Verdes superam partido conservador de Merkel em pesquisa
7 de junho de 2019
Atualmente na oposição, Partido Verde atinge seu auge e lidera pela primeira vez a preferência do eleitorado em pesquisa de opinião. Insatisfação com governo formado por conservadores e social-democratas chega a 72%.
Anúncio
Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (06/06) consolidou o crescimento do Partido Verde na Alemanha. A sigla obteve o recorde de 26% das intenções de voto, um ponto percentual à frente da aliança conservadora da União Democrata Cristã (CDU) – da chanceler federal Angela Merkel – e da legenda irmã União Social Cristã (CSU), segundo sondagem da Infratest.
O resultado da pesquisa Deutschlandtrend apontou um aumento de seis pontos percentuais para os verdes em relação às eleições legislativas para o Parlamento Europeu no mês passado. No pleito europeu, o partido ambientalista ficou em segundo lugar entre os eleitores alemães, com 20,5% dos votos e atrás somente do bloco conservador encabeçado por Merkel.
Em outro resultado significativo para os verdes, os líderes do partido – Robert Habeck e Annalena Baerbock – ficaram em quarto e em sexto lugar, com 36% e 26%, respectivamente, na lista de políticos nacionais preferidos.
Merkel manteve a liderança na preferência do eleitorado alemão, com 53% de apoio, apenas dois pontos percentuais abaixo do resultado obtido na pesquisa Deutschlandtrend de maio.
Por outro lado, Annegret Kramp-Karrenbauer, que em dezembro assumiu a posição de Merkel como líder da CDU, caiu 12 pontos percentuais e somou 24%. A pesquisa perguntou a 1.500 alemães como eles votariam caso houvesse uma eleição no próximo domingo.
O resultado ruim de Kramp-Karrenbauer – popularmente conhecida como AKK – representa sua classificação mais baixa numa sondagem Deutschlandtrend. Apenas 27% dos entrevistados afirmaram que ela seria uma boa chanceler federal alemã.
Populistas à frente dos social-democratas
Nas questões relativas a preferências partidárias, os entrevistados colocaram a legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em terceiro lugar, com 13%, à frente do Partido Social-Democrata (SPD), membro da coalizão do governo Merkel, que somou 12%.
O SPD está em busca de uma nova liderança após a renúncia de Andrea Nahles na semana passada. Os resultados da atual pesquisa são os piores já registrados tanto para os conservadores de Merkel quanto para os social-democratas.
O Partido Liberal Democrático (FDP) se manteve na casa dos 8%, enquanto a legenda A Esquerda caiu para 7% – uma queda de dois pontos percentuais em relação ao mês passado.
Outra sondagem divulgada nesta quinta-feira, dessa vez pelo instituto de pesquisa Forschungsgruppe Wahlen, colocou os conservadores de Merkel com 27% das intenções de voto, seguidos de perto pelos verdes, com 26%.
Insatisfação com o governo Merkel
Em outra pesquisa, a Infratest questionou mil eleitores sobre a satisfação com o governo Merkel: 72% responderam que estavam um pouco ou completamente insatisfeitos com o trabalho da coalizão entre conservadores e social-democratas – um aumento de dez pontos percentuais em relação ao mês passado. Apenas 28% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos.
Uma pesquisa separada da YouGov mostrou que uma maioria de 52% disse querer novas eleições federais. Apenas 27% dos entrevistados defenderam a continuação do governo de coalizão de Merkel.
Uma possível futura coalizão preferida por 25% dos entrevistados seria formada pelos verdes, os social-democratas e A Esquerda. Em seguida, a chamada coalizão Jamaica, entre conservadores, verdes e liberais, veio com 15%, pouco à frente de um cenário de conservadores e verdes, com 14%.
Entre os eleitores do Partido Verde, 54% esperavam que o partido entrasse numa aliança com o SPD e A Esquerda. Apenas 25% dos entrevistados optaram pela aliança com a CDU, nos moldes dos governos estaduais de Hessen e Baden-Württemberg.
A coalizão de governo de Merkel – negociada em meses de disputas após as eleições gerais de 2017 – tem mandato nominalmente até 2021.
Os próximos desafios eleitorais para os conservadores serão em setembro e outubro, quando ocorrem as eleições legislativas em Brandemburgo, Saxônia e Turíngia, três estados do leste da Alemanha, onde a AfD tem obtido resultados significativos em pleitos e pesquisas.
Quanto ganha um deputado federal alemão? E a chanceler Angela Merkel e o presidente Steinmeier? Além do salário, parlamentares e autoridades governamentais alemães têm vários outros benefícios.
Foto: picture alliance/dpa/L.Schulze
Salário da chefe de governo
Além de um salário de 18,7 mil euros, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tem direito como membro do Parlamento à metade da "dieta" de um deputado federal, ou seja, 4,8 mil euros, como também a uma ajuda de custo livre de impostos de 3,3 mil euros e a outros benefícios. No total, sua remuneração chega a cerca de 28,8 mil euros mensais ou quase 345 mil euros (1,55 milhão de reais) anuais.
Foto: Getty Images/AFP/Hoang Dinh Nam
Apartamento funcional
A chefe de governo também tem direito a uma residência completamente equipada. Na Chancelaria Federal (foto), no centro de Berlim, há um apartamento funcional no oitavo andar à sua disposição, mas Angela Merkel preferiu continuar vivendo em sua antiga moradia num prédio de quatro pavimentos onde mora com o esposo em frente à Ilha dos Museus, não muito longe do seu local de trabalho.
Foto: imago/IPON
Aviões governamentais
Um Airbus serve ao transporte aéreo da chanceler Angela Merkel e do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Depois que panes em antigos aviões da frota governamental de 14 aeronaves levaram Merkel a chegar atrasada ao G20 em Buenos Aires no final do ano passado, o governo em Berlim anunciou a compra de três novos A350-900. Planeja-se também uma aeronave reserva sempre à disposição.
Foto: Michael Kappeler/AFP/Getty Images
Stylist, guarda-costas e motorista
Obviamente Angela Merkel tem uma assessora que cuida de seu visual, como também uma chefe de gabinete que trata de sua agenda. Sua proteção é assegurada por uma equipe de 15 a 20 guarda-costas, que trabalham em turnos. O motorista da chefe de governo dirige um Audi A8 blindado. A frota da Chancelaria Federal abrange 20 carros, todos de marcas alemãs: Mercedes, BMW, Audi e Volkswagen.
Foto: Imago
"Dieta" de deputados
Na Alemanha, os 709 parlamentares em Berlim não recebem oficialmente um salário, mas um subsídio também chamado de "dieta". Atualmente, ela corresponde a 9.780 euros, mas é corrigida anualmente em 1° de julho, conforme o aumento do custo de vida. Neste ano, a "dieta" dos deputados federais alemães ultrapassará os 10 mil euros. Esse aumento também afetará as pensões dos parlamentares.
Foto: Getty Images/J. MacDougall
Aposentadoria parlamentar
A cada ano no Bundestag, um deputado alemão tem direito a 2,5% de sua remuneração para sua aposentadoria, ou seja, mais de 251 euros em 2019. A taxa máxima de 67,5%, a ser paga a partir de 67 anos de idade, é alcançada após 27 anos de trabalho parlamentar. Junto a "dieta" e pensão, os parlamentares em Berlim também têm outros benefícios.
Foto: picture alliance/dpa/O. Berg
Ajuda de custo e viagens de trem
Além de sua remuneração, cada parlamentar alemão recebe mensalmente uma quantia de 4.418 euros, livre de impostos e corrigida a cada 1° de janeiro. Ele serve para cobrir os custos incorridos no contexto do mandato político, como acomodação e refeições. Despesas de viagens oficiais são ressarcidas, e cada deputado tem direito a viajar gratuitamente de primeira classe em trens na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Parentes às próprias custas
Os parlamentares também têm direito a atuais 21.536 euros mensais para despesa com funcionários. O dinheiro é pago diretamente aos empregados. Se o parlamentar empregar algum familiar, ele vai ter que pagá-lo do seu próprio bolso. O Parlamento também possui um serviço de motoristas que funciona dentro da cidade de Berlim e que pode ser requisitado pelos deputados caso necessitem.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Ajuda de reinserção
Os deputados também podem exercer atividades paralelas à sua função no Bundestag, como em conselhos de empresas. O ganho proveniente de tais atividades não é descontado de sua remuneração parlamentar. Para cada ano de mandato, o deputado tem direito ainda a uma chamada "ajuda transitória" para sua reinserção na antiga profissão equivalente a 9.541 euros mensais, pagos até 18 meses.
Foto: Imago/Westend61
Remuneração ministerial
Segundo a União dos Contribuintes da Alemanha (BdSt), os ministros alemães ganham pouco mais de 15 mil euros mensais, mais uma ajuda de custo. Há ainda uma quantia anual livre de impostos de cerca de 3,7 mil euros. Aqueles com mandato parlamentar (atualmente 10 de um total de 15 ministros) ainda recebem uma parcela de sua "dieta" que faz elevar seus salários a mais de 20 mil euros.
Foto: picture-alliance/dpa/M.Kappeler
Voos comerciais
Uma decisão tomada este ano em reação às panes com aviões governamentais estipula que, com exceção do ministro do Exterior, do ministro das Finanças e do ministro do Interior, os demais membros do gabinete deverão recorrer a aeronaves comerciais para seus compromissos oficiais no exterior. Mas todos os ministros têm direito a um carro oficial, que também pode servir para uso particular.
Foto: Fotolia/dell
Ajuda e pensão
Já após um dia no cargo, um ministro tem direito a quase 71 mil euros em ajuda transitória pós-mandato, que pode ascender a 213 mil euros dependendo do tempo que ficou na pasta. E quem foi ministro por ao menos dois anos pode esperar aposentadoria, que é de 28% do salário para quatro anos de mandato. A cada ano adicional, a pensão aumenta 2,4 % até um máximo de 11,3 mil euros.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Naupold
"O primeiro homem no Estado"
Na Alemanha, o presidente é o principal cargo estatal, não é à toa que ele é chamado de "o primeiro homem no Estado", mas sua função é, sobretudo, representativa. O chefe de Estado é antes de tudo uma autoridade moral e sua influência vai depender de sua personalidade. Segundo o escritório presidencial, ele recebe um salário de 236 mil euros anuais mais uma ajuda de custo anual de 78 mil euros.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Casa, carro e avião
O presidente alemão vive em residência oficial, que hoje está abrigada na Villa Wurmbach no bairro berlinense de Dahlem após reforma do escritório presidencial no Palácio Bellevue (foto); é guiado em limusine blindada com a placa "0-1" e tem uso privilegiado da frota de aviões governamentais. Os benefícios a que têm direito após deixar o cargo foram, no entanto, revisados após recente polêmica.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Schulze
Cortes de benefícios
A crítica se dirigia em primeira linha ao ex- presidente Christian Wulff (foto), que renunciou em 2012 após somente 20 meses no cargo, recebendo "soldo honorário" de mais de 200 mil euros anuais. Além de cortes no pessoal do escritório dos ex-presidentes, a partir deste ano, a pensão presidencial vai passar a ser descontada de ganhos provenientes de qualquer atividade que exercer após o mandato.