Visita de Bush eleva influência de Merkel, dizem jornais
14 de julho de 2006O presidente norte-americano, George W. Bush, esteve durante 36 horas na Alemanha. Ele visitou as cidades de Rostock, Stralsund, Heiligendamm e Trinwillershagen, no leste do país, na região do distrito eleitoral da chanceler federal Angela Merkel. A passagem, ainda que rápida, foi o suficiente para ser avaliada como um sucesso pela maioria dos jornais alemães.
Bush e Merkel conversaram sobre assuntos da agenda internacional, como as crises no Oriente Médio e o programa nuclear do Irã, e tiveram a oportunidade de fortalecer seus laços pessoais.
"Alemanha e Estados Unidos estão novamente lado a lado", afirmou o jornal conservador Die Welt em editorial de título "Declarações Políticas de Amor". "A Alemanha tem novamente influência nos Estados Unidos e, para Merkel, a coisa mais importante é que ela pode dizer 'eu estou entre os que fazem e acontecem do mundo'".
O jornal Stuttgarter Nachrichten disse que a natural relação do "dar e receber" entre Merkel, uma filha de pastor que cresceu na Alemanha comunista, e Bush, filho de uma privilegiada dinastia política, foi decisiva.
"Angela Merkel ofereceu a oportunidade de deixar novamente a Alemanha - um parceiro importante e confiável - mais perto da América. E o presidente dos Estados Unidos pegou a bola e correu com ela", escreveu o jornal, fazendo alusão a jogada de ataque esportiva. "Merkel e Bush desafiaram os críticos. A visita foi positiva para os dois países."
O Leipziger Volkszeitung, jornal do leste alemão, disse que o país cresceu em influência sob o comando de Merkel, numa comparação implícita com o seu antecessor, Gerhard Schröder, cuja oposição à guerra no Iraque o afastou de Bush.
"A chanceler está cada vez mais se tornando uma intermediária entre Washington e Moscou. Ela já teve uma influência moderadora na política do Irã ao insistir nas negociações", afirma a publicação.
"As cartas foram novamente embaralhadas ao redor do mundo e os interesses da Alemanha não devem ficar de fora. Esta é pelo menos uma razão pela qual Bush é bem-vindo no Báltico. Diálogos transatlânticos são melhores do que o silêncio".
Mas alguns jornais questionaram a profundidade do encanto de Bush e se Merkel poderia influenciar o presidente em muitas questões sem o olho no olho.
"Não foram dois parceiros que se encontraram em Stralsund, mas sim o cozinheiro e a garçonete", escreveu o Financial Times Deutschland. "Bush preparou o prato e Merkel o serviu. Eles mostraram 100% de consenso com relação ao Irã, Oriente Médio e Rússia... Mas o teste da nova parceira transatlântica será se ela poderá resistir a reais diferenças políticas. Vamos ver então se a chanceler se arriscará a falar abertamente."
Diversos jornais registraram também pequenos protestos de pacifistas durante a passagem de Bush, mas criticaram a decisão de alguns membros sociais-democratas da coalizão do governo de participarem dos atos. "Há muitas razões para não se gostar do presidente Bush", diz o Frankfurter Allgemeine Zeitung, "mas o representante de uma nação à qual a Alemanha tem muito o que agradecer nos últimos 60 anos –incluindo o fato de que é possível realizar demonstrações em Stralsund – merece calorosas boas-vindas", afirma a publicação.
Bush deixou a Alemanha nesta sexta-feira (14/07) para ir a São Petersburgo, onde participará do encontro do G8 neste final de semana.