Ir à Copa do Mundo e não assistir a um jogo no estádio? O que parece uma contradição está para se transformar numa tendência à qual torcedores de todo o mundo precisam ir se acostumando. O interesse pelo futebol cresceu em todo o planeta de forma desproporcional à possibilidade de satisfazer o sonho de todos os torcedores de ver in loco sua seleção jogar num mundial. "Por maior capacidade que os estádios tenham, eles não são capazes de atender à demanda", afirma Adriana Martins, representante do Centro do Turismo Alemão (DZT) no Brasil.

Excesso de interessados, escassez de ingressos. Cenário ideal para os cambistas. Para combatê-los, assim como a falsificação, e garantir entradas a preços oficiais, iguais para todos, os ingressos para a Copa 2006 são nominais e sua venda realizada em grande parte por sorteio entre os candidatos.

Ingressos sem sorteio

Só há um jeito de se reservar viagem e ingressos juntos: através das operadoras oficiais, credenciadas pela Fifa. Uma por país. Cada uma destas operadoras tem direito a 8% das entradas para as partidas de seus países. E somente destes. Para a torcida verde-amarela, esta oportunidade está na Planeta Brasil, a única no país que, além de oferecer pacotes de hospedagem e excursões, dispõe de ingressos para seus clientes.

"Quem comprar um pacote de viagem conosco, se quiser pode adquirir também entradas para os jogos do Brasil em todas as fases do mundial, inclusive a final. Caso a seleção brasileira seja eliminada, as reservas para os demais jogos perdem validade e o cliente recebe de volta o valor equivalente em euros a estas partidas, menos 3% relativos a despesas bancárias", explica Antônio Rei, diretor da Planeta Brasil. Os pacotes com ou sem ingressos são vendidos exclusivamente através de agências de viagem.

O Centro do Turismo Alemão calcula que 10 mil torcedores sairão do Brasil para a Copa na Alemanha, contra sete mil que foram à França em 1998 e três mil ao Japão e Coréia do Sul em 2002. Sozinha, a Planeta Brasil prevê vender 4,5 mil pacotes. Segundo seu presidente, Wagner Abrahão, já haviam sido comercializadas até o fim de agosto duas mil viagens, entre pacotes individuais ou de incentivo contratados por empresas.

Para viver clima de Copa, não precisa ingresso

Outras operadoras também estão oferecendo pacotes para o mundial, mas sem ingressos, que neste caso têm de ser obtidos por sorteio no site da Fifa (verifique os períodos de inscrições e inscreva-se no próprio site da Fifa). "Conheço vários brasileiros que já foram sorteados", afirma Adriana Martins, do DZT.

Mas, mesmo sem ingresso, vale a pena ir ao mundial, assegura a representante do Centro do Turismo Alemão. "O clima da Copa não vai estar somente dentro dos estádios. As grandes cidades vão instalar telões gigantes em praças. Nelas, além de ver os jogos, os torcedores vão poder se confraternizar com gente de todo o mundo e ainda beber cerveja alemã", observa Adriana, ressaltando que dentro dos estádios só será vendida a americana Budweiser, patrocinadora oficial. "É o início de uma nova era em copas do mundo, em que ir ao estádio não é o mais importante."

Leia na página seguinte algumas opções de pacotes de viagens e dicas importantes

Algumas opções de pacotes e dicas úteis

A torcida oficial: Em parceria com a prefeitura local, a Planeta Brasil está preparando Colônia para hospedar a torcida canarinho. Além de excelente rede hoteleira e ambiente favorável à descontração brasileira, a cidade fica em lugar estratégico, às margens do Rio Reno. As sedes de jogos mais distantes, Berlim e Munique (cerca de 570 km), ficam a menos de cinco horas de viagem de trem.

A operadora terá composições fretadas exclusivamente para levar seus grupos aos jogos do Brasil que se realizarem a mais de 250 km de Colônia. Aos demais, o deslocamento será em ônibus de luxo. Pacotes terrestres a partir de 3454 euros (11 noites) por pessoa. Passagens aéreas Rio/São Paulo–Frankfurt–Rio/São Paulo: cerca de 1580 dólares. Ingressos: 35 a 600 euros por jogo. Excursões à parte.

Para quem vai à Copa mas também pretende sair das fronteiras alemãs, Colônia tem rápido acesso a cidades como Amsterdã, Bruxelas, Londres e Paris. Dá até para ir e voltar no mesmo dia e, às vezes, com tarifas surpreendentes. Para a capital inglesa, por exemplo, várias companhias oferecem vôos do tipo low cost mais baratos que o táxi para chegar ao aeroporto.

Copa em Liberdade: Elaborados pela operadora Nett Voyages, os pacotes incluem passagens aéreas Brasil–Alemanha–Brasil, carro (de cinco a sete lugares) e hospedagens na rede Best Western. O cliente pode elaborar seu próprio roteiro e fazer reserva nos hotéis conforme seu plano particular. Pode também arriscar a hospedar-se no primeiro Best Western que encontrar no caminho, mas dependerá, claro, de haver quarto livre. A partir de 3690 euros por pessoa (17 dias).

Ônibus na Copa 2006: As empresas Socaltur e TT Operadora, ambas da rede Lufthansa City Center, contrataram um ônibus que passará a Copa circulando pela Alemanha e países vizinhos. Conforme o pacote reservado, varia o tempo de permanência no grupo e o local de embarque e desembarque no ônibus. O roteiro foi elaborado de forma que o grupo esteja sempre nas proximidades de onde o Brasil vai jogar (considerando ser cabeça-de-chave do Grupo F e sempre as melhores hipóteses). Pacotes (com parte aérea e hotel) a partir de 4260 euros (14 dias). Deslocamento para os estádios e excursões extras não incluídos.

Motorhome na Copa 2006: A locadora Mobility criou este produto que concilia transporte terrestre e hospedagem num só veículo, deixando o torcedor livre para fazer seu roteiro. Os veículos são recomendados para duas a seis pessoas (sendo duas crianças). Pacotes a partir de 1480 euros (14 dias) por pessoa em grupo de quatro. Não inclui parte aérea, nem pernoite em camping.

Outros pacotes: Algumas operadoras e agências oferecem pacotes com hospedagem, traslados e excursões, com e sem parte áerea internacional. Os preços variam.

Por conta própria: Há ainda a possibilidade de o torcedor montar sua própria viagem. Escolher a companhia aérea que desejar (não precisa ser necessariamente um vôo direto), seu local de hospedagem (os sites das cidades alemãs costumam ter links para as mais diversas opções) e suas formas de deslocamento pelo país (carro alugado, trem ou avião). Não esquecer do seguro-viagem, oferecido nos pacotes e obrigatório para a entrada no país.

Importante: Recomenda-se que o interessado procure se informar com o vendedor sobre todas as despesas não incluídas, para evitar surpresas desagradáveis. Também é indispensável pedir orientação sobre questões importantes, como carteira de habilitação e a necessidade de o passaporte ser válido por pelo menos mais quatro meses na data de chegada à Alemanha.