Votos antecipados já são mais da metade do total de 2016
28 de outubro de 2020
Setenta milhões de eleitores americanos já votaram, indicando que participação no pleito presidencial será alta. Votação é especialmente elevada em estados disputados acirradamente por Trump e Biden.
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A uma semana da eleição presidencial nos Estados Unidos, mais de 70 milhões dos mais de 230 milhões de eleitores já votaram, sendo quase 48 milhões por correspondência e os demais, por voto presencial antecipado.
O número é recorde e também equivale a mais da metade de todos os votos na eleição de quatro anos atrás. Em 2016, cerca de 138 milhões de eleitores votaram, segundo a autoridade eleitoral.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, já se esperava que, neste ano, muitos eleitores fizessem uso da opção de votar antecipadamente.
A participação é especialmente elevada no Texas (7,8 milhões), na Flórida (6,4 milhões) e na Carolina do Norte (3,4 milhões), três estados que estão sendo disputados acirradamente pelos dois principais candidatos, o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden. No Texas, a participação atual já representa 87% do total de quatro anos atrás.
A Califórnia, tradicional bastião democrata, também está entre os estados onde mais eleitores já votaram (7,9 milhões).
Biden concentra esforços em estados republicanos
Biden, que lidera com larga folga nas pesquisas eleitorais, têm concentrado sua campanha nos últimos dias em estados que normalmente são tidos como certos para os republicanos.
É o caso da Geórgia, estado conservador do sul que não apoia um candidato presidencial democrata desde 1992 e onde Biden concentrou nesta terça-feira a sua agenda de campanha.
Ainda nesta semana, o democrata pretende viajar para o Iowa, estado que Trump conquistou com vantagem de dez pontos percentuais nas presidenciais de 2016.
A companheira de Biden na corrida à Casa Branca, a senadora e candidata à vice-presidência Kamala Harris, concentra os esforços da campanha democrata no Arizona e no Texas, onde os republicanos não perdem nenhum cargo desde 1994, naquela que é a mais longa série de vitórias políticas no país.
Este calendário agressivo em estados fortemente associados ao Grand Old Party (GOP), nome pelo qual também é conhecido o Partido Republicano, está sendo encarado como um sinal de confiança por parte da campanha de Biden, que tenta ampliar o mapa eleitoral dos democratas.
O vencedor da eleição presidencial dos Estados Unidos (que é escolhido por voto indireto) tem de assegurar, no mínimo, 270 dos 538 delegados que compõem o colégio eleitoral.
Outro trunfo da campanha de Biden é a entrada, nesta reta final, do ex-presidente Barack Obama. Na Flórida, Obama reiterou que as eleições de 3 de novembro "são as mais importantes" na vida dos americanos e apelou aos democratas para votarem em massa.
"Este presidente reclama para si todo o crédito por uma economia que herdou, e rejeita qualquer responsabilidade por uma pandemia que ignorou", afirmou Obama em Orlando, durante um comício num estacionamento, com os participantes em seus veículos.
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Ritmo frenético na campanha de Trump
Do lado da campanha de Trump, o ritmo é frenético, com eventos em vários estados no mesmo dia, numa tentativa de reverter a vantagem de Biden nas pesquisas.
Só nesta terça-feira, a agenda da campanha de Trump passou pelas cidades de Washington e Las Vegas e pelos estados do Michigan, Wisconsin e Nebraska, todos localizados na região conhecida como Midwest (Meio-oeste).
Esse calendário espelha um contra-ataque da campanha de Trump, concentrada em estados que são tradicionalmente democratas.
A primeira-dama, Melania Trump, participou de um ato de campanha num estado igualmente disputado, a Pensilvânia, onde buscou o voto das mulheres. Foi a primeira participação dela depois do diagnóstico de covid-19.
AS/lusa/ard
Que poderes tem o presidente americano?
Muitos pensam que quem chefia a Casa Branca tem a supremacia política mundial. Mas não é bem assim: os poderes do presidente dos Estados Unidos são limitados por instrumentos democráticos.
Foto: Klaus Aßmann
O que diz a Constituição
O presidente dos EUA é eleito por quatro anos, com direito a uma reeleição. Ele é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo. Cerca de quatro milhões de pessoas trabalham no Executivo americano, incluindo as Forças Armadas. É tarefa do presidente implementar as leis aprovadas pelo Congresso. Como o mais alto diplomata, ele pode receber embaixadores − e assim reconhecer outros Estados.
Foto: Klaus Aßmann
Controle entre os Poderes
Os Três Poderes se influenciam mutuamente, de forma que limitam o poder um do outro. O presidente pode conceder indultos a pessoas condenadas e nomear juízes federais − mas somente com a aprovação do Senado. O presidente também nomeia seus ministros e embaixadores − se aprovados pelo Senado. Esta é uma das formas de o Legislativo controlar o Executivo.
Foto: Klaus Aßmann
A importância do Estado da União
O presidente informa o Congresso sobre a situação do país no pronunciamento chamado Estado da União. Embora não esteja autorizado a apresentar propostas de leis ao Congresso, o presidente americano pode apresentar ali os temas que acha importantes e, assim, pressionar o Congresso a tomar atitudes. Mas não mais do que isso.
Foto: Klaus Aßmann
Ele pode dizer "não"
Quando o presidente devolve um projeto de lei ao Congresso sem sua assinatura, isso significa que ele o vetou. Esse veto só pode ser anulado pelo Congresso com uma maioria de dois terços em ambas as câmaras (Câmara dos Representantes e Senado). Segundo dados do Senado, em toda a história, dos pouco mais de 1.500 vetos, apenas 111 foram anulados, ou seja, 7%.
Foto: Klaus Aßmann
Pontos indefinidos
A Constituição e as decisões da Suprema Corte não explicitam claramente quanto poder o presidente tem. Um truque permite um segundo tipo de veto, o "veto de bolso". Sob certas circunstâncias, o presidente pode "embolsar" um projeto de lei e assim ele não terá validade. O Congresso não pode anular esse veto. O truque já foi usado mais de mil vezes.
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Instruções com poder de lei
O presidente pode ordenar aos funcionários do governo que cumpram suas responsabilidades. Essas ordens, conhecidas como "executive orders", têm força de lei. Ninguém precisa ratificá-las. Mesmo assim, o presidente não pode fazer o que bem entender. Tribunais podem derrubar essas ordens ou o Congresso pode aprovar uma lei contra elas. Ou então o próximo presidente pode simplesmente revogá-las.
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Pequena autonomia
O presidente pode negociar acordos com outros governos, mas no final eles têm que ser aprovados por uma maioria de dois terços pelo Senado. Para contornar isso, em vez de acordos, os presidentes usam "acordos executivos", são documentos governamentais que não requerem a aprovação do Congresso. Eles podem ser aplicados desde que o Congresso não se oponha ou aprove leis que invalidem o acordo.
Foto: Klaus Aßmann
Congresso pode intervir
O presidente é o comandante supremo das Forças Armadas, mas é o Congresso que pode declarar guerra. Não está definido até que ponto um presidente pode comandar soldados em um conflito armado sem aprovação prévia. Isso aconteceu na Guerra do Vietnã, quando o Congresso interveio por lei após achar que o presidente extrapolou sua competência.
Foto: Klaus Aßmann
Impeachment e rejeição do Orçamento
Se um presidente abusar de seu cargo ou cometer algum crime, a Câmara dos Representantes pode iniciar um processo de impeachment. Isso já aconteceu três vezes na história americana, mas sem sucesso. No entanto, existe uma ferramenta mais poderosa para tolher o presidente: por ser responsável pela aprovação do Orçamento público, o Congresso pode vetá-lo e, assim, paralisar o trabalho do governo.