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Modelo controvertido

22 de julho de 2010

A exportação floresce na Alemanha como se a crise jamais tivesse existido. Mas as críticas ao modelo econômico do país são audíveis. Vizinhos se sentem prejudicados e aconselham aos alemães menos contenção nos salários.

Volume de produtos exportados não dá sinais de criseFoto: picture-alliance/ dpa

Até pouco tempo, os exportadores da Alemanha gemiam sob o colapso da economia global. Porém hoje isso já é está quase esquecido e o comércio exterior floresce como há muito não ocorria. Em maio último, o setor acusou uma recuperação duas vezes superior ao esperado, com as empresas realizando vendas ao exterior num valor total de 77,5 bilhões de euros.

Com um crescimento de quase 30% em relação ao ano anterior, esta foi a maior alta da exportação alemã em dez anos. Entretanto Michael Heise, economista-chefe do grupo Allianz, aponta um defeito no tão eficiente modelo: por se apoiar muito nos bens de investimento, ele lucra desproporcionalmente com o boom conjuntural, mas sofre mais do que os outros em caso de uma queda.

Por outro lado, a ênfase da economia nacional se desloca gradativamente: as exportações alemãs para fora da Europa cresceram duas vezes mais do que as para dentro do continente. Sobretudo as vendas para os países emergentes como o Brasil e a China acusam uma elevação acima da média.

Críticas ao modelo

Christine Lagarde, ministra francesa das FinançasFoto: AP

Entretanto, a orientação exportadora dos alemães não lhes trouxe apenas amigos, já que o superávit de uns é o prejuízo de outros. A primeira a criticar o unilateral modelo da Alemanha foi a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde. Ela classificou os excedentes de exportação dos alemães como insustentáveis para seus vizinhos europeus, por se basearem na contenção dos aumentos salariais. Michael Heise aceita, em parte, a crítica de Lagarde.

"Esse é o aspecto negativo do modelo exportador, e também o motivo por que é necessário fortalecer as colunas da conjuntura e da demanda internas. Acho que essa deve ser nossa meta. É o que os parceiros internacionais exigem como contribuição para o combate aos desequilíbrios, e nisso também precisamos demonstrar iniciativa."

Estratégias alternativas

Michael Heise economista-chefe do Grupo AllianzFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

O cerne da questão é se são apenas os países do sul da Europa – endividados e de baixa competitividade – que devem mudar, ou se também a Alemanha fortalecida pode contribuir para o retorno de um equilíbrio estável ao continente.

Apesar da valorização crescente do euro em relação ao dólar norte-americano, as exportações alemãs aumentaram 65% entre os anos 2000 e 2008. Isso favoreceu consistentemente a competitividade do país, mas só foi possível não equiparando os salários à produtividade, o que equivale a uma desvalorização de fato.

Porém que estratégia a Alemanha deveria adotar para minorar os desequilíbrios? O economista-chefe da Allianz tenta responder: "Ela não pode consistir em assumirmos ainda mais dívidas públicas e multiplicar artificialmente a demanda estatal. Devemos é incentivar o consumo privado e os investimentos".

Heise aponta, ainda, os campos onde seu país precisa realmente avançar com mais rapidez. "Acho que há uma série de possibilidades no tocante às políticas de mercado de trabalho e de ocupação profissional; também nas questões estruturais de nosso sistema tributário, ou nas condições para investimentos: redução da burocracia, abertura para a tecnologia e estratégias afins."

Autor: Rolf Wenkel (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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