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Vice-ministro do Petróleo da Síria adere a movimento rebelde

8 de março de 2012

Após 33 anos no governo sírio, Abdo Hussameddine anunciou não querer mais servir ao "regime criminoso" comandado por Bashar al-Assad. Enviado especial da ONU, Kofi Annan, descarta intervenção militar.

Foto: dapd

O presidente sírio Bashar al-Assad sofreu uma considerável baixa em seus quadros de apoiadores nesta quinta-feira (08/03), quando o vice-ministro do Petróleo, Abdo Hussameddine, anunciou ter aderido ao movimento de oposição. Num vídeo de quatro minutos postado no site YouTube, ele diz não querer mais servir ao "regime criminoso" comandado por Assad

Hussamaddine é, até agora, o representante de cargo mais elevado a deixar o governo e o partido oficial Baath. Aos 57 anos de idade – 33 deles servindo ao governo sírio – o vice-ministro disse integrar a partir de agora a "revolução das pessoas que rejeitam injustiças e a campanha brutal do regime de Assad, que tem procurado massacrar as demandas populares por liberdade e dignidade".

Vestindo terno e gravata, Hussamedine aparece no vídeo advertindo seus colegas a abandonarem o quanto antes "o barco afundando". E ainda acusou a Rússia e a China, países que vêm apoiando o regime Assad, de serem cúmplices nas mortes da população síria.

"Estou seguindo o caminho certo consciente de que este regime vai incendiar a minha casa, perseguir minha família e que serão fabricadas mentiras contra mim", afirmou Hussamedine, ressaltando que o filme fora gravado na quarta-feira e que agora ele iria se esconder. O vídeo foi postado por ativistas.

O líder da oposição síria, Burhan Ghalioun, parabenizou o vice-ministro pela decisão e conclamou outros membros do governo e servidores públicos a fazerem o mesmo. "Espero que outros integrantes do governo e políticos passem a nos seguir", afirmou.O governo sírio não se pronunciou sobre a deserção de Abdo Husameddine.

Amos constata que Homs está completamente destruídaFoto: AP

Intervenção militar

Segundo o chefe do gabinete militar dos EUA, Martin Dempsey, o presidente norte-americano, Barack Obama, já considera opções militares para a Síria. Entre essas opções – que ainda não teriam sido detalhadas com Obama, segundo Dempsey – estariam missões humanitárias, vigilância dos acessos marítimos, bloqueios aéreos e ataques aéreos limitados.

O enviado especial das Nações Unidas à Síria, Kofi Annan, afirmou nesta quinta-feira, porém, que um maior uso de força armada no país poderia piorar ainda mais a situação, rejeitando, a priori, uma intervenção estrangeira no país.

As declarações de Annan foram dadas após conversa com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Araby, que já afirmou não concordar que se repita na Síria a mesma situação da Líbia no ano passado, onde intervenções militares da Otan acabaram derrubando o então líder líbio Muammar Kadafi.

"Espero que ninguém esteja pensando seriamente em usar a força neste caso. Acredito que uma maior militarização vai piorar a situação", disse Annan, que viaja à Síria no próximo sábado. Do Cairo, o ex-secretário-geral da ONU disse esperar que a oposição síria trabalhe junto com as Nações Unidas na busca por uma solução que atenda aos anseios da população.

Violência continua

Matança continua em Homs, segundo ativistasFoto: picture-alliance/dpa

Ativistas afirmam que um novo massacre foi registrado na cidade de Homs, grande centro de resistência da oposição. Pelo menos 42 pessoas teriam sido assassinadas nesta quarta-feira no distrito de Baba Amr.

Entre os mortos estariam seis famílias inteiras. Elas teriam sido simplesmente eliminadas por integrantes das famílias pertencerem ao movimento de oposição ou por terem se recusado a dar declarações falsas sobre os rebeldes ao canal estatal de televisão.

"A devastação por lá é significativa. Parte de Homs está completamente destruída e estou interessada em saber o que aconteceu com as pessoas que moram nesta área", afirmou a chefe dos trabalhos humanitários da ONU, Valerie Amos, à Reuters TV ao deixar um encontro com ministros em Damasco.

Amos é a primeira representante internacional de peso a visitar Baba Amr após o início dos ataques das tropas leais ao governo contra a oposição. Inicialmente a Síria havia proibido o acesso da representante em Amos, mas acabou voltando atrás depois que os aliados Rússia e China também repreenderam a proibição.

As forças rebeldes fugiram do distrito há uma semana, após quase um mês de confronto com as tropas sírias.

MSB/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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