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EsporteGlobal

Vini Jr. vai liderar grupo antirracismo da Fifa

16 de junho de 2023

Jogador brasileiro do Real Madrid foi vítima de racismo ao menos dez vezes e motivou onda de protestos pelo mundo. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que é necessário "punições mais duras".

Vini Jr. em campo, com a camisa do Real Madrid
Vini Jr. se tornou um símbolo da luta contra o racismo no futebolFoto: Cebolla/Senis/ALFAQUI/ABACAPRESS/picture alliance/dpa

Alvo de ataques racistas recorrentes no Campeonato Espanhol, o atacante brasileiro Vini Jr., do Real Madrid, vai liderar um comitê especial antirracismo criado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), informou a entidade nesta quinta-feira (15/06).

O convite a Vini Jr. foi confirmado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante visita à concentração da seleção brasileira em Barcelona, na Espanha, onde a equipe vai enfrentar a Guiné em um amistoso no próximo sábado.

"Pedi a Vinícius que liderasse esse grupo de jogadores que apresentará punições mais rigorosas contra o racismo, que mais tarde serão implementadas por todas as autoridades do futebol em todo o mundo", afirmou Infantino, após se encontrar com Vini Jr., membros da seleção e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.

"Precisamos ouvir os jogadores e o que eles precisam para trabalhar em um ambiente mais seguro. Estamos levando isso muito a sério", destacou Infantino. "Precisamos de punições mais duras. Não podemos tolerar mais racismo no futebol. Como presidente da Fifa, sinto que precisava conversar pessoalmente com Vinícius sobre o assunto", acrescentou.

Jogos devem ser interrompidos em caso de racismo

Infantino foi enfático quanto à responsabilidade dos árbitros de interromper partidas em caso de manifestações racistas.

"Se houver racismo, não há futebol. Portanto, vamos parar os jogos. Os árbitros têm essa prerrogativa nas competições da Fifa", disse, acrescentando que espera medidas neste sentido em "todos os níveis, também em escala nacional". 

Para Ednaldo Rodrigues, o engajamento da Fifa à luta antirracista no futebol é um endosso às iniciativas tomadas pela CBF no combate à discriminação racial no país.

"Somos a primeira federação do mundo a estabelecer perda de pontos como punição para essas situações no Regulamento Geral das Competições. E temos que ir além. No Brasil, semanas atrás, um torcedor foi identificado após ofensas racistas e acabou preso. Racismo é crime, não pode haver tolerância com crimes. Esperamos que a sociedade como um todo abrace essa causa", defendeu o presidente da CBF.

"A Fifa está junto com a Confederação Brasileira de Futebol e com todos os jogadores nessa luta. É importante introduzir sanções esportivas e parabenizo a CBF por já ter feito isso", disse Infantino.

Vini Jr.: símbolo contra o racismo

No dia 21 de maio, Vini Jr., foi alvo de ataques racistas pela décima vez no Campeonato Espanhol, organizado pela LaLiga. Os insultos foram proferidos por torcedores na derrota fora de casa do Real Madrid para o Valencia, por 2 a 1.

Os ataques recorrentes a Vini Jr. desencadearam manifestações de apoio ao jogador em todo mundo e transpuseram a barreira do futebol, tornando-se um debate político entre Brasil e Espanha. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade ao jogador e cobrou que autoridades esportivas tomem medidas sérias para combater a discriminação racial no futebol.

O governo brasileiro emitiu uma nota conjunta de cinco ministérios em repúdio ao racismo contra o brasileiro na Espanha. Os Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial, das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos e da Cidadania assinam o texto.

DW Revista: O caso Vini Jr. e o racismo na Europa

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Entre inúmeras iniciativas, no começo dessa semana, a CBF e a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) lançaram a campanha "Uma só pele", contra o racismo.  

No amistoso de sábado, pela primeira vez em 109 anos de história, a seleção brasileira masculina de futebol entrará em campo com o uniforme totalmente preto, em mais uma ação organizada pela entidade para combater o racismo.

No sábado, a cantora Anitta vestiu uma camisa em homenagem a Vini Jr. durante sua apresentação na final da Champions League.

Nesta quinta, Vini Jr. concedeu uma coletiva de imprensa, na qual agradeceu todo o apoio que tem recebido.

"Quero seguir [em frente] por todos os jovens que sofrem e não têm a voz que tenho. Um dia dei uma entrevista falando que queria que todos os brasileiros torcessem por mim, e acho que estou cada vez mais perto disso", declarou o atacante.

"Vejo todos na internet me dando muito apoio, me acompanhando, me desejando sorte, não só no futebol, mas também fora dele. E pessoas de outros meios que antes não me acompanhavam e agora começaram a me acompanhar. Fico feliz com isso e cada vez mais seguirei firme por aqueles que não têm oportunidade de lutar", destacou.

le (Agência Brasil, EFE, ots)

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