Dois anos e meio após a guerra, Elizabeth se casou com seu amor da adolescência, o príncipe Philip da Grécia e Dinamarca. Por este vestido, foi recolhida uma série de cupons de desconto, já que logo após a guerra, não era fácil nem para uma família real fazer aquisições valiosas como essas: cetim, 10 mil pérolas e cristais, além de um lenço de renda de quatro metros de comprimento.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
O manto da coroação
No dia 2 de junho de 1953, a princesa Elizabeth se tornou rainha. Na cerimônia de coroação, ela usou um vestido de seda branco, com o emblema dos países da Commonwealth bordado a cores. Por cima, o manto régio de veludo, cuja calda de cinco metros de comprimento foi segurada por seis damas de honra.
Foto: picture-alliance/Heritage Images
Na jovem república alemã
"A visita do século" aconteceu em maio de 1965: nenhuma visita oficial era mais bem-vinda do que a da rainha. A última visita de Estado da Inglaterra tinha ocorrido há 56 anos, depois de duas guerras, nas quais os alemães imprimiram grandes sofrimentos aos ingleses. A visita de Elizabeth 2ª à Alemanha durou 11 dias. Nesse período, ela encantou os alemães com sua seleção de trajes.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Rohwedder
Realeza na Áustria
Depois de desfilar pela Alemanha com seus chapéus extravagantes, Elizabeth optou por uma apresentação mais tradicional na visita de Estado à Áustria. Com um vestido de seda branco e faixa vermelha, e diadema no lugar de chapéu, ela visitou o país em 1969.
Foto: picture-alliance/G. Rauchwetter
Com turbante em visita a Walter Scheel
Em 1978, Elizabeth veio à Alemanha pela segunda vez. Ela foi recebida novamente com grande louvor, mas não chegou à altura daquela primeira visita. O pano de fundo: a normalidade tomou conta, e a amizade entre os dois países havia se consolidado – em grande parte graças ao empenho do então presidente alemão Walter Scheel.
Foto: imago
Moda verão na Tailândia
Em fevereiro de 1972, a rainha visitou o rei Bhumibol na Tailândia. Naturalmente, levou blazers e tiaras na bagagem, mas um ou outro vestido mais ousado (com chapéu combinando, é claro) também não faltou. Nesta imagem, ela veste um conjunto de verão, que, apesar de seu aspecto lúdico, não peca por falta de seriedade.
Foto: picture-alliance/H. Ossinger
Óculos high-tech
Na cabeça de um membro da realeza não pode faltar nada – inclusive, os óculos 3D, que a rainha apresenta nesta foto. Em uma visita à Universidade de Sheffield, a monarca pôde conduzir uma escavadeira através de um display com exibição em 3D.
Foto: Getty Images
Look casual
Em seu dia a dia, a rainha também gosta de trocar seu chapéu por um lenço de cabeça. E, subitamente, não há mais sinais de realeza nela: Elizabeth 2ª pode até ser confundida com uma avó plebeia.
Foto: Getty Images
A cavalo com Reagan
Estilo rústico também no passeio ao lado do então presidente americano, Ronald Reagan, em 1982. Na foto, ela mostra a Reagan o parque do Castelo de Windsor, a residência favorita da rainha.
Foto: public domain
O casamento do filho
No dia 29 de julho de 1981, o filho de Elizabeth, príncipe Charles, casou-se com Diana. Embora a rainha tenha contribuído significativamente para a realização do casamento e, sempre que possível, tenha aparecido junto ao casal, ela não ofuscou a nora naquele dia. Nem com essa roupa em tom turquesa brilhante.
Foto: Imago/Photoshot/John Shelley Collection
O casamento do neto
Quando o príncipe William se casou com Kate Middleton em 2011, a rainha se apresentou com uma vestimenta muito mais discreta do que no casamento de Charles e Diana; ela entrou na Abadia de Westminster com um tom mostarda singelo.
Foto: Imago/Photoshot/John Shelley Collection
Discurso oficial
Quando a rainha fala ao Parlamento, a tradição dita que ela esteja com sua vestimenta oficial. Toda vez que um novo período legislativo tem início, ela apresenta, com coroa, os projetos do governo.
Foto: Reuters/S. Plunkett
Realeza de manto púrpura
Apesar da idade, a rainha ainda aposta em pesados mantos régios. Aqui ela aparece junto ao príncipe Philip em frente à Catedral de Saint Paul durante um culto religioso.
Foto: Getty Images
Signo: touro
No dia 21 de abril, a rainha completa 90 anos. Oficialmente, ela prefere celebrar seu aniversário no segundo sábado de junho – primeiro porque é quando acontece a cerimônia militar "trooping the colour" em honra à monarquia britânica, e segundo porque faz tempo bom. A foto foi tirada em 13/06/2015, na celebração de seu 89º aniversário. Toda de branco, ao lado do marido, príncipe Philip.