Doping
26 de julho de 2007Após a expulsão do líder da Volta da França, o dinamarquês Michael Rasmussen, da equipe Rabobank; após a saída do cazaque Alexander Vinokurov e de sua equipe Astana do torneio; após a prisão do ciclista italiano Cristian Moreni e da desistência de toda a sua equipe da competição – após todos esses acontecimentos ligados ao doping, somente nos últimos três dias, a opinião do diário francês Libération foi: "Parem a volta".
Principalmente com a saída de Michael Rasmussen os pedidos para uma interrupção da Volta da França ficaram mais veementes. Pouco antes da meia-noite de quarta-feira (25/07), o time do Rabobank anunciou a suspensão de Rasmussen. O ciclista teria, repetidamente, violado a obrigatoriedade de se apresentar ao controle de doping.
Nível elevado de testosterona
Testados positivamente, em uma primeira amostra, foram o cazaque Alexander Vinokourov, acusado de receber uma transfusão de sangue com doping, e o italiano Christian Moreni, em quem foi constatado um nível elevado de testosterona. O alemão Patrik Sinkewitz, da equipe T-Mobile, já havia sido suspenso, na semana passada, devido à mesma acusação.
Após as acusações de doping de Sinkewitz, as redes públicas de TV alemãs ARD e ZDF suspenderam as transmissões ao vivo da competição, que continua a ser transmitida pelas TVs privadas Sat.1 e Eurosport. "Na posição que assumimos de que nós não somos juízes do doping, nada mudou", afirmou a porta-voz da Sat.1, Kristina Fassler, nesta quinta-feira.
Financiamento público do Mundial de Ciclismo
Também na quinta-feira, o porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, afirmou que o governo alemão irá retirar o financiamento público do Mundial de Ciclismo, a ser realizado em Stuttgart, se a União Internacional de Ciclismo (UCI) não assinar a lista de condições do governo para o patrocínio do evento.
Segundo Steg, o acordo prevê controles de doping ainda mais acirrados do que os da Volta da França. Quanto a uma possível não realização do Mundial, o porta-voz comentou que este seria um tema em que o governo não poderia se meter.
Segundo o Ministério alemão do Interior, após a Volta da França haverá um encontro entre representantes da prefeitura de Stuttgart, do governo do Estado de Baden-Württemberg e das associações de ciclismo para discutir o Mundial, que deverá ser realizar no final de setembro próximo.
"Temos que salvar este patrimônio nacional francês"
Para o diretor da Volta da França, Christian Prudhomme, no entanto, os casos recentes de expulsão seriam "O melhor que poderia ter acontecido à Volta", acrescentando que "Nós temos que salvar este patrimônio nacional francês".
O novo líder da prova é agora o espanhol Alberto Contador, também envolvido em suspeita de doping. Seu nome está ligado ao do médico espanhol Eufemiano Fuentes, acusado de ser o manipulador de um cartel de comércio de sangue com doping.
"O nome de Contador somente aparece na transcrição de uma ligação telefônica, mas não tem nenhuma conexão com Fuentes", afirmou o presidente da Volta, Patrice Clerc.
A possibilidade de interrupção do torneio foi, veementemente, contestada pelo diretor Prudhomme. "Nós não podemos fazer isto com os muitos e honestos jovens ciclistas e as centenas de milhares de espectadores à beira das estradas", afirmou o diretor.
Casos de doping provocam crítica e ironia da imprensa mundial
O jornal italiano Corriere dello Sport afirmou: "Um escândalo após o outro atropela a Volta. Mais um dia escandaloso. O grupo terrorista ETA colocou duas bombas no percurso da Volta. Os casos Rasmussen e Moreni providenciam duas outras explosões".
O Los Angeles Times americano noticiou: "Nada pode mais superar as acusações de doping no esporte, após o que ocorreu na quarta-feira. Rasmussen, líder da Volta, foi suspenso somente quatro dias antes de ultrapassar a linha de chegada como vencedor".
O diário suíço Neue Zürchner Zeitung é mais mórbido: "A Volta está morta. Depois da suspensão de Rasmussen, os pedidos para uma interrupção da Volta ficam cada vez mais fortes. A Volta desembocou em um caos".
E o austríaco Die Presse ironiza: "A Volta é a melhor farmácia de viagem". (ca)