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Wolfsburg e Eintracht Frankfurt no G4 – qual o segredo?

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
2 de fevereiro de 2021

Intrusos no topo da tabela da Bundesliga e potenciais participantes da Champions League, os dois clubes alemães têm à sua frente técnicos que souberam extrair o máximo do plantel relativamente modesto à disposição.

Implementação do 3-4-3 à moda Adi Hütter, técnico do Eintracht Frankfurt, está dando ótimos resultados Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

Desde a temporada 2017/2018 as quatro grandes ligas do continente europeu adquiriram o direito de participar com quatro clubes no mais cobiçado torneio de futebol do mundo – a Champions League. Foram contempladas com esse privilégio a inglesa Premier League, a espanhola La Liga, a alemã Bundesliga e a italiana Serie A.

Desde então, os clubes da chamada primeira prateleira do futebol alemão têm dominado a conquista dos quatro primeiros lugares na tabela final da Bundesliga – com destaque para Bayern, Dortmund, Leipzig e Gladbach. Foi assim ao menos nas duas últimas campanhas. Vez por outra um outsider quebrava tal hegemonia, como foram os casos do Hoffenheim e do Schalke em 2018, além do Leverkusen em 2019. No jargão jornalístico estabeleceu-se a denominação G4 para designar os primeiros quatro postos na tabela de classificação do campeonato.

O interessante nessa história é que, na maioria das vezes, os clubes que estavam no G4 decorrida pouco mais da metade da competição acabaram por confirmar o seu posto ao final da última rodada. Foi assim nas últimas duas temporadas. É um motivo suficiente para dar uma olhada na atual tabela de classificação.

Atualmente há dois intrusos no G4 que normalmente não são cotados para conquistar uma vaga na Champions League. Trata-se de Wolfsburg e Eintracht Frankfurt, clubes que normalmente se situam na parte intermediária da tabela ou, na melhor das hipóteses, disputam um lugar ao sol na Liga Europa. Os dois contam com um elenco sem grandes estrelas e ocupam respectivamente o terceiro e o quarto lugares, desbancando times como Dortmund, Leverkusen e Gladbach, todos com ambição de participar da próxima Champions.     

No caso dos "lobos" do Wolfsburg, o maior destaque é o atacante holandês Wout Weghorst, que disputa sua terceira temporada na Bundesliga. Ao todo, já marcou 46 gols em 85 partidas. De resto, é um time com jogadores cuja experiência internacional é limitada, e poucos são lembrados na hora da convocação de suas seleções nacionais.

Logo em sua primeira temporada, a de 2019/2020, o técnico austríaco Oliver Glasner levou o Wolfsburg ao sétimo lugar na tabela e agora quer mais. Ele privilegia o tradicional 4-4-2, com ênfase na ocupação dos espaços na faixa central do meio-campo, para impedir a armação e construção de jogadas do adversário a partir desse setor. Ao mesmo tempo, conta com zagueiros que são muito fortes no jogo aéreo e neutralizam com facilidade ataques pelos flancos e cruzamentos sobre a grande área.

Com esse forte sistema defensivo, o Wolfsburg ostenta, pelo menos até agora, a segunda defesa menos vazada (19 gols) do campeonato e ofensivamente acaba surpreendendo com velozes contra-ataques armados pelo meia Maximilian Arnold, além de construir muito bem jogadas a partir de bolas paradas: 33% dos gols marcados tiveram sua origem em bolas paradas.       

Oliver Glasner, técnico do Wolfsburg, privilegia o tradicional 4-4-2 e conta com zagueiros fortes no jogo aéreoFoto: Imago Images/J. Huebner

Já o elenco das "águias" do Frankfurt é mais encorpado e também conta com um atacante que, em sua segunda campanha no futebol alemão, está fazendo bonito. Trata-se de André Silva, português de 25 anos. Desde setembro de 2019 no Eintracht Frankfurt, ele anotou 28 gols em 43 jogos.

A exemplo do seu colega do Wolfsburg, o técnico Adi Hütter também é austríaco e desde julho de 2018 está no comando das "águias". Logo no seu primeiro ano ficou em sétimo na tabela e levou o Frankfurt à semifinal da Liga Europa. É um adepto do 3-4-3, sistema que está se estabelecendo também em outras equipes, como Leipzig, Stuttgart e Freiburg.

Hütter percebeu que o 3-4-3 oferece um maior raio de ação para jogadores criativos do seu time, como Daichi Kamada e Amin Younes. Ambos passaram a atuar como meia-atacantes próximos e um pouco atrás do atacante André Silva. Talvez fosse até mais apropriado dizer que se trata de um 3-4-2-1: três zagueiros, quatro meio-campistas, dois meia-atacantes e um atacante de ofício.

Fato é que a implementação desse 3-4-3 à moda Adi Hütter está dando ótimos resultados – o último foi uma vitória convincente sobre o Hertha Berlin por 3 a 1. O Eintracht Frankfurt jogou oito vezes nesse sistema. Obteve seis vitórias e dois empates. Não é à toa que ocupa o quarto lugar na tabela, dois pontos atrás do Wolfsburg.

Wolfsburg e Eintracht Frankfurt – com dois sistemas diferentes e com dois técnicos que, cada um a seu modo, souberam extrair o máximo de potencial do plantel relativamente modesto à sua disposição – são os novos intrusos no G4. 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. 

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.