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Indignação por veto russo e chinês a resolução contra Síria

5 de fevereiro de 2012

Apesar de notícias sobre massacre na Síria com mais de 200 mortos, Conselho de Segurança da ONU não consegue aprovar resolução contra o país, devido a veto de Rússia e China. Lideranças mundiais reagem com indignação.

Conselho de Segurança: sem acordo, apesar notícias de massacreSFoto: dapd

O veto da Rússia e da China à resolução contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU causou indignação no mundo. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou-se profundamente decepcionado com a incapacidade do Conselho para chegar a um acordo.

Outros foram mais explícitos ao criticar o bloqueio à resolução. A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, afirmou que o Conselho está refém da Rússia e da China. Segundo o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, o veto foi principalmente contra o povo da Síria.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, acusou os países-membros de inflexibilidade, acusando-os de não terem dado atenção às reservas de seu país em relação ao esboço. O documento, segundo ele, não “refletiria adequadamente a situação real na Síria”, sendo uma resolução "desequilibrada", que não previa ações contra os grupos armados da oposição ao governo. Seu colega chinês Li Baodong justificou o apoio de seu país ao veto russo, confirmando que as alterações propostas por Moscou haviam sido ignoradas.

Bloqueio, apesar de texto enfraquecido

Embaixador Churkin considerou texto desequilibradoFoto: dapd

O projeto de resolução, apresentado pelos países árabes, foi fortemente enfraquecido devido a reivindicações russas. Entretanto, ambas as potências com direito de veto decidiram bloquear a medida. Após a votação, a Rússia argumentou que o Conselho de Segurança não é "a única ferramenta diplomática do planeta." Segundo Churkin, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, e o chefe do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia, Mikhail Fradkov, chegam na terça-feira a Damasco para se encontrar com o presidente sírio, Bashar al Assad.

Moscou atuou no passado como um mediador entre o regime de Assad e a oposição síria e afirmou dias atrás que Assad estaria disposto a um diálogo. A Rússia é um dos mais importantes fornecedores de armamentos da Síria.

A embaixadora dos EUA, Susan Rice, disse após a votação: "Durante meses, dois membros deste Conselho nos mantêm reféns", acusou. "Esta situação é ainda mais vergonhosa quando se considera que pelo menos um desses membros continua a fornecer armas a Assad".

Líderes árabes criticaram duramente no domingo o bloqueio de Rússia e China. O primeiro-ministro tunisiano, Hamadi Jebali, disse que Moscou e Pequim "abusaram" de seu direito de veto no Conselho de Segurança, e criticou o sistema de vetos da agremiação. "Sem dúvida, a comunidade internacional tem de reconsiderar este mecanismo de tomada de decisões", afirmou Jebali.

Lógica da Guerra Fria

Ban Ki-moon 'decepcionado'Foto: picture-alliance/dpa

O ministro do Exterior da Turquia, Ahmet Davutoglu, observou que a "lógica da Guerra Fria" prevaleceu no Conselho de Segurança, e que a Rússia e a China "não votaram em realidades existentes". O ministro do Exterior do Egito, Mohamed Amr, adiantou que a Liga Árabe se reunirá na segunda-feira no Cairo para avaliar a situação, após a votação do Conselho de Segurança. "O derramamento de sangue tem que parar. Esta é uma tragédia que não pode ser autorizada a continuar em nosso meio", criticou.

A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, lamentou “profundamente” o veto. Para o embaixador francês na ONU, Gérard Araud, este é um dia triste para o Conselho, para os sírios e para todos os amigos da democracia. O embaixador britânico Mark Lyall Grant se declarou "horrorizado" com o duplo veto.

Protestos contra Assad: regime conta com apoio russoFoto: AP

Enquanto isso, ativistas de direitos humanos relataram o pior derramamento de sangue na Síria desde o início dos protestos contra o regime, há 11 meses. Forças de segurança sírias mataram mais de 200 pessoas em Homs, segundo eles. O regime sírio negou um ataque sobre a cidade, alegando que se tratava de propaganda da oposição. Analistas suspeitam que Assad estava tão certo do apoio da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que o regime se permitiu atacar a população no mesmo dia da votação na ONU.

Segundo as estimativas da ONU até dezembro mais de 5.400 pessoas já haviam morrido nos protestos contra Assad. Entretanto, a situação caótica impossibilita uma atualização desses números.

Em todo o mundo, sete embaixadas sírias foram atacadas por manifestantes. Em Canberra, cerca de 50 pessoas devastaram a representação síria na Austrália. Antes, manifestantes invadiram seis embaixadas sírias em países árabes e da Europa: Berlim, Londres, Atenas, Cairo, Kuwait e Trípoli.

MD/dadp/afp
Revisão: Augusto Valente

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