Vitória de Trump eleva risco de guerra comercial com a UE?
Timothy Rooks
12 de novembro de 2024
Com a reeleição de Donald Trump, muitas empresas europeias temem uma onda de novas tarifas que poderá levar a uma guerra comercial. Seria esta uma reação exagerada ou será que a UE deveria estar mais bem preparada?
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Donald Trump adora tarifas. Em seu primeiro mandato como presidente dos EUA, ele introduziu uma série de tarifas sobre importações de máquinas de lavar, painéis solares, aço e alumínio que atingiram países de todo o mundo – fossem eles aliados políticos ou não.
Durante a mais recente campanha presidencial, ele prometeu ainda mais. Agora, em pouco mais de dois meses, o autodeclarado "homem das tarifas" será empossado como o 47º presidente.
Em uma tentativa de trazer os empregos no setor industrial de volta aos Estados Unidos, Trump considerou adicionar uma tarifa de 10% sobre todas as importações para os EUA, e depois aumentou para 20%. Tudo o que viesse da China, por sua vez, seria atingido por uma tarifa devastadora de 60%.
UE como uma "mini China"
Trump dedicou muita atenção à China, mas também se referiu à Europa como uma "mini China". No final de outubro, ele alertou que o bloco pagaria no final e prometeu aprovar o "tratado comercial recíproco de Trump".
"Eles não compram nossos carros. Eles não compram nossos produtos agrícolas. Eles vendem milhões e milhões de carros nos Estados Unidos", disse ele em um comício na Pensilvânia. "Não, não, não. Eles terão que pagar um preço alto."
A União Europeia (UE) de fato vende muito mais para os EUA do que compra deles, mas ambos têm muito em comum e muito a perder.
Um conflito tarifário entre os EUA e a UE também poderia se transformar em um problema para a economia americana. Isso tornaria os produtos europeus mais caros para os consumidores americanos, aumentaria os preços em geral e contribuiria para a inflação.
As altas tarifas dos EUA sobre os produtos chineses também podem prejudicar a Europa. Se a China não puder mais exportar para os Estados Unidos, ela procurará a Europa para escoar seus produtos, possivelmente inundando o mercado europeu.
Em sua mensagem parabenizando Trump por sua recente vitória, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou-o de sua base transatlântica comum como mais do que simples aliados.
"Estamos ligados por uma verdadeira parceria entre nossos povos, unindo 800 milhões de cidadãos", escreveu ela. "Milhões de empregos e bilhões em comércio e investimento em cada lado do Atlântico dependem do dinamismo e da estabilidade de nossa relação econômica."
Trump 2.0: o preço do protecionismo americano
Segundo especialistas, as políticas econômicas propostas por Trump trarão grandes problemas para a União Europeia e, em particular, para a Alemanha. Eventuais tarifas americanas provavelmente levariam a uma retaliação também na forma de tarifas.
"As tarifas de Trump são uma séria ameaça para a economia europeia, especialmente para os países voltados para a exportação, como a Alemanha", disse Niclas Poitiers, pesquisador do think tank Bruegel, especializado em comércio e economia internacional.
"A economia da Europa ainda está se recuperando de sua decisão equivocada de comprar energia da Rússia e sofrendo com a queda da demanda da China. As tarifas de Trump pioram ainda mais suas perspectivas econômicas", disse Poitiers à DW.
Clemens Fuest, presidente do Ifo Institute, um think tank econômico com sede em Munique, alertou para "uma agenda claramente protecionista baseada em tarifas de importação mais elevadas e maiores restrições ao comércio internacional, particularmente para a China e potencialmente também para a Europa", num comunicado de imprensa um dia após a eleição.
O Instituto Ifo calculou que um imposto de 20% sobre bens importados poderia fazer com que as exportações alemãs para os EUA caíssem cerca de 15% e causar 33 bilhões de euros em danos econômicos.
O Instituto Económico Alemão, com sede em Colônia, calculou que uma guerra comercial com tarifas de 10% em ambos os lados poderia custar à economia alemã 127 bilhões de euros durante o mandato de quatro anos de Trump na Casa Branca. Tarifas de 20% poderiam custar à economia alemã 180 bilhões de euros.
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Distância de produtos fabricados no exterior
A UE já sofre de um crescimento lento. A Alemanha, a sua maior economia, caminha atualmente para o seu segundo ano consecutivo de contração e está particularmente dependente das exportações de veículos para crescer. Novas tarifas dos EUA só piorariam as coisas.
O bloco europeu precisa, portanto, aumentar a sua própria competitividade, reforçar as capacidades de defesa e enfrentar os desafios colocados pela China, de acordo com um dossiê publicado pela Federação das Indústrias Alemãs. A prioridade deveria ser, em primeiro lugar, evitar novas tarifas. Se isso não funcionar, serão necessárias contramedidas, mas isso exigirá uma frente unida de todos os 27 Estados-membros da UE.
Trump acredita que as tarifas são uma ferramenta eficaz para avançar suas metas de produção doméstica e criar margem de manobra nas negociações internacionais, disse Penny Naas, especialista em políticas públicas do German Marshall Fund, em Washington.
O presidente eleito vê as tarifas como uma forma eficaz de reequilibrar os déficits comerciais e as suas principais prioridades tarifárias serão provavelmente o aço, o setor automotivo e os bens que contribuem com empregos industriais significativos para os EUA, disse Naas.
Altas tarifas entre amigos?
"Trump é um negociador e já usou a ameaça de tarifas para extrair concessões de parceiros comerciais no passado", disse Naas à DW. Ela não ficaria surpresa se os países com déficits comerciais já tivessem iniciado negociações com o novo governo para comprar mais dos EUA.
Poitiers, de Bruegel, enfatizou que as tarifas de Trump não levarão ao fim da globalização e do comércio, como alguns já temem.
No entanto, o próximo mandato de Trump poderá marcar o fim da globalização liderada pelos EUA, disse Poitiers. Apesar disso, a maioria dos países ainda está interessada na cooperação e no trabalho conjunto. O importante, disse ele, é que a UE pare de travar uma integração econômica mais profunda.
"A Europa tem agora que construir coligações com países que pensam da mesma forma para preservar a sua prosperidade, que se baseia em grande parte no comércio", disse Poitiers.
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Após tensas negociações, COP29 termina com promessa de US$ 300 bi por ano
Conferência do Clima da ONU em Baku, no Azerbaijão, terminou com promessa de US$ 300 bilhões por ano para países mais afetados por eventos climáticos extremos. Acordo tenso foi costurado na reta final do evento e sob protestos de alguns países (foto). Valor ficou abaixo dos US$ 1,3 trilhão pedidos. Reunião também aprovou regulamentação do mercado de carbono. (23/11)
Foto: Murad Sezer/REUTERS
Putin alerta para mais testes com mísseis
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu mais testes com o míssil hipersônico Oreshnik, disparado um dia antes na cidade de Dnipro, na Ucrânia. Por isso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, apelou para mais sistemas antiaéreos contra as ameaças, que levaram o parlamento da Ucrânia a fechar as portas. Putin também disse que a Rússia deve começar a produção em série da nova arma. (22/11)
Foto: Press Service of the State Emergency Service of Ukraine in Dnipr/picture alliance
PF indicia Bolsonaro e outros 36 por tentativa de golpe de Estado
A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os agentes apontam que Bolsonaro "analisou e alterou" uma minuta de decreto desenhada para não deixar o poder após derrota nas urnas em 2022 e que ele sabia da existência de um plano para executar Lula. (21/11)
Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images
Protesto de agricultores franceses contra acordo UE-Mercosul entra no 3º dia
Agricultores franceses fizeram barricadas, fecharam a fronteira entre a Espanha e a França e jogaram chorume em frente a prédios públicos em protesto contra um possível acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. O CEO do Grupo Carrefour na França, Alexandre Bompard, endossou a manifestação e interrompeu a compra de carne produzida pelos países do bloco sul-americano. (20/11)
Foto: Gaizka Iroz/AFP/Getty Images
PF desbarata complô de militares para matar Lula, Alckmin e Moraes
A Polícia Federal prendeu um membro da corporação e quatro militares ligados às forças especiais do Exército suspeitos de planejarem um golpe de Estado após as eleições de 2022 e de um complô para assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Inquérito envolve ainda o general Braga Netto, ex candidato a vice de Jair Bolsonaro. (19/11)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Líderes do G20 no Rio de Janeiro
Brasil recebe líderes das 20 principais economias do planeta no Rio de Janeiro. Declaração final do encontro defende combate à pobreza, desenvolvimento sustentável, taxação de super-ricos e pede soluções diplomáticas para conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. (18/11)
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
Biden visita a Floresta Amazônica
O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou neste domingo a Manaus na primeira visita à Amazônia de um presidente americano em exercício, antes de seguir para o Rio de Janeiro para a cúpula do G20. Ele visitou uma reserva florestal, encontrou-se com líderes locais e sobrevoou de helicóptero uma parte da floresta e o encontro dos rios Negro e Solimões. (17/11)
Foto: Manuel Balce Ceneta/AP/picture alliance
No G20 Social, Lula defende "jornadas mais equilibradas"
O presidente Lula recebeu neste sábado a declaração final do G20 Social – iniciativa da presidência brasileira do G20 para sistematizar e levar propostas da sociedade civil aos chefes de governo dos países do grupo. Ele aproveitou o evento para se entrar no debate sobre a jornada de trabalho, em evidência após proposição de PEC que acaba com a jornada 6x1. (16/11)
Foto: Daniel Ramalho/AFP
Scholz pede a Putin "paz justa e duradoura" na Ucrânia
Na primeira conversa em quase dois anos, chanceler federal alemão (foto) defendeu negociações para encerrar a guerra, enquanto líder russo insistiu em "novas realidades territoriais" em solo ucraniano. Em entrevista de TV exibida no mesmo dia, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse crer que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos apressará o fim do conflito. (15/11)
Moraes associa atentado suicida em Brasília a "gabinete do ódio" de Bolsonaro
Após Jair Bolsonaro chamar a ação de um homem-bomba em Brasília de "fato isolado", o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu dizendo que o episódio é fruto do clima extremismo que se instalou no país durante o mandato do ex-presidente. Moraes descartou anistia a golpistas: "Pacificação, só com responsabilização de criminosos." A PF apura o caso. (14/11)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Biden dá as boas-vindas a Trump para iniciar a transição
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o atual mandatário, Joe Biden, estiveram reunidos hoje no Salão Oval da Casa Branca inaugurando formalmente a transição para o governo do republicano, que toma posse em 20 de janeiro. Trump enfatizou que "política é difícil" em seu retorno, embora tenha agradecido a Biden por seus esforços para garantir uma transição pacífica. (13/11)
Foto: AP/dpa/picture alliance
Eleições antecipadas à vista
O partido SPD, do chanceler Olaf Scholz, e a sigla de oposição CDU chegaram a um acordo: as eleições antecipadas para o Bundestag (parlamento alemão) serão realizadas em 23 de fevereiro. A decisão veio uma semana depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do neoliberal FDP, que selou o fim da coalizão tripartidária à frente do país, que contava ainda com os verdes. (12/11)
Foto: Fabian Sommer/dpa/picture alliance
Holanda impõe controles de fronteira para barrar ilegais
O governo holandês anunciou a imposição de controles extras em suas fronteiras terrestres para combater a imigração ilegal. "É hora de enfrentar o tráfico de migrantes de maneira concreta", disse ministra holandesa da Migração, Marjolein Faber. Medida tem caráter temporário, de acordo com as normas da União Europeia. (11/11)
Foto: Marcel van Hoorn/ANP/AFP
Ucrânia lança ataque de drones contra Moscou
Bombardeada com um número recorde de 145 drones, a Ucrânia reagiu atacando Moscou com ao menos 34 drones, na mais pesada investida contra a capital russa desde o início da guerra, em 2022. O ataque ucraniano interrompeu o tráfego aéreo em três grandes aeroportos de Moscou e feriu ao menos uma pessoa em um vilarejo nos subúrbios da cidade. (10/11)
Foto: Tatyana Makeyeva/AFP/Getty Images
Ataque suicida deixa mais de 20 mortos no Paquistão
Um ataque suicida executado em uma estação ferroviária da cidade paquistanesa de Quetta, na conturbada província do Baluchistão, deixou pelo mais de 20 mortos e 40 feridosl. O grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) assumiu a responsabilidade em um comunicado divulgado nas redes sociais.(09/11)
Foto: Banaras Khan/AFP/Getty Images
Cúpula da UE termina sob espectro da reeleição de Trump
Líderes da UE prometeram dar novo impulso à economia do bloco europeu ao término da cúpula que reuniu chefes de governo dos 27 Estados-membros na Hungria. Resultado das eleições nos EUA motivou europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. (08/11)
Foto: Mehmet Ali Ozcan/AA/picture alliance
Biden pede união e promete transição pacífica nos EUA
“Você não pode amar seu país somente quando vence. Você não pode amar seu vizinho somente quando concorda. Algo que esperamos que possamos fazer, não importa em quem você votou, é nos vermos não como adversários, mas como concidadãos americanos. Reduzam a temperatura”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso na Casa Branca (07/11)
Foto: Ron Sachs/Pool/CNPZUMA Press Wire/IMAGO
Scholz demite ministro das Finanças e governo alemão fica por um fio
A tríplice coalizão partidária que governa a Alemanha desmoronou após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro. (06/11)
Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Trump derrota Kamala e retorna à Presidência dos EUA
Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, protagonizando um retorno dramático e triunfal à Casa Branca. O republicano derrotou de maneira decisiva sua rival democrata Kamala Harris ao superar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral dos EUA. E, em contraste com sua vitória anterior, em 2016, Trump ainda ficou à frente no voto popular. (06/11)
Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão. Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva e hostilizou as autoridades com gritos de "assassinos". O barro atingiu o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia. (03/11)
Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)