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Vizinhos da Síria pressionam por mais ajuda para lidar com refugiados

28 de outubro de 2014

Em conferência em Berlim, Jordânia e Líbano dizem não terem mais capacidade para receber tantos sírios e pedem que UE intensifique engajamento pela superação da crise. Turquia afirma que ofensiva contra EI é pouco.

Foto: picture-alliance/dpa/Thomas Imo

Berlim recebeu nesta terça-feira (28/10) representantes de cerca de 40 países e organizações internacionais para uma conferência sobre os refugiados sírios, numa reunião que, embora não tivesse como objetivo a obtenção de doações, terminou com dinheiro como principal assunto.

A guerra civil na Síria tem forçado milhões a procurarem abrigo nos Estados vizinhos, sobretudo nos mais próximos, Jordânia, Líbano e Turquia. Esses três países aproveitaram a reunião na capital alemã para pedir mais ajuda à Europa para lidar com o problema.

O governo alemão prometeu para os próximos três anos ajudas no montante de pelo menos 500 milhões de euros para as nações vizinhas que recebem refugiados. A própria Alemanha abriga atualmente 70 mil sírios, sendo considerada exemplar na União Europeia.

A situação na Síria é especialmente urgente, com a proximidade de mais um inverno, o quarto, desde o início dos choques entre tropas do governo e rebeldes sírios.

O encontro desta terça foi promovido pelo chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, juntamente com o ministro do Desenvolvimento Gerd Müller e com o apoio do alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres.

Capacidade de acolhimento se esgota

"Se a comunidade internacional quer que nós arquemos por ela com esse peso, então precisa nos ajudar", afirmou o ministro jordaniano do Exterior, Nasser Judeh. Seu país, um dos mais pobres da região e entre os mais carentes de água no mundo, recebe no momento 1,5 milhão de refugiados, com os quais tem que dividir seus escassos recursos.

O número de moradores de certas localidades da Jordânia aumentou até 400%, com graves consequências para os sistemas de educação e saúde. Por exemplo, os planos de longa data do governo de reformar as escolas do país, afirmou Judeh, tiveram que ser adiados.

O primeiro-ministro libanês, Tammam Salam, mencionou que o enorme afluxo de refugiados tem um "efeito desestabilizador" sobre seu país. Segundo ele, o Líbano, de área e população relativamente pequenas, se encontra diante de "vários desafios", criando-se uma situação que oferece "solo fértil" para o extremismo.

Embora não tivesse como objetivo a obtenção de doações, reunião acabou com dinheiro como principal assunto.Foto: AFP/Getty Images/Tobias Schwarz

Salam lembrou que o Líbano acolheu mais de 1 milhão de sírios em fuga do conflito, mas que agora alcançou o limite de sua capacidade. Sua própria população é de 4,5 milhões, e a nação enfrenta sérios conflitos internos. Além disso, a economia nacional se encontra em declínio, o desemprego cresce, os aluguéis sobem e a infraestrutura está sobrecarregada.

Mais cooperação internacional

A Turquia também é afetada pela onda de refugiados, dos quais acolhe 1,5 milhão. Isso, segundo o vice-chanceler turco, Naci Koru, já custou 4 bilhões de dólares ao país, dos quais apenas 250 milhões foram reembolsados pela comunidade internacional.

Koru advertiu também que são insuficientes os atuais ataques aéreos da aliança internacional contra a milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) no norte da Síria.

Segundo Koru, a investida do EI contra a cidade fronteiriça curda de Kobane expulsou para seu país tantos sírios quanto os acolhidos por toda a Europa desde 2011. O político turco ressaltou, ainda, a necessidade de uma "estratégia abrangente".

As nações vizinhas da Síria presentes à reunião em Berlim expressaram o desejo comum de que a UE intensifique seu engajamento pela superação da crise na região, acolhendo mais refugiados. O alto comissário da ONU reforçou esse apelo por mais apoio internacional. Até o momento, o bloco liberou um total de 2,8 bilhões de euros para esse fim.

AV/afp/dpa/epd

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