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Violência na África do Sul leva presidente a cancelar viagem

18 de abril de 2015

Jacob Zuma volta a condenar ataques a estrangeiros em seu país e desiste de cúpula na Indonésia . Houve 30 prisões em distúrbios em Johanesburgo. Moçambicanos fazem passeata contra xenofobia no país vizinho.

Foto: AFP/Getty Images/M. Safodien

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, cancelou a viagem que faria neste sábado (18/04) à Indonésia, onde participaria da cúpula África-Ásia. Ele decidiu permanecer em seu país para tratar de "problemas domésticos" relacionados à violência xenófoba, segundo informou o gabinete presidencial.

Zuma voltou a condenar os ataques contra estrangeiros, incluindo cidadãos moçambicanos, e pediu à polícia para continuar trabalhando "dia e noite" para proteger os cidadãos e prender os responsáveis.

"Reiteramos nossa mensagem de que não há justificativa para os ataques a cidadãos estrangeiros. Estes ataques vão contra tudo o que acreditamos", afirmou Zuma.

As declarações do presidente ocorrem em meio à pressão das Nações Unidas para que as investidas da população da África do Sul contra cidadãos estrangeiros cessem. Nesta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) afirmou estar "extremamente preocupado" com a onda de violência xenófoba na África do Sul e as condições de abrigo das vítimas de ataques.

A agência da ONU estima que os incidentes violentos nas cidades sul-africanas de Durban e Johanesburgo tenham deixado seis mortos e 5 mil estrangeiros desalojados.

Mais de 30 presos

Segundo a polícia sul-africana, um estrangeiro foi morto neste sábado em Johanesburgo, mas não houve confirmação se o caso está relacionado aos ataques xenófobos que começaram há algumas semanas no país.

Pela manhã, grupos atacaram lojas em várias partes da capital sul-africana. Forças policiais foram enviadas ao município de Alexandra. Segundo a imprensa local, durante a noite saqueadores ergueram barricadas e queimaram pneus. Tiros de borracha foram usados para dispersar os grupos.

"Mais de 30 pessoas foram presas na noite passada. Agora a situação está calma, mas planejamos ampliar nosso contingente", afirmou um porta-voz da polícia. "Eles serão acusados de violência pública, danos à propriedade, ataque a residência e roubo."

Nas últimas semanas, imigrantes foram apedrejados e queimados vivos. Pelo menos seis pessoas morreram – estrangeiros e sul-africanos – incluindo um adolescente de 14 anos.

Os imigrantes são acusados de tirar os postos de trabalho dos sul-africanos, num país cujo índice de desemprego se aproxima de 25%. As autoridades aumentaram a presença de policiais nas ruas, e forças de segurança estão em alerta máximo em Durban.

Pelo menos seis pessoas já morreram na onda de ataques xenófobosFoto: Reuters/S. Sibeko

Manifestação em Moçambique

Mais de 100 pessoas participaram neste sábado de uma manifestação na capital moçambicana, Maputo, contra a onda de violência xenófoba no país vizinho. A marcha, organizada por membros da sociedade civil, transcorreu de maneira pacífica e teve como destino a embaixada sul-africana na capital moçambicana.

Os manifestantes cantaram o hino nacional de Moçambique e gritaram frases de exaltação à união dos africanos. Cartazes traziam mensagens de repúdio à xenofobia. "Foram esses moçambicanos que os acolheram quando fugiram do apartheid", lembrava um deles.

Segundo o governo de Moçambique, 107 pessoas, incluindo 21 crianças, regressaram ao país na sexta-feira e foram instalados num campo em Boane, na província de Maputo, fugindo da onda de xenofobia na África do Sul. Eles foram os primeiros de um total de 600 refugiados em centros de acolhimento na região de Durban.

MSB/lusa/afp/ap

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