Viajar para Marte poderá causar problemas renais graves
30 de junho de 2024
Voos espaciais alteram a estrutura e a função dos rins, apontam especialistas. Radiação galáctica também causa danos. Missão ao planeta vermelho pode acabar em diálise.
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Para o magnata Elon Musk ou para a agência espacial americana Nasa, chegar a Marte não é apenas possível, mas um objetivo. A Nasa estima que os humanos poderão chegar ao planeta vermelho em 2040, enquanto o dono da SpaceX projeta o evento já para 2029.
Mas a coisa não é tão fácil assim: na maior análise sobre a saúde renal dos astronautas até agora, um grupo de pesquisadores constata que uma viagem de ida e volta a Marte poderia colocar os viajantes espaciais em diálise. Os detalhes foram publicados pela revista Nature.
Efeitos da radiação sobre astronautas
Os autores lembram que a exposição à radiação espacial, por exemplo, dos ventos solares ou da radiação cósmica galática (GCR, na sigla em inglês), gera problemas de saúde, como perda de massa óssea, enfraquecimento do coração e da visão e desenvolvimento de cálculos renais.
"Sabemos o que aconteceu com os astronautas em missões espaciais relativamente curtas até agora, em termos de aumento de problemas de saúde, como pedras nos rins", disse o autor principal Keith Siew, do Tubular Centre, em Londres, num comunicado do University College London. "O que não sabemos é por que esses problemas ocorrem e o que acontecerá com os astronautas em voos mais longos, como a missão proposta para Marte."
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Testes de radiação em ratos
Para saber quanto a GCR afeta os rins dos astronautas, os pesquisadores expuseram ratos a doses simuladas de radiação equivalentes às que um viajante espacial receberia em uma missão a Marte, com duração de 1,5 e 2,5 anos.
Os cientistas observaram que os rins dos animais mostram sinais de contração após menos de um mês no espaço. Embora eles suspeitem que isso possa ser causado pela microgravidade, é necessário seguir pesquisando sobre o impacto conjunto da GCR.
Astronautas em diálise
Num cenário mais alarmante, qualquer astronauta que viajar a Marte e voltar dentro de três anos e for exposto à GCR poderá sofrer danos permanentes ou perda da função renal.
"Se não desenvolvermos novas maneiras de proteger os rins, eu diria que, mesmo que um astronauta consiga chegar a Marte, ele poderá precisar de diálise no caminho de volta", adverte Siew.
"Sabemos que leva tempo para os rins mostrarem sinais de danos causados pela radiação. Quando isso se torna aparente, provavelmente é tarde demais para evitar falhas renais, o que seria catastrófico para as chances de sucesso da missão."
Possíveis medicamentos para evitar problemas?
O coautor Stephen Walsh levanta a possibilidade de que um medicamento possa proteger os rins dos astronautas no futuro: "Não é possível proteger os rins da radiação galática com um escudo, mas, à medida que aprendemos mais sobre a biologia dos rins, pode ser possível desenvolver medidas tecnológicas ou farmacêuticas para facilitar viagens espaciais prolongadas."
"Quaisquer medicamentos desenvolvidos para astronautas também podem ser benéficos aqui na Terra, por exemplo, permitindo que os rins de pacientes com câncer tolerem doses mais altas de radioterapia, pois os rins são um dos fatores limitantes nesse sentido", conclui.
ip/av (ots)
Imagens do telescópio espacial James Webb
O telescópio espacial James Webb está em atividade desde julho de 2022. As imagens produzidas pelo equipamento continuam maravilhando o mundo, ao mesmo tempo que ajudam a compreender melhor nosso universo.
Foto: NASA, ESA, CSA, K. Lawson (GSFC), J. Schlieder (GSFC), A. Pagan (STScI)
Discos de poeira de uma estrela anã vermelha
Um disco de poeira cósmica envolve a estrela anã vermelha AU Mic (marcada em branco), a 32 anos-luz da Terra. Os discos são continuamente abastecidos por colisões de aglomerados de poeira. As duas imagens foram tiradas usando diferentes comprimentos de onda. Na imagem azul, o disco parece ser mais curto, sugerindo que o material particulado espalha luz azul de comprimento de onda mais curto.
Foto: NASA, ESA, CSA, K. Lawson (GSFC), J. Schlieder (GSFC), A. Pagan (STScI)
Webb revela estrelas recém-nascidas antes encobertas
Os astrônomos se aprofundaram nos dados desta imagem infravermelha próxima da região de formação de estrelas na constelação de Carina, conhecida como Penhascos Cósmicos. A câmera infravermelha do Webb atravessou nuvens de poeira, permitindo aos astrônomos descobrir sinais de dezenas de estrelas infantis.
Foto: NASA, ESA, CSA AND STSCI
Reciclagem de hidrogênio no Quinteto de Stephan
Os astrônomos descobriram um centro de reciclagem de hidrogênio no Quinteto de Stephan, a 270 milhões de anos-luz. À esquerda, uma nuvem gigante de hidrogênio frio (verde) é esticada em uma cauda quente de hidrogênio. No centro, uma colisão de alta velocidade alimenta gás quente em nuvens de gás frio. À direita, o gás hidrogênio entrou em colapso, gerando o que pode ser uma pequena galáxia anã.
Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/JWST/ P. Appleton (Caltech), B.Saxton (NRAO/AUI/NSF)
Exoplaneta sem atmosfera
O exoplaneta LHS 475 b tem quase o mesmo tamanho da Terra. O espectógrafo de infravermelho do telescópio Webb revelou que o planeta não tem atmosfera. Os pontos brancos apontam o padrão de um planeta sem atmosfera (linha amarela). Se o planeta tivesse uma atmosfera de dióxido de carbono puro, os pontos seguiriam a linha roxa, se tivesse uma atmosfera de metano puro, seguiriam a linha verde.
Foto: ILLUSTRATION: NASA, ESA, CSA, Leah Hustak (STScI)/SCIENCE: Kevin B. Stevenson (APL), Jacob A. Lustig-Yaeger (APL), Erin M. May (APL), Guangwei Fu (JHU), Sarah E. Moran (University of Arizona)
Webb captura galáxia com muito mais detalhes do que Hubble
Estas duas imagens mostram a mesma galáxia, EGS 23205, de cerca de 11 bilhões de anos. Na imagem à esquerda, o telescópio espacial Hubble capturou uma imagem difusa da galáxia. Mas a imagem do James Webb, à direita, revela uma galáxia espiral com uma clara barra estelar.
Foto: NASA/CEERS/University of Texas at Austin
Antigas galáxias "ervilhas verdes"
As três galáxias marcadas aqui são "ervilhas verdes", pequenas galáxias raras. Essas imagens mostram as galáxias como elas eram quando o universo estava em seu primeiro bilhão de anos de sua idade atual, de 13,8 bilhões de anos.
Foto: NASA, ESA, CSA, and STScI
Formação de estrelas
O aglomerado de estrelas NGC 346 encontra-se na Pequena Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima à Via Láctea. É um lugar onde estrelas e planetas são formados em nuvens repletas de poeira e hidrogênio. As plumas mais cor-de-rosa são hidrogênio energizado com uma temperatura de 10.000 ºC, enquanto a área mais laranja representa hidrogênio mais denso e mais frio, de cerca de -200 ºC.
Foto: NASA, ESA, CSA, M. Meixner, G. DeMarchi, O. Jones, L. Lenkic, L. Chu, A. Pagan (STScI)