Vilarejo suíço esclarece quem pode receber 25 mil francos
Rahel Klein rk
28 de novembro de 2017
Vinte e cinco mil francos para morar num vilarejo na Suíça? Repercussão internacional da oferta assusta autoridades de Albinen, que esclarecem que ela nem sequer foi aprovada e – mais importante – não é para todo mundo.
A pequena Albinen tem apenas 241 habitantes e quer oferecer ajuda financeira para atrair novos moradoresFoto: picture-alliance/Keystone/J.-C. Bott
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Para impedir o encolhimento do vilarejo, a pequena comuna suíça de Albinen decidiu incentivar a chegada de novos moradores pagando 25 mil francos suíços (cerca de R$ 82 mil) para solteiros e 50 mil francos suíços (R$ 163 mil) para casais que queiram comprar ou construir uma casa na localidade. A iniciativa, que será analisada na câmara municipal nesta quinta-feira (30/11), também prevê o pagamento de 10 mil francos suíços (R$ 33 mil) por criança – já nascida ou nascida dez anos a partir da data da compra ou construção de um imóvel na cidade.
Poucos dias antes da votação, a ideia surgida em agosto causou grande repercussão na imprensa internacional. "Esta maravilhosa vila suíça paga 53 mil libras esterlinas para quem quiser se mudar para lá", escreveu, por exemplo, o tabloide britânico The Sun.
Milhares de pessoas de todo o mundo se identificaram com o anúncio e encheram as autoridades da comuna de perguntas. "Se contarmos todos os contatos telefônicos e por escrito – via e-mail, SMS, WhatsApp, Facebook e pelo nosso site, somaríamos cerca de três mil contatos de todos os continentes e de dezenas de países", explicou o prefeito da Albinen, Beat Jost.
Susto e desconfiança
A reação não foi bem recebida pelos moradores da cidade. "A imprensa encurtou, simplificou e deturpou totalmente o nosso projeto sério", afirma Jost, que também é jornalista. "Assim, enganaram as pessoas ao redor do globo que talvez estejam desesperadas atrás de novas perspectivas." Os representantes da comuna ficaram inseguros e atendem aos jornalistas que contatam a localidade de 241 habitantes de forma cautelosa.
As autoridades resolveram esclarecer o projeto no site da comuna: a iniciativa ainda não passou pela câmara municipal e, depois do hype, não se sabe se os moradores ainda vão querer votar "sim". Além disso, o dinheiro prometido só é disponibilizado se condições severas forem cumpridas. Por isso, os interessados devem ler as letras miúdas do contrato.
Quem pode ser selecionado
Quem quiser obter o apoio financeiro não pode ter mais de 45 anos. Além disso, os selecionados precisam se comprometer a viver em Albinen por pelo menos dez anos – do contrário, o dinheiro tem que ser devolvido.
E, o mais importante: para receber o benefício, é preciso antes investir pelo menos 200 mil francos suíços (cerca de R$ 650 mil) na compra ou construção de um imóvel em Albinen. E, para isso, é necessário apresentar um comprovante de financiamento.
Os futuros "albinenses" também precisam ter a autorização de residência suíça da categoria C. Ou seja: não se trata de simplesmente se mudar para Albinen e embolsar o dinheiro.
"A Câmara Municipal parte do princípio de que, se o regulamento for aprovado, no máximo entre cinco e dez famílias reivindicarão o benefício nos próximos cinco anos – no melhor dos casos", diz o site da comuna. E, segundo as autoridades, mesmo um número baixo como esse já será um grande êxito num vilarejo que luta contra a extinção – apenas 25 dos moradores têm menos de 25 anos. A localidade luta contra o êxodo dos jovens e teve de fechar a escola municipal porque não tem crianças suficientes em idade escolar.
Dos cerca de três mil interessados que contataram a localidade, quase nenhum cumpre as condições necessárias para se mudar para Albinen. "Infelizmente, temos que dizer a 99% deles que serão descartados de antemão por não corresponderem às expectativas do que podemos e queremos fazer na pequena Albinen", afirma o prefeito.
Para grande parte dos interessados, o sonho de uma casa própria subsidiada com dinheiro público num paraíso idílico dos Alpes suíços continuará sendo apenas isso – um sonho.
Os 10 melhores países – e um campeão de aventura
Ranking anual da revista "US News" traz novidades: Suíça desbanca Alemanha como melhor entre 80 países, EUA caem três posições. Critérios incluem cidadania, clima de negócios e qualidade de vida. Brasil fica em 28º.
Foto: picture-alliance/AP
#1 Suíça
Não incluída no ano anterior, a república alpina tomou o posto da Alemanha no topo do ranking anual da revista americana US News. Entre os 65 critérios considerados, a Suíça brilhou sobretudo em cidadania, abertura para negócios e empreendedorismo. Sumário dos participantes da sondagem: um santuário para a razão tranquila.
PIB US$ 701 bilhões, US$ 58.647 per capita
Foto: Getty Images/M. Hewitt
#2 Canadá
A potência norte-americana se destaca como campeã absoluta em qualidade de vida. Tendo o setor de serviços como principal motor econômico, o Canadá é uma sociedade industrial de alta tecnologia. Por outro lado, é tecnicamente uma monarquia constitucional, com Elizabeth 2ª como chefe de Estado e seguindo o modelo britânico de democracia parlamentar.
PIB US$ 1,8 trilhão, US$ 45.602 per capita
Foto: picture-alliance/dpa/O. Maksymenko
#3 Reino Unido
Os britânicos se mantiveram firmes na 3ª posição da lista de "melhores países" da US News, apesar de toda a ansiedade desencadeada pela iminência do Brexit, sua saída da União Europeia. Ainda graças à influência histórica do Império Britânico, o país tem poder, empreendedorismo e influência cultural como pontos fortes.
PIB US$ 3 trilhões, US$ 41.499 per capita
Foto: picture-alliance/Photoshot
#4 Alemanha
Segundo a pesquisa realizada com 21 mil pessoas de 36 países, atualmente os alemães são os campeões em empreendedorismo, tendo poder como outro quesito forte. Ainda assim, com uma nota total de 9,5, o país mais populoso da Europa caiu do 1º lugar no ano anterior para o 4º, no ranking "Best Countries" de 2017.
PIB US$ 3,9 trilhões, US$ 46.974 per capita
Foto: picture-alliance/dpa/K. Kleist-Heinrich
#5 Japão
Cotado como nação mais alfabetizada e tecnologicamente avançada, o Japão subiu do 7º para o 5º lugar em 2017. Seu forte é a categoria "movers", ou o que torna um país destacado, diferente, único e dinâmico. Apesar de ter a maior parte de seu território coberta por montanhas, os 127 milhões de japoneses cultivam um estilo de vida basicamente urbano.
PIB US$ 4,6 trilhões, US$ 38.142 per capita
Foto: Imago
#6 Suécia
Os suecos contam como o povo mais generoso, doando anualmente cerca de 1% de seu PIB para programas humanitários. Seu modelo social é semelhante ao de outros países nórdicos: fortemente capitalista, com a maior parte dos gastos indo para os serviços públicos. Segundo a US News, a Suécia é segundo lugar mundial em cidadania e qualidade de vida.
PIB US$ 571,1 bilhões, US$ 48.199 per capita
Foto: Getty Images/AFP/J. Nackstrand
#7 Estados Unidos
Os EUA de Donald Trump caíram três colocações em relação a 2016. Número um do mundo em termos de "poder", a potência empalideceu em "abertura para negócios" e "aventura", que inclui as subcategorias "divertido", "cênico", "simpático", "clima agradável" e "sexy" (aqui, os americanos não obtiveram mais do que 0,6 de 10 pontos).
PIB US$ 17,4 trilhões, US$ 56.084 per capita
Foto: picture-alliance/dpa
#8 Austrália
Assim como seu importante parceiro econômico e vizinho no Pacífico, o Japão, a Comunidade da Austrália galgou duas colocações em relação ao ano anterior, na listagem da US News. A antiga colônia britânica se destaca por alta qualidade de vida, cidadania e aventura – categoria em que é cotada como altamente simpática.
PIB US$ 1,5 trilhão, US$ 47.644 per capita
Foto: Fotolia/kraskoff
#9 França
Segundo os participantes da enquente da US News, a França está entre as nações de maior influência cultural do planeta, sendo também forte em "herança" e "poder". Sua economia ainda conta entre as mais potentes, numa boa combinação de empreendedorismo priivado e envolvimentoo governamental, e tendo o turismo como principal motor.
PIB US$ 2,8 trilhões, US$ 41.476 per capita
Foto: picture-alliance/PIXSELL/G. Stanzl
#10 Noruega
Assim como a campeã Suíça, o Reino da Noruega não fora incluído na sondagem da revista americana em 2016. Em meio à luta para integrar refugiados e minorias étnicas, o país escandinavo é o primeiro do mundo em cidadania e impressiona pela alta qualidade de vida. Os noruegueses ostentam uma das maiores taxas de livros publicados por habitante.
PIB US$ 499,8 bilhões, US$ 68.592 per capita
Foto: picture alliance/Bildagentur-online
Brasil: sexy, simpático, divertido
Embora apenas 28º lugar entre os melhores países, a potência sul-americana conquistou uma distinção especial: primeira em termos de "aventura", que inclui as subcategorias "cênica", "simpática", "clima agradável", "divertida" e "sexy". Nestas duas últimas, o Brasil obteve 10 pontos completos.
Entre os demais 52 países considerados pela US News, os últimos lugares couberam à Argélia, Irã e Sérvia.