Vulcão entra em erupção na Indonésia dias após tsunami
3 de outubro de 2018
Cinzas vulcânicas emitidas por vulcão Soputan, no norte de Celebes, chegam a quilômetros de altura. Possível ligação com terremoto que devastou parte da ilha dias atrás, deixando mais de 1.400 mortos, não é descartada.
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Um vulcão entrou em erupção nesta quarta-feira (03/10) na mesma ilha de Celebes, na Indonésia, atingida na semana passada por um terremoto seguido de tsunami que deixou mais de 1.400 mortos. Com isso, as autoridades elevaram o alerta na região para o nível 3 de uma escala de 4.
Localizado no norte da ilha, o vulcão Soputan emitiu uma enorme coluna de fumaça e cinzas que chegou a 6 mil metros de altura e se move em direção oeste. As autoridades da região estabeleceram um perímetro de segurança de ao menos quatro quilômetros ao redor da cratera.
Um vulcanologista do governo indonésio disse ser possível que a erupção tenha sido acelerada pelo terremoto de magnitude 7,5 que atingiu a região central da ilha na sexta-feira, a cerca de 600 quilômetros do monte Soputan, mas evitou cravar uma relação entre os dois fenômenos.
"Pode ser que o terremoto tenha desencadeado a erupção, mas temos visto um aumento na atividade vulcânica desde julho. Ainda não podemos dizer que existe uma ligação direta", disse Kasbani, chefe da Agência de Mitigação de Desastres de Vulcanologia e Geologia do país.
Em entrevista à televisão local, o especialista, que usa apenas o nome Kasbani, informou que aviões já foram alertados para evitarem a área do vulcão, uma vez que cinzas vulcânicas trazem riscos para os motores de aeronaves.
O geólogo Danny Hilman Natawidjaja, do Instituto de Ciências da Indonésia, concordou que ainda não existem dados suficientes para comprovar uma ligação entre os dois acontecimentos. "Em teoria, as ondas sísmicas do terremoto poderiam aumentar a pressão na câmara de magma do vulcão e causar uma erupção, mas ainda não sabemos com certeza", afirmou.
Os especialistas lembraram que a erupção do Soputan não é uma surpresa, já que a Indonésia está localizada no chamado "Círculo de fogo" do Pacífico – uma área onde há um grande número de terremotos e uma forte atividade vulcânica – e esse vulcão é um dos mais ativos da ilha.
O forte sismo da semana passada desencadeou um tsunami e devastou várias comunidades em Celebes, com a contagem de mortos aumentando progressivamente e ultrapassando 1.400 nesta quarta-feira, segundo dados oficiais. Outras milhares de pessoas estão feridas e mais de 70 mil tiveram de deixar suas casas.
O porta-voz da Agência Nacional de Controle de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho, descartou que as cinzas vulcânicas do Soputan estejam se movendo em direção à cidade de Palu, capital da província de Celebes Central, onde ocorreu a maioria das mortes.
Segundo o funcionário, a fumaça está seguindo um outro curso e não corre o risco de afetar os trabalhos de resgate na região afetada, bem como atrapalhar os serviços aéreos que transportam ajuda e suprimentos para as vítimas do desastre.
Nugroho afirmou ainda que são falsos os vídeos compartilhados em redes sociais que mostram um rio de lava fumegante e pessoas fugindo de uma fumaça preta saindo de um vulcão. Segundo ele, até agora nenhuma lava foi emitida pelo Soputan, não há feridos ou mortos e não houve necessidade de qualquer evacuação por enquanto.
Caos e destruição
As autoridades indonésias correm contra o tempo para encontrar sobreviventes em meio ao caos e à destruição deixados pelo terremoto seguido de tsunami.
Uma equipe de socorristas da Cruz Vermelha local informou nesta quarta-feira que um povoado inteiro foi aniquilado pelo desastre de sexta-feira. Cerca de 500 pessoas viviam na pequena vila de Petobo, localizada entre a cidade litorânea de Palu e Sigi.
"Quando chegamos a Petobo, encontramos um lugar que foi apagado do mapa pelo poder do tsunami", disse um representante do órgão que acompanhava a equipe de resgate.
O Escritório de Ajuda Humanitária das Nações Unidas anunciou, também nesta quarta-feira, que vai destinar 15 milhões de dólares para ajudar nas emergências dos afetados pelo terremoto e tsunami.
Segundo dados recentes da organização, 66 mil imóveis e uma quantidade considerável de infraestruturas básicas – como pontes e estradas – foi danificada ou destruída. Hospitais também foram afetados pelo desastre.
A Itália já foi atingida por dois tremores de terra em 2016. Também no Chile e no Japão, abalos sísmicos causaram mortes e destruição. Conheça as regiões do mundo mais propensas.
Foto: Reuters/M. Rossi
Itália
Dois tremores de magnitude 5,4 e 6,0 na escala Richter foram registrados na noite de 26 de outubro no centro da Itália, na mesma região afetada há dois meses por outro forte terremoto, que causou a morte de quase 300 pessoas. Na foto, a destruição causada pelo sismo mais recente em Norcia.
Foto: Reuters/E. Grillotti
Antes e depois
Imagens de antes e depois do terremoto de agosto na Itália. Na foto, uma casa da cidade de Accumoli, no centro da Itália, onde o abalo de 6,2 na escala de Richter causou mortes e devastação.
Japão
Um terremoto no Japão em abril causou destruição, como nesta rodovia em Minamiaso, no sul do país.
Foto: Reuters/Kyodo
Equador
Os terremotos estão relacionados ao deslocamento das placas tectônicas que formam o planeta. Tremores de terra são comuns no Equador porque o país fica perto do encontro de duas placas tectônicas, a de Nazca e a Sul-Americana. Na foto, a destruição em Pedernales no abalo de abril deste ano.
Foto: Reuters/G.Granja
Onde as placas se encontram
Sete placas tectônicas compõem a superfície da Terra. Nos locais onde elas se encontram são maiores os riscos de terremoto. No Nepal, a colisão da placa indiana com a placa da Eurásia causou um forte terremoto em 25 de abril de 2015. É um dos sete lugares do planeta mais propensos a terremotos.
Bhaktapur, antes
Em Catmandu, no Nepal, sete patrimônios mundiais da Unesco atraem nepaleses e outros visitantes. Na foto, as pessoas estão celebrando o Festival Gaijatra na praça histórica em Bhaktapur, em agosto de 2014.
Foto: picture alliance/landov
Bhaktapur, depois
Voluntários cavam com as mãos para tentar resgatar sobreviventes soterrados pelas ruínas de templos que ruíram no terremoto no Nepal em 2015, causando a morte de cerca de 9 mil pessoas.
Foto: Reuters/D. Siddiqui
Tsunami de 2011
O Japão fica a mais de 5 mil quilômetros do Nepal. Mas, em março de 2011, um terremoto causou um dos piores tsunamis já vistos no Japão. Além das 18 mil pessoas declaradas mortas, ele causou explosões nos reatores nucleares em Fukushima, que vazaram material radioativo para o meio ambiente, mais do que o liberado na catástrofe de Chernobyl.
Foto: picture-alliance/dpa
Japão, hoje
O Japão é um especialista em terremotos. Há treinamentos para situações de emergência e os arranha-céus são construídos sobre bases móveis que absorvem os choques de um terremoto. E o país também é conhecido por suas usinas nucleares. Em 2010, a usina Takahama (foto acima, do outro lado da ilha de Fukushima) era uma das 55 usinas nucleares, que fornecem 30% da eletricidade consumida no Japão.
Foto: AFP/Getty Images/JIJI Press
Andamão, no Oceano Índico, hoje
As Ilhas Andamão, que são parte da Índia, ficam perto da junção das placas continentais da Índia e da Eurásia. Por causa da alta pressão entre as placas, terremotos são comuns na região.
Foto: picture-alliance/dpa
Andamão em 2004
O pior dos terremotos recentes nesta área ocorreu em 26 de dezembro de 2004. Ele foi o terceiro mais forte já medido. O tsunami que se seguiu matou 230 mil pessoas ao longo da costa.
Foto: AFP/Getty Images/Choo Youn Kong
Yunnan, China
A província chinesa de Yunnan é conhecida por suas belas paisagens, seus terraços de arroz – e seu risco de terremotos. Como Yunnan fica no encontro das placas tectônicas da Índia e da Eurásia, o movimento delas pode causar sérios tremores.
Foto: picture alliance/ZUMA Press
Yunnan, China (2014)
Em agosto de 2014, mais de 400 pessoas morreram e cerca de 10 mil ficaram desabrigadas após um terremoto de magnitude 6,5. Abalos sísmicos fortes são comuns na China. Em 2008, um tremor causou a morte de 70 mil pessoas na província de Sichuan.
Foto: Reuters
L'Aquila, Itália
Embora a Europa não seja uma região conhecida por terremotos frequentes, eles são mais comuns do que se pensa. A Itália é especialmente afetada pelo choque da placa africana com a do continente europeu.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Barone
L'Aquila, Itália (2009)
Em 2009, um terremoto matou 300 pessoas e mais de 10 mil ficaram desabrigadas em L'Aquila, na Itália. Sete cientistas foram condenados por homicídio culposo por não terem advertido sobre a iminência do terremoto. Apesar dos métodos científicos mais modernos, os terremotos não podem ser previstos com certeza.
Foto: picture alliance/INFOPHOTO
São Francisco, EUA
A ponte Golden Gate é a atração turística mais conhecida de São Francisco. Mas ela está ameaçada: os cientistas dizem que, em breve, o pior terremoto do século pode atingir a cidade. Responsável por isso é a falha de San Andreas, onde a placa norte-americana encontra a placa do Pacífico, ao largo da costa da Califórnia.
Foto: DW
São Francisco, EUA (1906)
Em 1906, São Francisco foi destruída por um abalo sísmico que causou incêndios. Este é considerado um dos mais mortais desastres naturais da história dos Estados Unidos, com a morte de 3 mil a 6 mil pessoas.
Foto: picture-alliance/akg-images
Valdivia, Chile
Hoje, nada na idílica Valdivia, no sul do Chile, lembra o perigo de terremotos. Na costa chilena, a placa sul-americana se encontra com a placa de Nazca.
Foto: Elio Caro/Virtual Publicidad
Valdivia, Chile (1960)
Com uma magnitude de 9,5, este foi o terremoto mais forte já medido. Em 1960, o tremor destruiu grande parte do sul do Chile. Ao menos 1.700 pessoas morreram, com milhões de desabrigados.