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Weimar, uma cidade sob o signo de Goethe

av15 de maio de 2004

O Príncipe dos Poetas marca o perfil de Weimar. A cada ano, mais de um milhão de pessoas visitam a casa onde viveu. Mas a cidade é também Bach, Schiller, Liszt, Bauhaus, a Feira da Cebola. E um campo de extermínio.

Goethe e Schiller em WeimarFoto: DW

Weimar, no Estado da Turíngia, Leste alemão, deve a maior parte de sua fama a dois extremos do desempenho humano: o poeta Johann Wolfgang von Goethe e o campo de concentração de Buchenwald.

A cidade onde Johann Sebastian Bach compôs e tocou órgão entre 1708 1717, possuía no início do século 19 apenas seis mil habitantes. Entretanto, ostentava um brilho intelectual digno da Grécia antiga. Ao lado do "Príncipe dos Poetas", Goethe, seu colega Friedrich Schiller redefinia os destinos da literatura, e Carl Maria von Weber (O franco-atirador) desenvolvia a nova ópera alemã.

Atualmente contando 62 mil habitantes, ela atrai cerca de quatro milhões de turistas a cada ano. Segundo estatísticas da Secretaria de Turismo, um terço faz questão de visitar a Casa de Goethe. De seu acervo consta, ao lado de alguns escritos do poeta, sua coleção de mineralogia e objetos do século 18, a escrivaninha onde ele trabalhava – de pé!

Clássicos e uma mecenas

Goethe, que nasceu em Frankfurt, era fã incondicional de Weimar: "Onde mais se pode achar tantas coisas boas num só local?" A cidade que é o berço do Classicismo alemão conta com um total de 14 prédios tombados pela Unesco, e sua honra mais recente é ver o Fausto II incluído entre os 100 Documentos Históricos da Humanidade. Em 1999 foi Capital Cultural da Europa. O sepulcro dos dois grandes poetas também faz parte do roteiro turístico.

Casa Hohe Pappeln, uma jóia da Bauhaus - arquiteto: Van de VeldeFoto: Kunstsammlungen zu Weimar

Outros nomes ligados à pequena cidade foram o húngaro Franz Liszt (1811-1886), diretor musical da corte, o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) e o arquiteto Walter Gropius (1883-1969), co-fundador da Bauhaus. Sua instituição cultural mais importante é a Fundação dos Clássicos de Weimar, que mantém, além do Museu Nacional Goethe, os arquivos de Goethe, Schiller e Nietzsche, a Casa de Lizst e a Bauhaus.

Um dos principais projetos da instituição é a extensão da Biblioteca da Duquesa Anna Amalia. Esta era uma espécie de caçadora de talentos do século 18, recrutando figuras de peso cultural para adornar a fulgurante corte estabelecida por seus antepassados saxões. Schiller e Goethe estiveram entre suas "descobertas". Este último dirigiu a biblioteca durante 35 anos. Atualmente ela possui quase 100 mil publicações, 2000 manuscritos medievais, 8400 mapas históricos e 3900 anotações variadas. Em estilo barroco, trata-se de uma das bibliotecas mais bonitas da Alemanha.

Extermínio a poucos quilômetros

Prédio principal da Universidade Bauhaus de Weimar, construído por Henry van de VeldeFoto: Uni Weimar

"Tudo o que dá fama à cidade tem a ver com poetas, filósofos e estadistas", afirma Angela Jahn, porta-voz da Clássicos de Weimar. Essa é apenas parte da verdade: com o fim da República de Weimar (1919-1933), Hitler a escolheu para sede do primeiro congresso nacional do partido nazista. Os anos da Segunda Guerra Mundial marcam o lado mais tenebroso da história da cidade.

Nas colinas de Etterberg, ao norte de Weimar, ficava o campo de concentração de Buchenwald, onde pereceram cerca de 65 mil homens, mulheres e crianças. Hoje, a apenas alguns minutos de ônibus, pode-se visitar suas instalações. Um monumento às vítimas do nazismo, nas proximidades, e exposições dão uma macabra idéia do extermínio ali ocorrido. Mais impactante são o silêncio e o vazio no acampamento, onde antes estavam as precárias barracas dos prisioneiros, destruídas após a guerra.

Goethe e a cebola

Mas há ainda outros motivos para ir à Turíngia, além dos históricos e artísticos. A Feira da Cebola de Weimar realiza-se no início de outubro, há 300 anos. As festividades em torno do prosaico bulbo duram três dias, atraindo 350 mil visitantes por ano e culminando na eleição de uma beleza local como Rainha da Cebola.

E aqui voltamos a Goethe: ele admirava tanto as cebolas e suas propriedades nutritivas e medicinais, que decorava sua casa com elas, tendo estudado-as minuciosamente. Até hoje há numerosas plantações de cebola nos campos em volta de Weimar.

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