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Revista francesa provoca polêmica com vida de Maomé em quadrinhos

2 de janeiro de 2013

Cerca de três meses após lançar caricaturas do profeta, revista francesa volta às manchetes com biografia em HQ. "Totalmente halal", assegura editor. "Uma provocação", aponta assessor de premiê da Turquia.

Foto: picture-alliance/dpa

O semanário satírico francês Charlie Hebdo ameaça novamente provocar polêmica internacional com o lançamento de uma história em quadrinhos sobre a vida do profeta islâmico Maomé. A edição especial foi publicada nesta quarta-feira (02/01). Em setembro último, a revista suscitara protestos com sua série de caricaturas bastante grosseiras de Maomé. Para os muçulmanos mais ortodoxos, a representação do profeta em imagem, em si, já representa uma transgressão.

O editor e desenhista do semanário, Stéphane Charbonnier antecipara que a HQ seria "totalmente halal" – referindo-se aos preceitos de pureza, também alimentar da lei islâmica. O caricaturista, de pseudônimo "Charb", acrescentou, contudo: "Se as pessoas quiserem ficar chocadas, elas vão ficar".

Editor Stéphane "Charb" CharbonnierFoto: picture-alliance/dpa

Em si, não há nada de chocante na publicação, garantiu. O homenzinho amarelo característico de Charb conta a vida de Maomé: a situação de seus pais, Abdula e Amina; seu local de nascença, Meca; o futuro profeta como recém-nascido, criança, adolescente; viagens, guerras santas. No prefácio, a coautora Zineb assegura: trata-se de "um livro muito sério", baseado em fontes islâmicas.

Anunciada como "primeira edição" e com a promessa de uma continuação, a revista de 64 páginas termina com o encontro entre Maomé e o arcanjo Gabriel. Ela está sendo vendida nas bancas da França por seis euros. Segundo a editora, foram impressos 80 mil exemplares – 10 mil acima da tiragem normal do Charlie Hebdo.

Equipe da revista faz passeata em causa própria, em setembro de 2012Foto: AFP/Getty Images

Humor com consequências

Como primeira reação à publicação, a porta-voz do governo francês Najat Vallaud-Belkacem referiu-se à liberdade de expressão vigente no país. No entanto, falando à emissora France 2, ressalvou: "Não é preciso colocar lenha na fogueira". A França necessita de um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o respeito pela ordem pública, concluiu a porta-voz.

Ibrahim Kalin, assessor político do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, escreveu em sua página no Twitter: "O diretor do Charlie Hebdo afirma que a história em quadrinhos não é ofensiva para os muçulmanos. Transformar a vida do profeta do Islã em personagem de HQ, em si, é errado". "Independente do que pensem as pessoas do Charlie Hebdo, trata-se de uma provocação. Eu aconselho os muçulmanos a ignorá-la", completou Kalin.

Após a publicação das caricaturas na revista, três meses atrás, diversos órgãos públicos franceses no exterior tiveram que fechar suas portas temporariamente por motivos de segurança. Pouco antes, a divulgação de um filme produzido nos Estados Unidos satirizando Maomé provocara violentos protestos de muçulmanos contra o mundo ocidental, com diversas vítimas fatais. Em 2006, mais de 150 pessoas morreram nos protestos provocados pela divulgação de caricaturas do profeta num jornal dinamarquês.

AV/dpa/afp/dapd
Revisão: Francis França

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