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Vulcões alemães estão apenas adormecidos

(mw)28 de janeiro de 2002

Subsolo tem magma ativo, que circula inclusive por outras regiões vulcânicas européias. Última erupção aconteceu há 10 mil anos, mas cientistas advertem que não se pode descartar possibilidade de explosão repentina.

As crateras deixadas pelas erupções transformaram-se em lagos no EifelFoto: DW

Toda vez que um vulcão explode em algum ponto da Terra, os alemães olham desconfiados para o maciço do Eifel, que se estende, ao sul de Colônia e ao norte do Rio Mosela, desde o Vale do Reno até as fronteiras com a Bélgica e Luxemburgo. Diante da recente catástrofe do vulcão Nyiragongo, na República Democrática do Congo, não foi diferente. E os vulcanologistas advertem: "O Eifel está apenas adormecido."

Na superfície verde de montanhas suaves e campos cultivados, não há na verdade nenhum indício de uma nova erupção. Mas, cientificamente, os especialistas não podem descartar uma catástrofe devastadora, similar à acontecida na África. O subsolo continua ativo, com magma em movimento.

O Eifel teve duas fases de atividade vulcânica, há 400 mil e 200 mil anos. As erupções mais recentes aconteceram há 13 mil e 10 mil anos, após as quais surgiram o lago de Maria Laach e o Ulmener Maar, nas crateras abertas pelas explosões. Como as fases anteriores duraram de 20 mil a 30 mil anos, os vulcanologistas consideram que "a atual fase" ainda não terminou.

Pesquisas científicas

– Antigamente, muitos cientistas acreditavam haver uma gigante câmara de magma sob a paisagem da Alemanha e seus 350 vulcões adormecidos. Há tempos a tese é considerada superada. Mas as pesquisas identificaram existir, no subsolo do Eifel, rochas esponjosas, através das quais magma líqüido circula, interligado a outras zonas vulcânicas européias.

"Na região de Trier, os geofísicos comprovaram haver magma ativo a 70 quilômetros de profundidade, mas nem sempre em movimento vertical", afirma o cientista Peter Ippach, do Parque Vulcânico Eifel Leste. Segundo ele, medições acusaram que as rochas desta profundidade sob o Eifel chegam a 1300 graus de temperatura, contra 1100 das proximidades.

Sem anúncio prévio

– O geofísico Rolf Schick lembra que, há 10 ou 20 anos, os pesquisadores de vulcões ainda partiam do princípio de que toda erupção era pré-anunciada por recados da natureza, como pequenos terremotos, vazamento de gases ou elevação do solo. "Desde então, houve cerca de 15 casos em todo o mundo, em que vulcões surgiram repentinamente do nada", comenta o professor emérito da Universidade de Stuttgart. Assim, uma erupção seria também teoricamente possível no Eifel.

Embora considere extremamente improvável, Schick não exclui, fisicamente falando, a repetição nas próximas décadas da violenta erupção que deixou a cratera de 3,3 quilômetros quadrados, na qual existe hoje o lago de Maria Laach. "Naquela ocasião, não sobreviveu sequer uma minhoca no raio de 30 quilômetros", diz o geofísico.

Comparação com caso congolês

– Os cientistas explicam a violência das velhas erupções no Eifel com o choque do magma ardente com a água, seja da superfície (rios e lagos) ou do subsolo (lençóis subterrâneos). Segundo o vulcanólogo Ippach, o vapor d'água liberado no momento do encontro provocava explosões. Estas abriram crateras, que ainda hoje podem ser vistas na paisagem do Eifel. Algumas se transformaram em lagos, onde os alemães se refrescam no verão.

Ippach chama a atenção que, no caso de uma erupção, o grande perigo no Eifel seria novamente a violência da explosão e não a lava que da cratera jorraria. "Ela escorreria muito lentamente", diz ele, referindo-se à catástrofe do Nyiragongo. A erupção do vulcão congolês foi pouco explosiva, mas, devido à sua composição química, a lava que dele saiu era extremamente fluída, atingindo até 60 km/h de velocidade morro abaixo, soterrando pessoas e povoados.

O especialista em vulcões Jörg Keller, de Freiburg, diz ainda existir na Alemanha cerca de 20 regiões vulcânicas. No entanto, somente as duas mais recentes – Eifel e junto à fronteira tcheca, nas proximidades da cidade de Eger – ainda possuem grande atividade no subsolo.

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