Volks anuncia revisão de investimentos após escândalo
6 de outubro de 2015
Presidente da montadora afirma que mudanças para superar crise após fraude nos testes de emissões não ocorrerão "sem esforço" e prevê corte de investimentos não urgentes. Conselho de funcionários descarta demissões.
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A Volkswagen enfrenta aquela que pode ser a maior crise de seus 78 anos de história, enquanto luta para reparar os danos causados pela fraude nos testes de emissões de gases poluentes de seus veículos a diesel. Em reunião com os funcionários nesta terça-feira (06/10), o novo presidente da montadora, Matthias Müller, alertou que mudanças na empresa não ocorrerão "sem esforço".
"Há soluções técnicas para o problema à vista. Entretanto, as consequências às finanças e aos negócios ainda não estão claras", disse Müller.
"Estamos revisando todos os investimentos previstos. O que não for absolutamente necessário será cortado ou adiado. Faremos, portanto, ajustes em nosso programa de eficiência. E digo abertamente: isso não ocorrerá sem sacrifícios", alertou o presidente.
A recente revelação sobre esquema de manipulação em larga escala nos testes já custou à empresa um terço de seu valor, e causou danos significativos à sua imagem em escala mundial.
Promotores públicos em diversos países lançaram investigações contra a Volkswagen, que poderá receber multas de mais de 18 bilhões de dólares apenas nos Estados Unidos.
Em carta aos parlamentares alemães publicada nesta terça-feira ano jornal alemão Handelsblatt, a Volkswagen afirma que a maioria dos 11 milhões de veículos a diesel equipados com o software que manipula os dados das emissões de poluentes – cerca de oito milhões – estão na União Europeia.
No documento, publicado um dia antes da Volkswagen fornecer ao governo alemão detalhes sobre o esquema de manipulação, a empresa diz que o escândalo resultou da "má conduta de alguns poucos indivíduos".
Empregos assegurados
Entretanto, o presidente do conselho de funcionários da Volkswagen, Bernd Osterloh, assegura que não haverá demissões. "A boa notícia, até o momento, é que não haverá consequências para os empregos", afirmou numa reunião de mais de vinte mil funcionários na sede da empresa em Wolfsburg.
"Faremos de tudo para assegurar os empregos", disse Osterloh, que representa os trabalhadores no conselho de supervisão da Volkswagen. "Juntos, iremos convencer os mercados financeiros da força da Volkswagen", afirmou, convocando trabalhadores e administradores a trabalharem juntos para superara a crise.
Ele apontou que o conselho de funcionários irá acompanhar de perto a distribuição de bônus ao quadro administrativo da empresa e ressaltou que os trabalhadores "não irão pagar a conta dos erros cometidos por um grupo de diretores".
O conselho de supervisão da Volkswagen irá se reunir nesta quarta-feira para avaliar a atual situação da empresa. É aguardada a nomeação do diretor financeiro Dieter Poetsch como o novo presidente do conselho.
RC/rtr/dpa
Dez coisas que você talvez não saiba sobre a VW
Abalada por recente escândalo de manipulação de emissões, Volkswagen reúne uma série de fatos curiosos em sua trajetória – de Adolf Hitler ao Fusca e aos lucros bilionários.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Wagner
Carro popular
Você sabia que Volkswagen (carro popular, em alemão) foi uma ideia de Adolf Hitler, desenvolvida por Ferdinand Porsche, fundador da marca homônima? Em 1938, Hitler chegou a construir uma cidade inteira para abrigar a fábrica e seus trabalhadores nas proximidades de Fallersleben, no estado da Baixa Saxônia. Em 1945, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg, onde até hoje se situa a sede da Volks.
Foto: DW/J. Dumalaon
Sucesso mundial
Conhecido na Alemanha como "Käfer" (besouro), o Fusca liderou durante muito tempo a lista dos carros mais vendidos no século 20. Antes de a produção ter sido encerrada em 2003, mais de 21,5 milhões de Fuscas foram vendidos no mundo todo.
Foto: DW/E. Schuhmann
As muitas faces da Volks
A empresa percorreu um longo caminho desde a década de 1930. Atualmente, o Grupo Volkswagen engloba 12 marcas. Os carros da Audi, Bentley, Lamborghini, Porsche e Skoda estão entre as mais comercializadas, respondendo por 37% das vendas de 2014.
Foto: Audi AG
Domínio de mercado
Hoje, a Volkswagen realmente faz jus ao nome "carro popular". Mais de um em cada três carros vendidos na Alemanha é do Grupo Volks, com a montadora detendo uma parcela de 36% do mercado alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Um em cada dez
Mundialmente, mais de 10% de todos os carros vendidos no ano passado levava o símbolo de uma das marcas do Grupo Volkswagen. A companhia vendeu mais de 10,2 milhões de veículos em 2014. Por volta de 70% desse total foi comercializado fora da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Z. Junxiang
EUA: mercado difícil
O cobiçado mercado americano tem mostrado ser uma "pedra no sapato" da montadora alemã. Apenas 6% dos carros produzidos mundialmente pela companhia, por volta de 600 mil, foram vendidos nos EUA no ano passado. Apesar de investimentos imensos, a parcela da Volks nesse disputado mercado gira em torno de 2%, muito atrás de concorrentes como GM, Ford e Toyota.
Foto: picture-alliance/dpa
Primeira posição em jogo?
Em julho, a Volks ultrapassou a Toyota como a maior vendedora de carros do mundo. A montadora alemã também lidera o ranking das montadoras em termos de receitas. Em 2014, a companhia registrou um volume de vendas de 202,5 bilhões de euros. Descontados os impostos, o lucro foi de 11,1 bilhões de euros. Mas, depois do escândalo de emissões, analista alertam para o risco de perda da "pole position".
Foto: picture-alliance/dpa
Empregador global
Até 31 de dezembro de 2014, o grupo empregava aproximadamente 600 mil trabalhadores, tornando-se assim um dos maiores empregadores em todo o mundo. Desses, mais de um terço, cerca de 270 mil empregados, trabalha na Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
Maior indústria alemã
A indústria automobilística é o maior setor da economia alemã, sendo impulsionada pelas chamadas "três grandes": Daimler, BMW e Volks. A indústria emprega cerca de 800 mil trabalhadores, quase 2% da força de trabalho alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Sucesso de exportação
A receita total da indústria automotiva alemã chegou a quase 370 bilhões de euros no ano passado. O setor respondeu por quase um quinto das exportações do país e cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.