Vitória de Trump provoca convulsão nos mercados mundiais
9 de novembro de 2016
Resultado inesperado das eleições americanas leva investidores a buscarem ativos mais seguros. Dólar cai e ações despencam no mundo todo.
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A guinada no rumo das eleições para presidente dos Estados Unidos na terça-feira (08/11) provocou uma convulsão generalizada nos mercados mundiais. O dólar americano caiu e as ações despencaram na manhã desta quarta, devido ao receio dos investidores que a vitória de Donald Trump possa mudar a ordem política global.
As bolsas asiáticas haviam aberto em alta, com os investidores convencidos da vitória da democrata Hillary Clinton, mas, à medida que Trump ampliava a vantagem na contagem dos votos, os mercados financeiros da Ásia e da Austrália começaram a cair.
O índice Nikkei da bolsa de Tóquio, por exemplo, caiu 5,36% (mais de 900 pontos), chegando aos 16.251,54 pontos. O segundo indicador da bolsa japonesa, o Topix, perdeu 4,57%, fixando-se nos 1.301,16 pontos no fechamento da sessão. Também caíram os índices de referência da bolsa de Hong Kong, da Coreia do Sul, Xangai, Shenzhen, Singapura, Índia e Austrália.
Em Frankfurt, o DAX, principal índice alemão, abriu em queda de 4%. Em Paris, a queda era de 2,7%. A convulsão também foi observada no mercado cambial, com o peso mexicano caindo para um dos valores mais baixos da sua história em desvalorizações que alcançaram 13%. Nos Estados Unidos e em Londres, as ações futuras, que indicam a tendência de abertura das bolsas, chegaram a perdas de 5% – pior até do que a ressaca causada pelo referendo sobre a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, em junho.
"Com o Brexit tivemos um dia ruim, mas isso é diferente. Isso é o mais assustador em se colocar o cargo mais poderoso do mundo nas mãos de um homem que muitos acreditam ser temperamentalmente instável ", disse Donald Selkin, estrategista-chefe de mercado da National Securities em Nova York, segundo reportagem da agência de notícias Reuters. "Seus cortes de impostos podem abrir um enorme rombo orçamentário e suas sanções comerciais podem suspender o comércio mundial. Tudo isso pode gerar uma recessão”, avaliou.
A busca dos investidores por ativos mais seguros, por outro lado, fez com que subissem títulos soberanos, assim como o iene japonês e o ouro.
IP/Lusa/Reuters
As construções mais polêmicas de Donald Trump
As megapropriedades não só trouxeram riqueza para Donald Trump, mas também dores de cabeça. Veja alguns empreendimentos do multimilionário pelo mundo.
Foto: Getty Images/S. Olson
Hillary na sombra de Trump
O primeiro debate entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, então ainda pré-candidatos do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, em outubro de 2015, aconteceu, literalmente, à sombra de Trump. Isso porque o Trump International Hotel and Tower em Las Vegas estende sua sombra sobre o Wynn Resort, onde estavam os democratas.
Foto: Getty Images/J.Raedle
Questão de gosto
A indignação em Chicago foi enorme quando se soube que Trump iria colocar seu nome em um novo prédio. O prefeito Rahm Emanuel chegou a chamar a construção de "brega e de mau gosto". Mas depois de cinco anos de processos judiciais, Trump conseguiu colocar seu nome no 16º andar em letras gigantescas.
Foto: Getty Images/S. Olson
Jogo de sorte ou de azar?
O Taj Mahal em Atlantic City, no estado de Nova Jersey, custou 1 bilhão de dólares. Só que, depois de 25 anos, em 2014 o complexo de hotel e cassino de Trump quase teve de declarar falência. Uma empresa de investimentos salvou o empreendimento, mas o nome Trump foi mantido. Já o hotel Trump Plaza em Atlantic City não teve a mesma sorte.
Foto: Getty Images/W.T.Cain
A sede em Nova York
Donald Trump se orgulha do seu centro de poder em Nova York. A Trump Tower, na Quinta Avenida, não é apenas a sede de sua campanha eleitoral: é onde o bilionário mora com a família. No prédio, também têm apartamentos o craque Cristiano Ronaldo, o ator Bruce Willis e o compositor Andrew Lloyd-Webber.
Foto: picture-alliance/AA
Símbolo controverso
Só o átrio já ocupa quase seis andares e é decorado com mármore e ornamentos de ouro. Alguns consideram a Trump Tower, no número 725 da Quinta Avenida, de mau gosto. Para outros, o projeto dos arquitetos Edward Larrabee Barnes e Der Scutt é elegante e atemporal. A torre tornou-se um ímã para os aficionados de arquitetura contemporânea e apoiadores de Trump.
Foto: picture-alliance/dpa/S.Reboredo
Riqueza em bairro pobre
O Trump Ocean Club, na Cidade do Panamá, tem um hotel de 400 quartos e 700 apartamentos, em parte ainda vazios. O edifício mais alto da América Latina até 2012 é conhecido pela sua silhueta única. A torre fica perto de um bairro pobre, o que reduziu sua atratividade.
Foto: Getty Images/AFP/R. Arangua
Resistência escocesa
Trump pretende construir na Escócia o "melhor campo de golfe do mundo". Só que o empreendimento está ameaçado porque Michael Forbes, um simples dono de terras, se nega a vender sua propriedade, que faz fronteira com o complexo. Durante uma visita ao local em junho, Trump elogiou o resultado do Brexit, embora a Escócia queira ficar na União Europeia.
Foto: Getty Images/J.-J. Mitchell
Trump no Oriente europeu
As Trump Towers em Istambul ficam no bairro Sisli, a parte europeia da Turquia, por isso são consideradas os primeiros arranha-céus de Trump na Europa. Só que de Trump tem apenas o nome, já que o proprietário é o bilionário turco Aydin Dogan. As declarações de Trump sobre o islã geraram a rejeição de muitos muçulmanos na Turquia.
Foto: Getty Images/O.Kose
Projetos no Brasil
Além do hotel que foi aberto no Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos, Trump tem outro projeto ambicioso na Cidade Maravilhosa: cinco edifícios de 38 andares da Trump Towers Rio, na zona portuária. O que era para ser o maior complexo de escritórios em um país dos Brics, porém, ainda nem saiu do papel. As obras deveriam ter começado em 2015.