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Presidente ferido

3 de junho de 2011

Oposição não admite autoria dos ataques à mesquita do palácio presidencial. Aumentam os enfrentamentos nas ruas entre agentes do governo e manifestantes.

Ali Abdullah Saleh resistiu ao ataque ao palácio presidencialFoto: picture-alliance/dpa

O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, foi ferido em um ataque contra seu palácio na capital Sanaa, nesta sexta-feira (03/06). O presidente irá se recuperar, disse o vice-ministro da Informação Abdu al-Dshanadi. Uma emissora de televisão da oposição havia divulgado inicialmente que Saleh estava morto.

O governo iemenita responsabiliza correligionários de xeque Sadiq al-Ahmar pelo bombardeio. Estes, por sua vez, negam a autoria do ataque. Al-Ahmar – que lidera a tribo Hashid, a mesma à qual Saleh pertence – acusa o próprio presidente do Iêmen pela ação, afirmando que ela teria como objetivo justificar os violentos enfrentamentos entre forças de segurança e manifestantes nas ruas do país. A área onde se localiza a casa de al-Ahmar também foi bombardeada nesta sexta-feira.

Uma granada teria explodido na mesquita do palácio, onde se encontravam o presidente e outras lideranças do país, como o presidente do parlamento, o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro e um assessor da presidência – estes dois últimos teriam se ferido com maior gravidade. Pelo menos três membros da guarda presidencial teriam morrido.

Inspiração em protestos na Tunísia e no Egito

Esta é a primeira vez que o palácio presidencial do Iêmen é atacado desde que começaram os protestos contra Ali Abdullah Saleh, em janeiro último. Desde então, mais de 350 pessoas já morreram. Os confrontos, gerados por manifestações da população aos moldes do que aconteceu na Tunísia e no Egito, vêm acontecendo em praticamente todo o país, especialmente depois que as forças de segurança começaram a atacar outros membros importantes da Hashid.

Os enfrentamentos nesta sexta-feira aumentaram tanto em Sanaa quanto na cidade de Taez, ao sul do país. Duas pessoas morreram e pelo menos 20 ficaram feridas depois que as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, que exigem a renúncia do presidente, que soma 32 anos no comando do país.

A violência em Sanaa estourou no mês passado, quando o presidente se recusou, pela terceira vez, a assinar um acordo de transferência do poder mediado por países vizinhos. Enquanto o país está mergulhado em violência, seguidores do presidente e da oposição não mostram qualquer sinal de diálogo.

A organização terrorista Al-Qaeda ocupa parte das montanhas e do deserto do Iêmen, considerado um dos países mais pobres do mundo árabe, e as usa como áreas de retiro e de treinamento.

Observadores temem a falência política do Iêmen, que se tornaria um risco à segurança de toda a região. "Os perigos emanados por um Iêmen quebrado são tão horríveis para toda a região, que nem se quer pensar nisso", disse Ghanem Nuseibeh, do think tank Political Capital. Ele vê consequências tanto à economia como à segurança. O Al-Qaeda iemenita, por exemplo, poderia crescer. "Isso teria consequências para a pirataria no Golfo de Áden", adverte.

MS/dpa/rts/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer

Protestos no Iêmen já causaram a morte de 350 pessoas em cinco mesesFoto: dapd
Violentos embates nas ruas de Sanaa pedem a saída de SalehFoto: dapd
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