Violência marca abertura de congresso da AfD em Hannover
2 de dezembro de 2017
Dois policiais e um manifestante ficaram feridos na primeira convenção da legenda populista de direita após eleições legislativas alemãs. Deputados Alexander Gauland e Jörg Meuthen foram eleitos líderes do partido.
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Policiais e manifestantes ficaram feridos neste sábado (02/12) durante protestos contra o congresso nacional da legenda Alternativa para a Alemanha (AfD), principal partido populista de direita no país, em Hannover.
As forças de segurança tiveram que usar canhões de água para dispersar os grupos de jovens que tentavam bloquear o acesso ao centro de convenções onde o evento está sendo realizado. Em diferentes pontos dessa região da cidade foram registrados confrontos entre agentes antidistúrbios e manifestantes.
Pelo menos dois policiais ficaram feridos, sem gravidade. Além disso, um manifestante também se feriu ao ser retirado pela polícia após tentar se amarrar num tanque metálico.
Os protestos começaram por volta das 6h locais, três horas antes do início da convenção de dois dias da AfD, o que fez com que alguns delegados do partido se atrasassem para chegar ao evento. O congresso começou com uma hora de atraso.
O trânsito no entorno do centro de convenções já tinha sido interrompido pelas forças de segurança, que ainda tiveram que expulsar jovens que queriam bloquear as ruas e impedir a chegada dos delegados da AfD ao evento do partido.
Através do Twitter, a polícia de Hannover pediu para que os cidadãos permanecessem longe de qualquer ato violento durante o dia.
Eleição de copresidente
Pela primeira vez após a sua entrada no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, a legenda populista de direita realiza um congresso partidário. O objetivo principal da convenção, que termina neste domingo, é definir uma nova cúpula e uma linha de atuação do partido, dividido entre uma corrente mais moderada e outra abertamente radical.
Neste sábado, a maioria dos membros presentes do partido decidiu manter uma liderança dupla na cúpula do partido. Os dois nomes escolhidos foram o do deputado Jörg Meuthen, de 56 anos, que já era um dos líderes da legenda e o do deputado Alexander Gauland, de 76 anos, que é co-líder do bancada do partido no Bundestag,
A escolha dos nomes ocorreu em meio a discussões acaloradas, mais um sinal das intensas disputas partidárias que vem marcando a trajetória a agremiação. A escolha do segundo nome chegou a ser adiada após as candidaturas do ex-oficial do Exército e líder do partido em Berlim, Georg Pazderski, e da princesa Doris von Sayn-Wittgenstein, que chefia a seção do partido no Estado Schleswig-Holstein, não conseguirem a maioria necessária. Após o resultado, Sayn-Wittgenstein retirou sua candidatura e o nome de Gauland ganhou força.
Terremoto político
A Alternativa para a Alemanha causou um terremoto político nas eleições parlamentares de 24 de setembro, quando conseguiu ocupar assentos no Bundestag após obter 12,6% dos votos.
O total de 92 deputados federais da legenda populista de direita representa uma situação nunca vista na Alemanha em relação a partidos populistas de direita desde a Segunda Guerra Mundial.
A AfD, fundada em 2013 para reunir pessoas que se opunham à União Europeia, adotou um discurso abertamente xenófobo durante a crise migratória de 2015, quando o país recebeu mais de 1 milhão de refugiados. Dessa forma, o partido começou a ganhar eleitorado e chegou ao Bundestag.
Com base nesse sucesso, a AfD, que também está presente em 14 dos 16 parlamentos regionais, reúne cerca de 600 delegados neste fim de semana em Hannover, no norte do país.
No total, cerca de 8,5 mil opositores eram esperados na capital da Baixa Saxônia, para se manifestarem contra as políticas anti-imigração da AfD.
Milhares de policiais foram mobilizados para evitar embates e o sindicato da polícia GdP apelou à calma, depois dos confrontos que eclodiram durante o congresso do partido em abril, em Colônia, no oeste da Alemanha, em que vários policiais ficaram feridos.
CA/efe/afp/lusa
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Deputados da AfD no Bundestag
Entre os 94 parlamentares eleitos para o Parlamento alemão pelo partido populista de direita há vários nomes que chamara a atenção por declarações polêmicas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Alice Weidel
Antes de ser escolhida para encabeçar a lista de candidatos da AfD, em abril de 2017, esta consultora de empresas de 38 anos era praticamente desconhecida no cenário político alemão. Ela é natural de Gütersloh e vive com a parceira e os dois filhos desta na Alemanha e na Suíça. Weidel trabalhou como analista para gestão de patrimônio no banco Goldman Sachs, em Frankfurt.
Foto: Reuters/A. Schmidt
Alexander Gauland
Até 2013, o jurista Alexander Gauland, de 76 anos, foi membro da CDU. Natural de Chemnitz, este conservador-nacionalista ficou conhecido por comentários xenófobos. Ele disse que ninguém gostaria de ter alguém como o jogador negro Jérôme Boateng como vizinho e sugeriu que a encarregada do governo para assuntos de integração, Aydan Özoguz, perdesse a cidadania alemã e fosse "descartada" na Anatólia.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Beatrix von Storch
Beatrix Amelie Ehrengard Eilika von Storch é uma advogada de 46 anos e nasceu numa família nobre, a Casa de Oldenburg, em Lübeck, no norte da Alemanha. Ela é uma das poucas mulheres da AfD no Bundestag. Esta fundamentalista cristã é contra o aborto e causou polêmica com a sugestão de atirar contra refugiados, inclusive mulheres e crianças, que tentarem cruzar a fronteira da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Murat
Wilhelm von Gottberg
Este ex-policial de 77 anos chegou a ser prefeito pela CDU no leste da Alemanha, mas deixou o partido em 2011. Ele foi por muito tempo vice-presidente da associação dos alemães que, com o fim da Segunda Guerra, foram expulsos dos antigos territórios alemães no Leste Europeu e chamou o Holocausto de "instrumento eficaz para a criminalização dos alemães e de sua história".
Foto: picture-alliance/dpa/T. Brakemeier
Petr Bystron
Este consultor de empresas de 44 anos é natural da antiga Tchecoslováquia e, até 2013, integrava o Partido Liberal Democrático. Embora seja considerado um moderado, ele é, até onde se sabe, o único político da AfD que é vigiado pelo serviço secreto interno da Alemanha. O motivo: sua proximidade com o Movimento Identitário, que defende a preservação das "identidades nacionais europeias".
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Mariana Harder-Kühnel
Em seu site, esta advogada de Hessen defende a "proteção do cidadão, o fortalecimento da família e a restauração do Estado de Direito". Na página do escritório de advocacia de seu marido, onde ela trabalha, o currículo dela não menciona a militância na AfD.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Leif-Erik Holm
Este ex-radialista (ao centro na foto) de 47 anos é natural de Schwerin, no nordeste da Alemanha, e considerado um moderado. Ele já foi o assessor da agora também deputada federal pela AfD Beatrix von Storch. Até esta eleição, ele foi o líder da bancada da AfD em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde o partido é a principal força de oposição ao governo estadual.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt
Martin Hohmann
Este político de 69 anos, natural de Fulda, é o único deputado da AfD que já ocupou um mandato no Bundestag, na época pela CDU. Em 2003, no Dia da Unidade Alemã, ele fez um discurso que foi considerado antissemita. Como consequência, acabou excluído da bancada da CDU no Parlamento alemão e, mais tarde, do partido. Ele é frequentemente associado à ala ultradireitista da AfD.
Foto: Imago/Hartenfelser
Jens Maier
Este juiz do Tribunal Regional de Dresden tem 55 anos. Referindo-se ao polêmico deputado estadual Björn Höcke, líder da AfD da Turíngia, ele mesmo se considera "o pequeno Höcke". Maier defende o fim do que chama de "culto da culpa" dos alemães e adverte contra a "criação de povos misturados", pelo que foi repreendido pela corte onde trabalha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Armin-Paul Hampel
Este político de 60 anos foi jornalista da emissora pública ARD. É amigo de Alexander Gauland e, na condição de membro da cúpula nacional da AfD, votou contra a exclusão de Björn Höcke por sua crítica ao Memorial do Holocausto, em Berlim. Ele mantém ligações com organizações de ultradireita na Alemanha, como uma que é vigiada pelo serviço secreto interno.
Foto: Reuters/W. Rattay
Frauke Petry
A co-presidente e rosto mais conhecido da AfD anunciou, logo após a eleição, que não integrará a bancada dos populistas no Bundestag e, um dia depois, que deixará o partido, mas sem definir data. Esta química de formação foi casada com um pastor evangélico, com quem tem quatro filhos e de quem se separou em 2015. Ela casou de novo e teve um quinto filho. Petry é associada à ala moderada da AfD.