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Volks suspende lobista-chefe em meio a escândalo

30 de janeiro de 2018

Montadora alemã afasta diretor Thomas Steg após acusações de que companhia patrocinou testes nos quais macacos foram expostos a emissões de poluentes de motores a diesel.

Thomas Steg
Steg reconheceu que havia sido informado sobre o teste com os macacos antes de ele ser realizadoFoto: imago/W.P. Prange

A montadora alemã Volkswagen afastou nesta terça-feira (30/01) do cargo seu lobista-chefe, Thomas Steg, após ter sido divulgado que a empresa patrocinou a realização de testes nos quais macacos e humanos foram expostos a emissões de poluentes de motores a diesel.

A Volkswagen afirmou que a direção da empresa "aceitou o pedido de licença temporária" de Steg e o retirou de suas funções "até que o ocorrido seja totalmente esclarecido".

"O senhor Steg declarou que assume toda a responsabilidade, e eu respeito isso", afirmou o presidente da Volkswagen, Matthias Müller, segundo o comunicado da empresa.

Müller disse que estão sendo investigados "detalhadamente" os trabalhos realizados pela Associação Europeia de Pesquisa em Meio Ambiente e Saúde no Setor de Transportes (EUGT) – grupo lobista financiado por Volkswagen, BMW e Daimler – para "adotar todas as consequências necessárias".

Na noite de segunda-feira, durante uma recepção com empresários, ele considerou que os testes foram "repugnantes e antiéticos".

Segundo o jornal The New York Times, a EUGT – extinta em 2017 – encomendou em 2014 uma pesquisa nos Estados Unidos na qual macacos, trancados numa sala, inalaram dióxido de nitrogênio (NO2) emitido por um VW Beetle ao longo de quatro horas para verificar os efeitos sobre o sistema respiratório e a circulação sanguínea.

Segundo o jornal alemão Stuttgarter Zeitung, teste semelhante foi realizado com 25 cobaias humanas em Aachen, na Alemanha, em 2013 e 2014. Ao longo de quatro semanas, 19 homens e seis mulheres – todos jovens e saudáveis – foram expostos a diferentes concentrações de dióxido de nitrogênio (NO2) uma vez por semana, por três horas.

Steg declarou nesta terça-feira que os testes em que macacos foram expostos a emissões de diesel para tentar demonstrar que o combustível não é tão nocivo para a saúde não deveriam ter acontecido.

Em entrevista ao jornal alemão Bild, ele relatou que foi informado por e-mail que a EUGT pretendia fazer experiências com humanos. "Respondi que, naturalmente, não podia admitir isso", disse Steg, que afirmou que esse estudo "então não foi realizado".

O gerente acrescentou que, depois de os testes com humanos terem sido rejeitados, em junho de 2013 a EUG decidiu realizar o estudo com macacos e, segundo ele, foram respeitados os padrões científicos internacionais. Steg considerou, no entanto, que "sob a perspectiva atual, o estudo não deveria ter sido executado, mesmo que em diferentes condições".

Ele afirmou que a Volkswagen vai renunciar completamente a experimentos com animais e que a empresa vai localizar os macacos usados no teste para ver como eles estão.

Em relação aos testes feitos com humanos em Aachen, Steg afirmou ao Bild que os voluntários foram expostos a níveis muito menores do que os encontrados em muitos escritórios e que nenhum deles sofreu qualquer dano à saúde.

Steg já trabalhou para o governo alemão, de 2002 a 2009, tendo sido vice-porta-voz dos chanceleres Gerhard Schröder e Angela Merkel. O cargo dele será temporariamente ocupado pelo diretor Jens Hanefeld.

AS/efe/afp/rtr/dpa

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