Vice-campeonato e discórdia
29 de dezembro de 2008"Tragam o caneco", pedia uma música que embalava a seleção alemã durante os jogos da Euro 2008. Mas quem acabou erguendo o "caneco" na Áustria foi o capitão espanhol, Iker Casillas.
A final do principal torneio de seleções da Europa foi em 29 de junho, e a festa espanhola tomou conta do estádio Ernst Happel, em Viena. A Espanha comemorou o título após a vitória de 1 a 0 sobre a Alemanha.
Decepções e superação
Um título justo: enquanto os espanhóis brilharam em campo com um futebol ofensivo, as apresentações da equipe alemã no torneio foram apenas medianas. Depois da aclamada vitória por 2 a 0 sobre a Polônia, na estréia, veio a desilusão em Klagenfurt.
A Croácia derrotou a seleção alemã por 2 a 1, obrigando os alemães a vencer seu próximo jogo – contra a anfitriã Áustria – para seguir adiante no torneio. Os austríacos esperavam uma repetição do duelo da Copa 1978, em Córdoba, quando venceram os alemães por 3 a 2.
De fato, a seleção alemã penou para vencer a rival em Viena e garantir a vaga nas quartas-de-final. O gol salvador foi marcado pelo capitão Michael Ballack. "Foi um belo chute de longa distância, é claro que a gente se emociona quando acerta um chute assim. E foi um gol muito importante para nós", declarou o jogador à época.
Portugueses e turcos
Na condição de segunda colocada do grupo, a Alemanha chegou às quartas-de-final de uma Eurocopa pela primeira vez desde 1996. E a equipe treinada por Joachim Löw eliminou Portugal com uma vitória por 3 a 2. Destaque da partida foi Bastian Schweinsteiger.
"Foi sensacional, eliminamos a melhor equipe do torneio. Pressionamos o adversário o tempo todo e estamos muito felizes", disse Schweinsteiger.
A semifinal foi contra a Turquia, que chegou à decisão revertendo o resultado de três partidas tidas como perdidas. Com inúmeros desfalques, os turcos eram considerados azarões, mas os alemães entraram em campo negando o favoritismo.
"Vamos jogar para ganhar. Quem é favorito – se nós ou os turcos – ou quem está desfalcado, isso não interessa", afirmou o atacante Lukas Podolski.
E os turcos confirmaram sua fama de guerreiros e conseguiram um empate pouco antes do final da partida. Mas os alemães também não se entregaram, e Philipp Lahm fez o gol da vitória na prorrogação, fechando o placar em 3 a 2.
Final com sabor amargo
A final foi contra a Espanha, em Viena. O gol da vitória saiu aos 33min do primeiro tempo, marcado por Fernando Torres. O resultado poderia ter sido mais amplo se o goleiro Jens Lehmann não tivesse feito várias defesas na sua última partida na seleção.
"O gol nos desestruturou. E temos de reconhecer que não conseguimos criar muitas chances que pudessem ameaçar seriamente os espanhóis", avaliou o zagueiro Christoph Metzelder.
Com a vitória, os espanhóis conquistaram sua segunda Eurocopa e o primeiro título de renome em 44 anos. E o técnico Luis Aragonés, de 70 anos, entrou para a história como o treinador mais velho a vencer uma Eurocopa.
"Se analisarmos o nível das seleções, a nossa equipe chegou longe, ainda que alguns jogos não tenham sido tão bons. Mas se conseguimos chegar à final com os adversários que havia, como Itália, Holanda e Espanha, então podemos ficar orgulhosos", disse Ballack.
Críticas dos jogadores
A fase pós-Euro da seleção alemã foi marcada principalmente pelas desavenças entre alguns jogadores e o técnico Joachim Löw. O primeiro problema foi criado pelo atacante Kevin Kurany, que em outubro deixou o estádio de Dortmund, onde jogavam Alemanha e Rússia. Por não ter sido relacionado para a partida. Kuranyi acabou expulso da seleção.
"Pedi desculpas por isso", disse mais tarde Kuranyi. "O que eu fiz foi errado e sei disso." O pedido de desculpas não bastou para que o técnico voltasse atrás na sua decisão. Perto da expulsão estiveram também Ballack e Torsten Frings, que criticaram publicamente o comportamento de Löw com alguns jogadores.
"Nenhum jogador – nem mesmo o capitão – tem o direito de criticar decisões do técnico ou de criar clima", afirmou Löw, que chamou os dois jogadores para conversas particulares.
Löw: balanço positivo
Controvérsias a parte, a seleção está encaminhando sua classificação para a Copa 2010, na África do Sul. A equipe lidera o seu grupo, à frente de Rússia e País de Gales. A lamentar apenas o jogo de despedida do ano, quando a seleção alemã foi derrotada – em Berlim – pela Inglaterra por 2 a 1.
Na avaliação de Löw, foi um ano positivo. "Vencemos todos os jogos no primeiro semestre. Somos vice-campeões europeus. Estamos bem nas Eliminatórias da Copa. Alguns jovens jogadores se afirmaram. E, em todo o ano, acumulamos 11 vitórias. Isso tudo fala a nosso favor."