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Retrospectiva

6 de abril de 2009

Cinco estações, 1.200 peças e uma certeza: na Weimar que abrigou a Bauhaus em seus primeiros anos de existência, o pensamento era de vanguarda. Hoje, uma retrospectiva lembra os primórdios da escola na cidade.

Levando ideias para casa: sacolinhas da mostra BauhausFoto: DW / Bartlick

Quem passeia hoje pelas limpíssimas ruas e becos de Weimar não encontra apenas os onipresentes nomes dos clássicos alemães, mas também, com respeitável regularidade, cercas brancas formadas por letras nas quais se lê claramente: a Bauhaus vem de Weimar.

De fato, a pequena cidade, com sua grande tradição, parecia a Walter Gropius ser o lugar ideal para criar plataformas produtivas e abertas ao novo. "Penso que Weimar, exatamente em função de sua fama mundial, é o terreno adequado para colocar a pedra fundamental de uma república do intelecto", anotou Gropius no ano de 1919.

Pequena, mas criativa

Profissionais da Bauhaus e convidados, em 1922Foto: Bauhaus-Archiv-Berlin

A Bauhaus, fundada por Gropius naquele mesmo ano nesta cidadezinha à beira do rio Ilm, contou com no máximo 200 estudantes. Com 15 nomes no corpo docente, pertencia ao grupo das pequenas escolas superiores do país.

Sua produtividade foi, contudo, tão grande, que os espaços de Weimar não comportam todo o material a ser exposto. Por isso, a retrospectiva organizada pela Klassik Stiftung Weimar (Fundação Weimar Clássica) sobre os primórdios da Bauhaus está sendo exposta em cinco localizações diferentes do perímetro urbano.

"Se você andar por entre os espaços e olhar o resultado, fica claro como a Bauhaus era diversificada nesse início em Weimar", diz Ulrike Bestgen, principal curadora da mostra.

Trabalhar e viver de forma distinta

Da mostra fazem parte obras-primas das artes plásticas, as imagens dinâmicas e coloridades de Lyonel Feininger, Paul Klee e Wassily Kandinsky, bem como marionetes, cenários, projetos de espaços teatrais ou convites para as famosas e "mal-afamadas" festas da Bauhaus.

Depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, a ideia era viver de forma diferente e construir algo novo e comunitário. Artes e ofícios, que até então eram desenvolvidos separadamente, deveriam, segundo as teorias da escola, se unir com o objetivo de criar obras inteiras a partir de um espírito comum.

Entre tear e oficina de torneiro

Cercas de letras: Bauhaus em WeimarFoto: DW / Bartlick

Cada estudante deveria, individualmente, desenvolver sua própria assinatura. As possibilidades para tal eram oferecidas nas oficinas da Bauhaus, onde os futuros profissionais recebiam uma ampla formação técnica. No Novo Museu de Weimar estão hoje vários dos objetos desenvolvidos naquela época.

Entre estes objetos estão "muitos experimentos, muitas peças únicas, que não carregavam ainda o caráter de protótipo. Mas vemos também as tendências interiores de alguns estudantes de caminharem em direção ao design, como pretendia Gropius", explica o curador Michael Siebenbrodt.

Do reservatório de formas e ideias da cultura universal é que os estudantes deveriam, de acordo com as diretrizes da escola, "ressaltar as coisas mais importantes e torná-las úteis para um novo tempo".

Clássicos da Modernidade

Tapetes de cores vivas e cortinas, sóbrios bules de chá ou café, maçanetas, vitrines coloridas, plásticos pintados, mobiliário infantil e brinquedos: tudo isso foi criado em Weimar. Na oficina de móveis, sob a coordenação de Marcel Breuer, foram criados móveis de aço e, na oficina de metalurgia, surgiu a mundialmente famosa luminária de mesa da Bauhaus, criada por Wilhelm Wagenfeld.

"Acredito que marcamos com essa exposição o fato de que Weimar reivindica para si o posto de ter sido o berço, ou mais que isso, de ter sido a raiz da Bauhaus. E de que a cidade não vai abrir mão disso", afirma Hellmut Seemann, presidente da Klassik Stiftung Weimar.

O espírito de Weimar

Luminária de Wilhelm WagenfeldFoto: picture-alliance/dpa

Pode-se dizer que, em Weimar, essa raiz da Bauhaus estava, de qualquer forma, bem adubada por Goethe, Schiller e cia. E os profissionais da Bauhaus conseguiram extrair deste rico adubo um bom extrato.

Os renovadores do teatro na Bauhaus, por exemplo, eram profundos conhecedores das teorias estéticas de Schiller. E os desafios artísticos de Paulo Klee em relação à natureza remetem às suas intensas leituras da principal obra botânica de Goethe: Die Metamorphose der Pflanzen (A Metamorfose das Plantas).

Numa das mostras da retrospectiva de Weimar, no último andar do Museu Nacional Goethe, os curadores explicitam essa proximidade surpreendente do clássico com o moderno: o grande quadro colorido, exibido pomposamente tão em harmonia com as pinturas da Bauhaus, foi uma encomenda de Goethe para ilustrar sua teoria das cores.

Autora: Silke Bartlick

Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack

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