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Líbia

25 de agosto de 2011

Diversos países pretendem não apenas apoiar a transição política na Líbia, como também participar do processo de reconstrução do país. Sobretudo a França, cujo apoio à missão da Otan foi decisivo para a vitória rebelde.

População depende de recursos para reconstruir país
População depende de recursos para reconstruir paísFoto: AP

Após anunciar para a próxima semana (01°/09) uma conferência de apoio aos rebeldes líbios, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, salientou sua posição favorável a um possível fim da missão da Otan no país. "No momento em que nossos amigos do Conselho de Transição disserem que o clã dos Kadafi não ameaça mais o povo líbio, exatamente neste momento terminaremos as operações militares da coalizão. E os soldados franceses, pilotos e membros da Marinha vão voltar para casa", declarou o presidente.

Na reconstrução do país, os rebeldes líbios pretendem recompensar aqueles Estados que os apoiaram na luta contra o ditador Muammar Kadafi. Nesta quinta-feira (25/08), o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Jalil, anunciou em Benghazi que cada país será tratado de acordo com o apoio que ofereceu aos rebeldes.

Como um dos primeiros e maiores apoiadores dos insurgentes contra o regime Kadafi, o governo de Sarkozy deverá lucrar com a vitória dos rebeldes, sem falar dos pontos que granjeou pouco antes de uma campanha eleitoral de reeleição que se anuncia.

O governo francês auxiliou os rebeldes sobretudo por via aérea, através de ataques que tinham por meta proteger a população do país e contavam, para isso, com o aval de uma resolução da ONU. Além disso, unidades especiais das Forças Armadas francesas treinaram combatentes muito inexperientes na conduta com armas de fogo. Somente na última quarta-feira (24/08) o ministro francês do Exterior, Alain Juppé, confirmou a presença destes "consultores" na Líbia.

Mahmoud Jibril e Nicolas SarkozyFoto: dapd

Recado às ditaduras que se perpetuam

A França foi ainda responsável pelo fornecimento de armas leves aos rebeldes. A missão custou ao Estado francês, de acordo com as primeiras estimativas, mais de um milhão de euros por dia. Mas valeu a pena, acredita o filósofo Bernard-Henry Lévy, que negociou em nome de Sarkozy com os rebeldes: "É claro que essa é uma vitória dos rebeldes, mas também da coalizão. E em primeiro lugar uma vitória da França, que conduziu essa coalizão com uma obstinação notável", afirmou Lévy.

Os resultados contam também pontos para Sarkozy, que, até então, não primava por seus feitos em termos de política externa, tanto que o início das revoluções nos outros países árabes quase passaram despercebidos para Paris. Talvez por isso tamanha a veemência, neste momento, das palavras do ministro Juppé às ditaduras que ainda se mantêm no poder na região.

"Temos uma política externa ambiciosa e uma boa defesa. Quando se trata de defender nossos valores e princípios que consideramos importantes, fazemos uso disso. Acho que tudo trará consequências notáveis para a Síria. Está muito claro que uma ditadura não pode mais permanecer no poder contra a vontade do povo", resumiu o ministro. O próprio Sarkozy também alertou o governo sírio, embora tenha excluído a possibilidade de uma missão militar no país.

Guido Westerwelle, ministro alemão do ExteriorFoto: dapd

Reconstrução da Líbia: interesse de muitos

Por sua vez, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, elogiou o desejo do povo líbio de se libertar e também as sanções internacionais contra o regime de Kadafi. Estas, declarou Westerwelle, enfraqueceram decisivamente o déspota. O ministro vê na atual transição uma comprovação da política alemã para a Líbia, que não incluiu, até agora, a participação das Forças Armadas. "Essa decisão foi correta, porque apostamos em soluções políticas", disse ele.

A Alemanha espera participar ativamente da reconstrução do país na era pós-Kadafi. Mas Berlim não está sozinha: o Reino Unido, a França, a Itália, os EUA, a Turquia e até a China já estão preparados para marcar presença na Líbia. Acima de tudo os países da Otan, que investiram pesado na missão militar em território líbio, farão de tudo para levar alguma vantagem no processo de reconstrução.

No momento, o Ministério alemão do Exterior concentra-se em manter boas relações com o Conselho Nacional de Transição. Se no primeiro semestre deste ano a premiê Angela Merkel ainda mantinha reservas contra o reconhecimento deste órgão como uma instância oficial, agora os representantes dos rebeldes já passaram a ser vistos como parceiros políticos, mesmo que ainda falte a eles estratégias mais concretas para conduzir a era pós-Kadafi que se inicia.

As lideranças do Conselho de Transição, de qualquer forma, são espertas o suficiente para manter boas relações com todos os lados. Investimentos e pareceres de especialistas serão obviamente bem-vindos no país que se encontra em grande parte destruído pela guerra.

Tão logo os bilhões de Kadafi, ainda congelados em contas fora do país, retornem aos caixas públicos na Líbia, não faltará dinheiro ao governo – nem uma avalanche de consultores e investidores estrangeiros, entre eles alemães, que agora correm atrás do prejuízo, após terem se abstido de votar a resolução da ONU sobre a Líbia e não terem participado dos ataques aéreos da Otan no país.

Autoras: D. Junghans / N. Werkhäuser / S. Vilela
Revisão: Carlos Albuquerque

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