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WikiLeaks: EUA espionaram Dilma e ministros brasileiros

4 de julho de 2015

Site divulgou lista com telefones de autoridades e assessores do governo que teriam sido alvo de espionagem da agência americana NSA. Ministro diz que episódio de grampo está "superado" para o Planalto.

Foto: Getty Images/C. Somodevilla

O site WikiLeaks divulgou neste sábado (04/07) uma lista com 29 números de telefone de autoridades e assessores do governo brasileiro que teriam sido alvo de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A relação, classificada como ultrassecreta, inclui, além de números da sala da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e do avião dela, contatos de integrantes do alto escalão do governo. Também foram espionadas pessoas próximas a Dilma, como secretários e assessores.

A revelação surge poucos dias depois de Dilma Rousseff se ter encontrado em Washington com o presidente dos EUA, Barack Obama, exatamente para tentar acabar com as tensões em torno da espionagem da NSA.

Segundo o WikiLeaks, a lista inclui o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que, na época das interceptações telefônicas, era secretário executivo do Ministério da Fazenda. Também foi monitorado o ex-chefe da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci, que foi ministro da Fazenda no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Luiz Awazu Pereira da Silva, ex-diretor do Banco Central, também aparece na lista.

O ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Luiz Alberto Figueiredo, que ocupou o cargo entre 2013 e o início de 2015, também teve o número de celular grampeado. Figueiredo é hoje o embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Também foram espionadas as embaixadas brasileiras na França, na Alemanha, na União Europeia, na Suíça e nos Estados Unidos e o general José Elito Carvalho Siqueira, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Julian Assange: "prova de que EUA estão longe de provar que vigilância acabou"Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Stillwell

"Caso superado"

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou à imprensa brasileira que o episódio de grampo é um caso "superado".

Segundo o ministro, a avaliação do Planalto é de que a espionagem está relacionada a fatos antigos. "O próprio governo americano reconheceu internacionalmente o erro e assumiu compromisso de mudança de prática", disse. "Para o governo [brasileiro], está superado."

Segundo o editor-chefe do WikiLeaks, Julian Assange, "a divulgação mostra que os Estados Unidos terão que percorrer um longo caminho para provar que sua vigilância contra governos aliados acabou".

Em 2013, Edward Snowden, ex-consultor de informática da NSA, já havia feito denúncias de que a agência espionou autoridades brasileiras, além de empresas estatais. A questão gerou desconforto entre os países e fez com que Dilma adiasse visita aos Estados Unidos.

"Viagem produtiva"

A divulgação da nova lista foi feita logo após uma visita oficial de cinco dias da presidente aos EUA, encerrada nesta quinta-feira, em São Francisco. Na viagem, Dilma se encontrou com empresários, executivos e com Barack Obama. O ponto alto da visita foi na terça-feira, com a reunião bilateral com o presidente americano.

Em entrevista à imprensa, ela avaliou que a ida aos Estados Unidos foi extremamente produtiva e que a relação do país com o Brasil está agora em um novo patamar de possibilidades.

Procurado pela Agência Brasil, o Palácio da Planalto informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar o caso. O Ministério das Relações Exteriores está analisando as informações. A Embaixada dos Estados Unidos ainda não se pronunciou.

MD/ebc/lusa

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