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Verdes: um sim acompanhado de crítica

lk19 de outubro de 2002

Convenção do Partido Verde aprovou, sem grande entusiasmo, acordo de coalizão com o Partido Social-Democrático (SPD), selado no dia 16.

Aprovação do acordo de coalizão foi motivo de contentamento para os líderes do Partido VerdeFoto: AP

O chanceler federal social-democrata Gerhard Schröder falou de um "sinal em prol da estabilidade e de uma perspectiva", referindo-se à aprovação do acordo de coalizão pela convenção do Partido Verde, realizada em Bremen nesta sexta-feira e sábado (18 e 19/10). Apenas alguns dos mais de 700 delegados votaram contra o documento, mas a aprovação não foi, de forma alguma, acompanhada de entusiasmo.

Sombra

— O debate sobre o acordo selado pelos dois partidos na última quarta-feira (16), ponto central da convenção, foi marcado pelo descontentamento da base dos verdes com a concessão de mais dois anos de funcionamento para a operadora da mais antiga usina de energia atômica da Alemanha, situada em Obrigheim, no estado de Baden-Württemberg, e em operação desde 1969.

De acordo com o plano de desativação paulatina das usinas nucleares, elaborado pela coalizão de social-democratas e verdes em sua primeira legislatura, a de Obrigheim já deveria deixar de operar a partir do começo de 2003. Schröder, no entanto, fez mais tarde à operadora a concessão de mais cinco anos de atividade, gerando indignação entre os companheiros de coalizão.

Ao negociarem o acordo para esta segunda legislatura, os líderes do Partido Verde conseguiram finalmente impor um meio-termo de apenas mais dois anos de funcionamento. Um consenso que, se não tivesse sido efetuado, poderia ter levado ao fracasso da coalizão, expôs aos delegados o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer. "Foram as horas mais duras de todas as negociações", confirmou Fritz Kuhn, presidente do partido.

Foi Kuhn também quem formulou uma clara censura ao chanceler federal: "Sobre o acordo de coalizão, paira uma sombra, mas esta sombra foi originada pelo SPD e, principalmente, por Gerhard Schröder — e não pelos verdes".

Crise na liderança

— Na questão da energia atômica, a formulação de uma censura bastou para apaziguar os ânimos da base partidária, mas num ponto fundamental para os verdes ela não se deixou mover e derrotou a liderança. Faltaram 20 votos para os dois terços que seriam necessários para impor uma mudança, por isso continuará tendo validade o parágrafo, contido no estatuto do Partido Verde, que impede a um membro do diretório fazer ao mesmo tempo parte de um parlamento.

Este princípio, estabelecido na fundação do partido em 1979 para evitar emaranhamento entre interesses partidários e o poder, vem sendo questionado de uns anos para cá e já foi debatido em convenções anteriores. A questão adquiriu atualidade após a eleição de 22 de setembro, quando os dois atuais presidentes dos verdes, Claudia Roth e Fritz Kuhn, foram eleitos para o Parlamento federal.

A mudança, rechaçada pela ala da esquerda do partido, liderada por Christian Ströbele, foi protelada mais uma vez. Em conseqüência, Roth e Kuhn não poderão continuar à frente do Partido Verde. Ambos confirmaram que pretendem assumir seus mandatos no Bundestag. Isto significa que os verdes logo vão precisar sair à busca de novos cabeças para o diretório do partido.

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