Violência contra jornalista no Brasil é "rotineira"
2 de abril de 2017
Sociedade Interamericana de Imprensa lança relatório em que menciona casos de agressão e ameaças, vindos em grande parte da polícia. Entidade denuncia impunidade de crimes contra a imprensa.
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Os casos de violência contra jornalistas no Brasil são "rotineiros", segundo um relatório preliminar da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) divulgado neste sábado (01/04).
De acordo com o texto, ataques a jornalistas são exercidos "em múltiplas formas" e provêm de diversos setores. Os casos mais frequentes incluem abusos físicos, ameaças, insultos intimidações e vandalismo.
"A violência é realizada em grande medida pela polícia, que deturpa suas funções e demonstra total falta de preparo para cumprir as suas atividades durante a cobertura de imprensa", diz o relatório.
Uma pesquisa da Associação Nacional de Periódicos (ANJ) mostra no período analisado pela SIP – de outubro de 2016 até fevereiro último – 14 casos de agressões físicas, quatro de ameaças, dois de intimidação, três de vandalismo e cinco de ofensas.
Um exemplo de intolerância em relação à liberdade de imprensa mencionado no relatório é o ataque à sede da Rede Gazeta de Vitória, no Espírito Santo, na madrugada do dia 9 de fevereiro.
O prédio da empresa recebeu quatro tiros que não feriram ninguém, mas durante vários meses tanto a entidade como seus funcionários foram vítimas de "ameaças devido à cobertura da greve da polícia que paralisou o estado".
A SIP denuncia a impunidade dos crimes contra jornalistas, apontando que a polícia é incapaz de investigar e denunciar os casos, e a Justiça, "lenta e ineficaz".
Com sede em Miami, a SIP é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à defesa e à promoção da liberdade de imprensa e de expressão nas Américas.
LPF/efe/lusa
Cobertura da violência em protestos
Pelo menos 210 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do Brasil nos últimos três anos. Comissão Interamericana de Direitos Humanos investiga denúncias de abusos e cerceamento da liberdade de imprensa.
Foto: DW/Y. Boechat
A postos
Policial militar do Estado de São Paulo se posiciona para impedir que manifestantes que protestavam contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016, marchem pela Avenida Paulista.
Foto: DW/Y. Boechat
Ataque
Soldado da tropa de choque de São Paulo atira balas de borracha em manifestantes que protestavam contra o aumento das tarifas de transporte público em junho de 2013.
Foto: DW/Y. Boechat
Contra-ataque
Policial militar de São Paulo é perseguido por manifestante após ficar isolado de sua tropa em um protesto em setembro de 2013, durante enfrentamento que deixou ao menos uma pessoa ferida gravemente.
Foto: DW/Y. Boechat
Pimenta
Policial Militar do Estado de São Paulo ataca fotógrafo com spray de pimenta durante manifestação popular. Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo mostra que 210 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do Brasil nos últimos três anos.
Foto: DW/Y. Boechat
Estado de guerra
O uso desmedido de munições menos letais pela polícia, como bombas de efeito moral e balas de borracha, tem sido uma das principais críticas dos movimentos em defesa da liberdade de expressão no Brasil. Nos últimos três anos, ao menos quatro pessoas perderam a visão por conta de ferimentos ocorridos por ações da polícia em manifestações.
Foto: DW/Y. Boechat
Vítimas da violência
Com o aumento da violência nas manifestações públicas, soldados da Polícia Militar também são vítimas de agressão. Manifestantes dispostos à violência partem para o confronto ou jogam garrafas e coquetéis molotov contra as forças de segurança.
Foto: DW/Y. Boechat
Equipamento bélico
Desde 2013, as forças de segurança brasileiras passaram a investir milhões de dólares na compra de equipamentos para controle de distúrbios urbanos. O governo de São Paulo, por exemplo, comprou blindados de fabricação israelense para serem usados exclusivamente em manifestações e protestos.
Foto: DW/Y. Boechat
Soldado desconhecido
Desde a eclosão dos protestos populares no Brasil, em 2013, as polícias militares passaram a importar equipamentos e uniformes para que seus soldados pudessem controlar as manifestações de forma mais eficaz.
Foto: DW/Y. Boechat
Clima de guerra
Soldado do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo se prepara para jogar uma granada de efeito moral em direção a manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de transportes públicos em 2013.
Foto: DW/Y. Boechat
Alvo
Símbolo da repressão, as forças de segurança passaram a assumir um papel de inimigos nos protestos, e a polícia se transformou em alvo preferencial dos manifestantes.