Washington se prepara para o inesperado na posse de Trump
20 de janeiro de 2017
Cerimônia deve atrair cerca de 900 mil pessoas, entre simpatizantes e opositores do novo presidente. Grupo de democratas prometeu boicotar evento, e uma série de manifestações está prevista.
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Centenas de milhares de simpatizantes e opositores de Donald Trump se reúnem em Washington nesta sexta-feira (20/01) para acompanhar de perto a cerimônia de posse do 45° presidente dos Estados Unidos. Após uma campanha marcada pelo abandono das convenções e por um eleitorado extremamente dividido, Washington se prepara para o inesperado neste dia histórico.
Conforme o protocolo, o republicano deverá começar o dia em um ritual na Igreja St. John, próxima à Casa Branca, acompanhado de sua esposa, Melania. Na sequência, ele será recebido pelo presidente Barack Obama e ambos devem se dirigir ao Capitólio para a transferência de poder. Por volta do meio-dia (hora local), Trump deverá então pousar a mão sobre a Bíblia e prestar o juramento da posse presidencial. Após a cerimônia, os Trump acompanharão os Obama até a Ala Leste do Capitólio para se despedir.
Estima-se que a cerimônia vá atrair em torno de 900 mil pessoas, entre simpatizantes e opositores, o que poderá dar ao evento um tom mais partidário do que o usual. Mais de 50 legisladores democratas planejam boicotar o ritual de posse como forma de protesto contra a eleição de Trump, apontada por eles como ilegítima. Uma série de protestos contra o republicano também são esperados ao longo do dia.
De acordo com uma enquete elaborada pela emissora ABC News em parceria com o jornal Washington Post e divulgada nesta semana, apenas 40% dos americanos apoiam Trump. Esta é a menor taxa de aprovação de um presidente em vias de ser empossado desde quando o democrata Jimmy Carter chegou à Casa Branca em 1977. Em comparação, Obama tinha uma aprovação de 78% ao tomar posse em 2009.
As festividades da inauguração deverão ter como foco o tema da união.
Esperar o inesperado
Discursos de posses presidenciais nos EUA costumam ser cerimônias tradicionais, rígidas peças da oratória americana que raramente saem do script. A inauguração de Trump pode mudar essa tradição, já que o republicano ficou conhecido durante a campanha por falas e comentários muitas vezes espontâneos e polêmicos.
"As performances oratórias anteriores de Trump sugerem que ele não sabe ou não se importa com as convenções dos discursos presidenciais como candidato e nem agora na situação de posse", disse Paulo Stob, que pesquisa a tradição da retórica americana na Universidade Vanderbilt. "Sinceramente, eu não faço ideia do que esperar. Estou esperando o inesperado", afirmou.
A opinião de Stob é compartilhada por sua colega Jennifer Mercieca, especialista em retórica política da Univerdade de Texas A&M. Ela acredita que Trump não só despreza a tradição de discursos políticos nos EUA como construiu sua imagem em torno da quebra de convenções.
"Ao longo da campanha, ele afirmou dizer o que pensava, e não conforme um roteiro, previamente sondado em testes ou escrito por consultores políticos", disse Mercieca por e-mail. "Essa alegação de autenticidade tem sido usada como prova de que ele não é um político corrupto", avaliou.
IP/ap/dpa/rtr
Trump: populista, milionário, presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário, autor de best-seller, estrela de televisão e muitos não o levavam a sério. Mas ele foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Conheça sua trajetória.
Foto: picture-alliance/dpa
A família, seu império
Trump com a família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores " do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
1984
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e cassino em Atlantic City. Este foi apenas um dos investimentos que tornou Trump bilionário.
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Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após sua morte, em 1999, Donald e seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
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O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista.
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"Very good, very smart" (Muito bom, muito inteligente)
É o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a universidade de elite Wharton (foto), na Filadélfia, onde se formou em 1968.
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Capitão Trump
Antes disso, quando tinha 13 anos, seu pai o havia enviado para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
Dispensado da Guerra do Vietnã
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietnã.
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Ivana, primeira esposa
Em 1977, Trump se casou com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
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Família número 2
Em 1990, Trump se divorciou de Ivana e se casou com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
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As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo nos EUA.
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A arte de negociar
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
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"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção da mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. Em seu programa "O Aprendiz", os candidatos eram contratados ou demitidos. Sua frase favorita no programa era "Você está demitido!"
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Trump na política
Na verdade, ele quase não teve uma carreira política. Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou sua candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. Seu slogan: "Faça a América grande outra vez". A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e sadversários políticos.
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45º presidente dos Estados Unidos
O populista e showman é agora o novo presidente dos Estados Unidos, o que muitos não poderiam sequer imaginar. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.