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Multiculturalismo

25 de setembro de 2007

A construção de mesquitas na Alemanha é expressão de liberdade de religião ou incentiva o desenvolvimento de sociedades paralelas? Semana Intercultural discute como combater preconceitos.

Muçulmanos rezam na mesquita Sehitlik, em BerlimFoto: picture-alliance/dpa
Pôster da Semana InterculturalFoto: 2007 - Interkulturelle Woche

Tudo geralmente começa com preocupações banais. Será que vai ficar difícil estacionar na rua depois da construção do novo edifício? O barulho vai aumentar? O minarete tinha que ser tão alto assim? Assim surge uma iniciativa popular contra a planejada mesquita e os vizinhos vão reclamar junto aos tribunais administrativos. E por fim o debate leva as pessoas a se questionarem a sério quanto islamismo estão dispostas a encarar.

Em Munique, Frankfurt, Berlim e em localidades menores, a construção de edifícios representativos do islã tem gerado protestos, revelando que a questão atinge as pessoas pessoalmente. Sobretudo os minaretes, que – de acordo com a estudiosa de islamismo Annemarie Schimmel – originalmente eram monumentos em memória às conquistas muçulmanas, ainda são vistos como provocação.

A controversa mesquita de Colônia, cujo minarete deveria ter 55 metros de altura, representa para o escritor Ralph Giordano uma "declaração de guerra ao meio ambiente". No entanto, este sobrevivente do Holocausto não pode ser acusado de xenofobia. Ele simplesmente representa a desconfiança de muitos alemães em relação a uma religião que vem se mostrando cada vez mais autoconfiante e segura.

De acordo com uma enquete do Instituto Forsa, dois terços dos alemães consideram impossível uma convivência harmônica com o islã. Ao mesmo tempo, uma investigação do Centro de Estudos sobre a Turquia, de Essen, comprova que a religiosidade cresce entre cerca de 3,3 milhões de muçulmanos no país, sobretudo na chamada "terceira geração".

Para fora das "mesquitas de quintal"

De acordo com um arquivo sobre islamismo sediado em Soest, desde o início dos anos 90 foram construídas na Alemanha 159 mesquitas clássicas, com cúpula e minarete. Entre elas incluem-se as grandes construções de Mannheim, Bremen ou Duisburg, com capacidade para até 2 mil fiéis. Outros 184 projetos estão em andamento em todo o país.

Ao todo, a Alemanha tem 2.750 mesquitas ou espaços religiosos, geralmente instalados em porões ou antigos parques industriais. A maioria dos representantes políticos consideram bem-vinda a reivindicação por mesquitas representativas.

Além de a Constituição prever o "livre exercício da religião", propaga-se na Alemanha o argumento de que a centralização em grandes edifícios estimula a integração na sociedade alemã. "Temos 120 mil muçulmanos em Colônia", informa o prefeito Fritz Schramma. "Nossa meta é tirar os cidadãos das mesquitas de quintal."

Um local digno para o culto religioso indicaria que os muçulmanos finalmente "chegaram" a esta sociedade e se sentem bem aqui. Bekir Alboga, da União Turco-Islâmica (Ditib), assegura: "Não queremos uma sociedade paralela. Nossa mesquita será aberta a todos".

Meio de integração

A fim de se abrir para um contato mais próximo com os círculos não-islâmicos, os muçulmanos da Alemanha convidam a população para o Dia da Mesquita Aberta, realizado em 3 de outubro já há dez anos.

Um bom exemplo de relação descontraída é a imponente mesquita Yavuz Sultan Selim, em Mannheim. Inicialmente na mira de oponentes, agora a mesquita se tornou símbolo de boa vizinhança com adeptos de outras religiões. Em Duisburg, a maior mesquita da Alemanha abriga um ponto de encontro intercultural bastante visitado.

Socióloga Necla KelekFoto: dpa - Bildfunk

Os céticos, no entanto, consideram esses casos exceções. Na opinião de Necla Kelek, uma crítica do islamismo de ascendência turca, grandes construções, como as de Colônia ou Munique, acentuam ainda mais a tendência de isolamento. Lá um muçulmano encontra tudo de que precisa, desde supermercado até barbeiro, "caso ele queira não só rezar, mas também se manter à parte da sociedade alemã".

Autoconfiança e isolamento

Para Kelek, o maior problema, no entanto, é que as mesquitas monumentais proporcionam uma transmissão mais autoconfiante da doutrina islâmica. "Lá as crianças já aprendem desde pequenas a dividir a sociedade entre crentes e não-crentes e acreditar que as mulheres têm que servir aos homens", opina Kelek.

A Ditib, com 765 mesquitas a maior organização islâmica do país, representa um islamismo conservador, de inclinação turca. No entanto, ela é considerada imune ao extremismo, assim como a maioria das pequenas associações de mesquitas.

Para o procurador geral da Comunidade Européia de Apoio e de Construção de Mesquitas, Ibrahim el Zayat, as autoridades só estão interessadas em possíveis ligações com agrupamentos muçulmanos fundamentalistas. (ina/sm)

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