Voluntários brasileiros começam a testar vacina chinesa
21 de julho de 2020
Primeiros 890 profissionais da saúde receberão as doses a partir desta terça-feira. Se for comprovada efetividade, Instituto Butantan tem capacidade para produzir até 100 milhões de doses.
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Voluntários brasileiros começam a receber nesta terça-feira (21/07) uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pela China. As doses fazem parte da terceira fase da pesquisa e serão aplicadas em 890 profissionais da saúde, no Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Os pesquisadores do hospital vão analisar os voluntários a cada duas semanas. A estimativa é concluir as primeiras análises em até três meses.
Os outros 11 centros de pesquisa que participarão desta fase de testes no Brasil receberão as doses de forma escalonada. A terceira etapa é a última antes do registro e deve determinar se a vacina é realmente eficaz.
No total, participarão desta fase nove mil voluntários que trabalham em instalações especializadas para covid-19 no Distrito Federal e em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
A carga com 20 mil doses da vacina desenvolvida pela empresa farmacêutica chinesa Sinovac Biotech desembarcou na madrugada de segunda-feira no Aeroporto Internacional de Garulhos. Entre os recrutados para os testes, metade receberá duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias e a outra metade receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem efeito.
Os testes serão acompanhados por uma comissão de pesquisadores internacionais, que terão acesso à plataforma científica para observar o andamento e garantir transparência em todo o processo. Se houver sucesso, a vacina será produzida a partir de 2021 pelo Instituto Butantan, que já está adaptando uma fábrica. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. Além disso, se a vacina for realmente efetiva, o instituto vai receber da Sinovac, até o fim do ano, 60 milhões de doses para distribuição.
Em coletiva de imprensa na segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que, embora os primeiros testes sejam em São Paulo, a vacina será disponibilizada a todos os brasileiros.
"Isso será feito através do SUS, Sistema Único de Saúde, universal e gratuito a todos os brasileiros. O Instituto Butantan terá todo o domínio da tecnologia, é isto que prevê o acordo com o laboratório Sinovac", explicou Doria.
Os voluntários devem ser profissionais da saúde que estejam trabalhando no atendimento a pacientes com covid-19. Além disso, não podem ter sofrido infecção provocada pelo novo coronavírus, nem ter participado de outros estudos. As mulheres não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é não ter doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.
A situação alarmante da pandemia no Brasil, que já contabilizamais de 80 mil mortes por covid-19, torna o país um local propício para testes. Além da vacina chinesa, o Brasil também está participando da fase 3 de outra vacina experimental, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, pela empresa farmacêutica AstraZeneca.
De acordo com pesquisadores, ela é segura e induziu uma resposta imune, segundo resultados preliminares divulgados na segunda-feira. Os cientistas informaram que testes em 1.077 pessoas com idades entre 18 e 55 anos mostraram que a vacina foi capaz de estimular a produção de anticorpos e células T (células do sistema imunológico que destroem outras células contaminadas por vírus ou bactérias). Os resultados abordam as duas primeiras fases de testes. A terceira fase de estudos clínicos, mais ampla e que inclui testes em 50 mil pessoas, ainda está em andamento. Ela inclui testes em 5 mil voluntários brasileiros e está sendo feita em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Outra vacina, desenvolvida pela empresa chinesa estatal Sinopharm, entrou este mês na fase 3 nos Emirados Árabes Unidos. Entre as mais de 160 iniciativas para encontrar uma forma de imunização segura contra a covid-19, essas três pesquisas são as que estão em estágio mais avançado.
Vacinas protegem o corpo, criando resistência contra doenças. As vacinas são feitas com substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, quando introduzidos no organismo, estimulam a reação do sistema imune.
Foto: picture-alliance/imagebroker
Catapora
Também chamada de varicela, é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Os principais sintomas são manchas vermelhas e bolhas no corpo, acompanhadas de muita coceira, mal-estar, dor de cabeça e febre. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto, tronco e couro cabeludo e, depois, se espalham. Em alguns dias, elas começam a secar e cicatrizam.
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Sarampo
É uma doença infecciosa grave, que pode ser fatal, causada por um vírus do gênero Morbilivirus, transmitida através de secreção oral ou nasal. É tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Os principais sintomas são: manchas avermelhadas na pele, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, otite, pneumonia e encefalite.
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Hepatite B
Um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil, a B é causado por um vírus. A falta de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico. Muitas vezes, é detectada décadas após a infecção, por sintomas como tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Hepatite B não tem cura, mas o tratamento pode reduzir o risco de complicações, como cirrose e câncer hepático.
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Caxumba
É uma infecção viral aguda e contagiosa, que na maioria das vezes afeta as glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao ouvido. É causada por um vírus e transmitida através de gotículas de saliva. O sintoma mais característico é o aumento das glândulas salivares. O agravamento da doença pode levar à surdez ou esterilidade.
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Rubéola
É uma doença viral aguda, altamente contagiosa. A forma congênita, transmitida da mãe para o filho durante a gestação, é a mais grave porque pode provocar, por exemplo, surdez e problemas visuais no bebê. A transmissão acontece por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar. Os principais sintomas são dor de cabeça e no corpo, ínguas, febre e manchas avermelhadas.
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Difteria
É uma doença transmissível causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou por lesões na pele. Entre os principais sintomas estão: membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, gânglios inchados e dificuldade para respirar.
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Tétano
Ao contrário da maioria das doenças evitadas com vacina, o tétano não é contagioso. É causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que, sob a forma de esporos, é encontrada em fezes, na terra, em plantas e em objetos e pode contaminar pessoas por meio de lesões na pele, como feridas, cortes ou mordidas de animais. Um dos sintomas é a rigidez muscular em todo o corpo.
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Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch. Afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A transmissão ocorre pela respiração, por espirros e pela tosse.
Foto: picture-alliance/BSIP/NIAID
Febre Amarela
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os principais sintomas são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. No ciclo silvestre, os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes e, no ciclo urbano, é o Aedes aegypti.
Foto: R. Richter
Coqueluche
É uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Se não for tratada, pode levar à morte de bebês menores de seis meses. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. No começo, os sintomas são parecidos com os de um resfriado, mas podem evoluir para tosse severa e descontrolada, comprometendo a respiração.
Foto: Imago Images/blickwinkel/McPhoto
Poliomielite
Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, acontecem paralisias musculares irreversíveis. Devido à intensa vacinação, com a famosa "gotinha", no Brasil não há circulação do vírus desde 1990.