Volta ao passado na Casa do Emigrante
8 de agosto de 2005Em aproximadamente dois mil metros quadrados, o visitante pode fazer uma verdadeira viagem no tempo, em direção ao século 19. Um período em que milhões de alemães deixavam o país. A Casa do Emigrante (Auswandererhaus), inaugurada nesta segunda-feira (08/08) em Bremerhaven, pretende servir tanto como centro de documentação quanto como uma espécie de "viagem ao passado". E espera receber 170 mil visitantes por ano, provenientes de vários países do mundo.
Para isso, dois cenógrafos criaram um ambiente que reconstrói a atmosfera de cem anos atrás. Não apenas os navios, mas também malas, caixas, pacotes por todos os lados. O visitante, conta a diretora do museu, Sabine Süss, "tem mesmo a sensação de estar deixando algum lugar".
Satisfação e medo
Além da viagem em si, o museu relembra os fatores que levaram milhões de pessoas a deixar a Alemanha. Helga von Schweinitz, por exemplo, saiu do país em 1957, a bordo do navio Italia. "Foi uma mistura de satisfação pelo desconhecido, mas na hora dava também medo por tudo aquilo que eu estava deixando para trás. Principalmente por meu pai, que ficou em terra firme, acenava para mim e chorava", conta Von Schweinitz.
Durante um século inteiro, navios e mais navios cruzaram o Atlântico, com destinos os mais diversos, entre eles o Brasil. "Aqui estão as cabines", conta Süss, enquanto mostra a réplica de um navio. "Este era o lugar onde as pessoas realmente ficavam durante a viagem que durava 70, 80 dias, até os EUA. O espaço nos navios era muito reduzido. Isso sem contar que as pessoas não se conheciam e, muitas vezes, nem falavam a mesma língua", observa Süss.
Biografias como exemplo
Apenas no século 19, nada menos que 35 milhões de pessoas fizeram as malas e se foram para o outro lado do mundo. Na Casa do Emigrante em Bremerhaven, 15 histórias são recontadas em detalhe, servindo de "guia" pelo museu para o visitante. Em todas elas, as razões pelas quais essas pessoas deixavam a Alemanha ficam claras. Como no caso de uma médica, por exemplo, que teve que sair do país durante o nazismo por ser judia, não tendo podido nunca trabalhar mais em sua profissão.
O visitante pode ainda pesquisar, num fórum interativo, sobre assuntos ou nomes que forem de seu interesse. É possível, por exemplo, ir em busca das raízes de uma família, verificando se determinados nomes e sobrenomes constam da lista de passageiros que deixaram Bremerhaven de navio em algum momento.
Volker Schmeissner, por exemplo, foi um deles, tendo deixado a cidade no navio United States, em 1961, quando tinha 26 anos. "Foi o último ponto da Alemanha que vi. Guardei essa imagem na memória e sempre me perguntei onde poderia encontrar minhas raízes documentadas", diz Schmeissner. Agora boa parte delas está na Casa do Emigrante, em Bremerhaven.