Visita ao Vietnã coroa estratégia de Obama para Ásia
24 de maio de 2016
Presidente fez do "reequilíbrio" estratégico com a região um dos pilares de sua política externa. Em Hanói, ao reforçar relação com antigo inimigo, ele alfinetou Pequim: "Grandes nações não devem intimidar os menores."
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O presidente americano, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira (24/05) que tem uma visão promissora sobre o futuro das relações dos Estados Unidos com o Vietnã, peça-chave dentro de um continente que, como deixou claro desde sua chegada à Casa Branca, seria uma das prioridades de sua política externa.
Terceiro presidente americano a visitar o Vietnã desde que os laços entre as duas nações foram restabelecidos, em 1995, Obama fez do "reequilíbrio" estratégico com a região um dos pilares de sua política externa.
O Vietnã, onde os EUA estiveram em guerra até 1975, se tornou uma parte essencial dessa estratégia, em um contexto de crescimento do poderio militar chinês e dos clamores de Pequim por maior soberania no Mar do Sul da China.
"Temos mostrado que o progresso e a dignidade humana avançam melhor com cooperação e não com conflitos. Isso é que o Vietnã e a América mostram ao mundo", afirmou na capital Hanói, um dia depois de anunciar o fim do embargo de venda de armas ao Vietnã, em vigor há décadas.
Nesta terça-feira, Obama reforçou o tom conciliador a uma de suas últimas visitas oficiais antes do fim do segundo mandato.
"Grandes nações não devem intimidar os menores", afirmou, sobre o conflito territorial com a China, em meio a aplausos. Obama também pediu uma "solução pacífica".
Críticas a violações de direitos humanos
Durante o discurso, o presidente americano defendeu o respeito aos direitos humanos no Vietnã, pontuando a liberdade de expressão, o direito à informação e o direito de protesto.
Mais cedo, Obama se encontrou com dissidentes e jornalistas detidos durante o regime comunista por se posicionarem contra o governo e denunciar a violação de direitos. Vários dissidentes convidados para o encontro foram impedidos de se aproximar do presidente.
"Acho que isso indica que apesar de ter havido um progresso modesto, ainda há pessoas que encontram muita dificuldade em se reunir e se organizar de forma pacífica sobre assuntos com os quais se preocupam profundamente", declarou Obama.
A Anistia Internacional denunciou nesta terça a prisão ilegal de seis dissidentes. Segundo a organização, as autoridades vietnamitas fazem uma campanha de intimidação contra dezenas de ativistas.
Obama é o terceiro presidente americano a visitar o Vietnã, depois de Bill Clinton, em 2000, e George W. Bush, em 2006. As tensões diplomáticas entre os dois países foram amenizadas sob a gestão Clinton, em 1995, duas décadas depois do fim da guerra.
Na quarta-feira, Obama viaja ao Japão para participar da Cúpula do G7 e visitar o Memorial da Paz de Hiroshima. Ele será o primeiro presidente americano a visitar o monumento que homenageia as vítimas da bomba atômica lançada na cidade pelos EUA no fim da Segunda Guerra Mundial.
KG/dpa/lusa
A Guerra do Vietnã
Em 1975, com a queda de Saigon, terminava a Guerra do Vietnã. Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública nos anos 1970 como o conflito, que representou a maior derrota militar da história dos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Van Es
A entrada na guerra
As hostilidades começaram em 1956, quando o Vietnã do Norte, apoiado por China e União Soviética, decidiu não convocar eleições. Os EUA passaram a fortificar suas posições no Sul, com o objetivo de conter a expansão comunista. Em 1964, o bombardeio norte-vietnamita a barcos americanos, no Golfo de Tonquin, foi o estopim para o presidente Lyndon Johnson decidir entrar na guerra.
Foto: Getty Images/P. Christain
Opinião pública mobilizada
Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública internacional na década de 70 como a Guerra do Vietnã (1964-1975). O conflito representou a maior derrota militar da história dos EUA. Pela primeira vez, as crueldades de uma guerra foram exibidas no horário nobre da programação de TV. Na foto, John Lennon e Yoko Ono: "A guerra acabou"
Foto: F. Barratt/Keystone/Getty Images
Selva e estratégia de guerrilha
Em 1969, no auge dos combates, 543 mil soldados dos EUA estavam nas frentes de batalha. Os norte-vietnamitas, vindos de uma guerra com a França, usaram melhor estratégias de guerrilha e aproveitaram a vantagem geográfica (selva fechada e calor de mais de 40ºC) para derrotar os americanos.
Foto: Getty Images
Bombas, minas e veneno
Milhões de hectares de terra, minados ou envenenados, se tornaram incultiváveis. Os EUA gastaram cerca de 200 bilhões de dólares com o movimento bélico e lançaram um milhão de toneladas de bombas por ano. O uso de substâncias como o agente laranja deixou sequelas que permanecem até hoje nos vietnamitas e nos soldados americanos.
Foto: picture-alliance/akg-images
Negociações de paz
O descontentamento da opinião pública americana forçou a abertura de negociações de paz, em 1971. Em 1973, um cessar-fogo foi assinado em Paris. O acordo não foi implementado, mas os EUA começaram a retirar suas tropas. Em 1975, completada a retirada dos EUA, o regime sul-vietnamita, já sem ajuda financeira americana, entrou em colapso. Na foto, tanque invade palácio presidencial em Saigon.
Foto: picture-alliance/dpa
A queda de Saigon
No dia 30 de abril de 1975, a cidade de Saigon (atual Ho Chi Minh), então capital do Vietnã do Sul, foi capturada pelo Exército norte-vietnamita e pelos vietcongues. Era o fim da guerra do Vietnã e o início de um período de transição para a reunificação do país, sob regime comunista.
Foto: AFP/Getty Images
Mais de um milhão de mortos
Após a queda de Saigon, a evacuação de nove mil americanos foi feita às pressas, na última hora. Mesmo assim, ainda foram resgatados cerca de 150 mil vietnamitas. A guerra deixou mais de 58 mil americanos mortos e 153 mil feridos; do lado vietnamita, um milhão de mortos e 900 mil crianças órfãs.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Fuga da cidade
Sob chuvas torrenciais, helicópteros dos EUA viajavam entre um porta-aviões e Saigon, em dramática operação de evacuação. O pânico reinava na embaixada americana. Além de cidadãos dos EUA, foram poucos os que tiveram acesso ao heliporto sobre o prédio da sede diplomática(foto), última chance para fugir de Saigon naquele 30 de abril.