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CatástrofeAlemanha

"Tsunami", diz prefeita de Berlim sobre explosão de aquário

16 de dezembro de 2022

Rompimento de cilindro com 1 milhão de litros d'água feriu duas pessoas levemente. Franziska Giffey se disse "aliviada" por extensão da tragédia não ter sido maior.

Fita de isolameto. Atrás, cena de destruição, com escombros.
Até o momento, polícia descarta um ataque terroristaFoto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance

A prefeita de Berlim, Franziska Giffey, disse que a explosão nesta sexta-feira (16/12) de um aquário gigante que liberou 1 milhão de litros de água em ruas da capital alemã foi um "verdadeiro tsunami". 

Apesar de toda a destruição, Giffey se disse "aliviada", pois a tragédia poderia ter sido bem maior. Segundo ela, foi uma "grande sorte" pois, caso o incidente tivesse ocorrido horas depois, teria resultado em "terríveis perdas humanas".

A explosão na atração turística Aquadom, no centro de Berlim, provocou estilhaços que deixaram duas pessoas levemente feridas. Elas foram levadas ao hospital, disse o Corpo de Bombeiros.

O aquário ficava no saguão de um hotel e continha o maior tanque cilíndrico do mundo deste tipo, com 16 metros de altura e 11,5 metros de diâmetro, abrigando 1,5 mil peixes exóticos de 100 espécies. A atração era muito popular entre os turistas, inclusive entre as crianças, e os visitantes podiam percorrer o interior do aquário em um elevador. 

O incidente ocorreu por volta das 5h45 (horário local), quando um barulho alto foi ouvido na região. Cerca de 100 bombeiros foram enviados ao edifício, que abriga, além do hotel, um museu, lojas e restaurantes. Não há informações oficiais sobre se os feridos são funcionários ou hóspedes do hotel.

Prédio não corre risco de colapso

Segundo os bombeiros, o andar térreo encontra-se totalmente destruído e cheio de entulho. Ele foi revistado por agentes com cães de resgate. 

"Não há pessoas desaparecidas no prédio, é puramente uma medida de segurança", disse um porta-voz do corpo de bombeiros. O trabalho de limpeza seguiu da manhã até o fim da tarde.

Engenheiros estruturais verificaram a estabilidade do prédio onde ficava o aquário e concluíram que não há risco de desabamento.

Os cerca de 350 hóspedes que estavam no hotel no momento do incidente foram evacuados e, inicialmente, abrigados em ônibus. Posteriormente, eles foram realocados em outros hotéis. 

Giffey agradeceu aos serviços de emergência.Foto: Paul Zinken/dpa/picture alliance

"Pensei que fosse um terremoto”

Um porta-voz do Corpo de Bombeiros explicou que a água do aquário "vazou quase completamente, tanto no prédio quanto na rua Karl-Liebknecht". 

"Devido à alta pressão da água, quando o aquário estourou, levou vários objetos que agora estão espalhados na rua", disse.

O aquário estava localizado no hall coberto do edifício e podia ser visto das janelas dos quartos do hotel.

Uma testemunha relatou ao jornal alemão Bild que ouviu um grande estrondo. "Então olhei para frente e vi que havia muitos móveis espalhados. Percebi que o aquário tinha acabado de estourar e as coisas haviam sido levadas pela água", contou.

Uma hóspede do hotel descreveu o momento da explosão: "A cama toda tremia, pensei que fosse um terremoto".

A deputada alemã Sandra Weeser também estava hospedada no hotel na hora da explosão. Segundo ela, após o incidente, o local parecia "uma zona de guerra". "Peixes que poderiam ter sido salvos morreram congelados", disse.

Alguns peixes sobreviveram

A grande maioria dos peixes do aquário morreu. No entanto, alguns sobreviveram e foram encontrados em um recipiente de água perto do elevador. Eles foram levados para tanques do aquário vizinho, Sea Life, assim como várias centenas de peixes que estavam em aquários menores no porão do prédio – que corriam o risco de morrer devido à falta de energia no edifício.

A organização de proteção animal Peta disse que tomará medidas legais. 

"Vamos apresentar uma queixa criminal contra os responsáveis ​​porque as vidas de cerca de 1.500 peixes foram aparentemente tratadas de forma negligente", disse um porta-voz da organização, ressaltando que a destruição do aquário é uma "enorme tragédia provocada pelo homem". Para a associação, o local não deve ser reconstruído.

Museu da DDR afetado

A água salgada do tanque correu para o sistema de esgoto de Berlim e, parte, para o porão do prédio.

O Museu da DDR, que fica nas proximidades e abriga uma exposição permanente sobre como era a vida na antiga Alemanha Oriental, também foi afetado. A diretoria do museu anunciou que cerca de 30% da área de exposição foi atingida. Embora os estragos não tenham sido grandes, o local provavelmente terá que permanecer fechado por alguns meses.

Aquário estava localizado no hall coberto do edifício e podia ser visto das janelas dos quartos do hotel.Foto: Jörg Carstensen/dpa/picture alliance

Investigações não apontam terrorismo

A polícia enviou cerca de 100 agentes para o local. As autoridades não sabem ainda o que causou o incidente, mas não há indícios de um ataque terrorista.

De acordo com a secretária de Interior de Berlim, Iris Spranger, a principal hipótese é que o incidente tenha sido causado pela deterioração da estrutura do aquário.

"Claro, a investigação sobre a causa ainda não foi concluída, mas os primeiros sinais apontam para deterioração do material", disse Spranger à agência de notícias alemã DPA. Ela também desejou aos feridos uma "rápida recuperação".

Em 2020, o aquário passou por uma reforma que, segundo a prefeita de Berlim, custou cerca de 2 milhões de euros.

Ao jornal Bild, Florian Schuran, da empresa construtora de aquários New Wave, disse que acredita na hipótese de uma falha no material.

"O aquário tem 18 anos e várias partes coladas, que são sempre os pontos fracos que podem falhar neste caso", disse. A New Wave não foi a responsável pela construção do Aquadom.  

De acordo com o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Stralau, as baixas temperaturas podem ter contribuído para o rompimento do aquário. A cidade registrava cerca de -7°C no momento do incidente.

Em dezembro de 2012, a vidraça de um tanque de tubarões ao ar livre em um shopping de Xangai, na China, estourou, deixando 16 pessoas feridas. Na época, a causa alegada para o incidente foi uma combinação de diferença de temperatura e material frágil.

O que diz a dona do aquário

Segundo o proprietário do complexo de edifícios que continha o aquário em Berlim, o fundo Union Invest, a espessura da parede do cilindro externo de acrílico era de 22 centímetros na parte inferior e de 18 centímetros na parte superior. A temperatura da água ficava entre 26 e 27 graus. Os especialistas agora precisam verificar se as temperaturas tiveram realmente um papel no caso.

"Após 15 anos de uso, o aquário passou por uma revisão geral há dois anos. As vedações foram renovadas na base e um nível de vedação adicional foi colocado. O cilindro, feito de acrílico, foi reparado e polido em alguns lugares. Houve também trabalhos de manutenção no elevador”, disse Fabian Hellbusch, porta-voz da Union Invest.

Segundo Hellbusch, não havia nenhum sinal de dano. "Ainda estamos no processo de descobrir como essa situação, que é realmente terrível, pode ter acontecido".

Assim como Giffey, ele também mencionou "sorte no infortúnio", considerando a extensão que a tragédia poderia ter tomado se tivesse ocorrido pouco depois.

Manfred Rank, diretor administrativo da Confederação das Associações Alemãs de Aquários, comentou ser necessário esclarecer por que o cilindro estourou. Segundo ele, em um aquário deste tamanho, o ponto fraco costuma ser o silicone, e não o acrílico.

le/bl (DPA, Reuters, Lusa, ots)