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Wolfsburg, entre desespero e ousadia, contrata Max Kruse

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
1 de fevereiro de 2022

À um passo do rebaixamento, "Lobos" patrocinados pela Volkswagen mudam de estratégia e contratam um veterano de quase 34 anos. Dois fatores foram decisivos para decisão de Kruse; dinheiro e o técnico Florian Kohfeldt.

Wolfsburg é bom negócio para Kruse. Se a recíproca é verdadeira, cabe verFoto: Daniel Roland/AFP/Getty Images

O Wolfsburg, conhecido como time patrocinado pela Volkswagen, está à beira de uma crise de nervos. Vagueia pela tabela da Bundesliga perigosamente próximo da zona do rebaixamento, apesar de recursos financeiros consideráveis a sua disposição e apesar de já ter trocado de técnico na atual temporada.

Os "Lobos" haviam contratado o treinador Mark von Bommel em julho do ano passado, mas depois de nove rodadas ele foi demitido por conta de uma série de resultados negativos. Para ocupar o seu posto foi chamado o jovem e promissor Florian Kohfeldt que, entretanto, vai de mal a pior na direção técnica do elenco. O time não vence uma partida na Bundesliga há nove jogos – foram dois empates, sete derrotas e um humilhante 15º lugar na classificação geral.

Consequentemente soou o sinal de alarme na toca dos "Lobos". Não faz muito tempo, Marcel Schäfer, diretor de esportes, e seu presidente Jörg Schmadtke afirmavam solenemente que não abririam mão de priorizar a contratação de jovens talentos. Parecia mesmo que essa estratégia estava dando certo. Tanto é verdade que, na temporada 2020/21 o clube obteve uma vaga para disputar a Champions League.

Só que desde então nada deu certo, e o Wolfsburg surpreendeu a todos domingo último (30/01) com o anúncio da contratação de Max Kruse, veterano atacante de quase 34 anos do Union Berlin. No clube berlinense o anúncio caiu que nem uma bomba, mesmo porque Kruse havia se transformado num dos principais protagonistas do time com seis gols e seis assistências em jogos na atual campanha da Bundesliga e da Copa Alemã.

Para a torcida unionista, o jogador era considerado uma espécie de deus do futebol, e não foi à toa. Sua criatividade, suas assistências e seus gols haviam garantido aos berlinenses a participação na Conference League e contribuíram sobremaneira para que o Union pudesse até sonhar com a Champions League em 2022/23, já que atualmente está em quarto lugar na tabela da Bundesliga.

É justo perguntar: o que leva um jogador a trocar um clube que luta por vaga no Olimpo do futebol mundial, por outro que está à beira do desespero, visto que corre perigo de ser rebaixado?

O fator chamado dinheiro

No frigir dos ovos e do ponto de vista financeiro, foi até um bom negócio para o Union. Vale lembrar que, ao final da atual temporada, Kruse teria passe livre e o clube berlinense sairia sem um tostão no bolso. Com a transferência, entrarão 5 milhões de euros nos cofres do clube, valor nada mal por um veterano no ocaso de sua carreira. Além do mais, em tempos de vacas magras por causa das restrições impostas pela pandemia, que permitem somente lotação parcial do estádio An der Alten Försterei, qualquer aporte adicional é bem-vindo.

De outro lado, Max Kruse está rindo à toa. Ele assinou um contrato até junho de 2023, período pelo qual, especula-se, receberá 6 milhões de euros. Está bom demais da conta para um atleta que completará 34 anos em março. O próprio jogador, em comunicado oficial, declarou: "Peço a compreensão dos fãs por minha decisão de aceitar uma proposta altamente bem-remunerada."

O fator chamado Florian Kohfeldt

Kruse e Kohfeldt se conhecem faz algum tempo. Eles trabalharam juntos no Werder Bremen durante mais de um ano e meio. Na época, o jovem treinador deu total liberdade em campo para Kruse se movimentar e abrir espaços à vontade.

O atacante se lembra bem daquela época e espera encontrar as mesmas facilidades de atuar quando jogar sob o comando de Kohfeldt: "Florian desempenhou um papel decisivo para minha tomada de decisão pelo Wolfsburg,. Nos conhecemos bem e sabemos o que esperar um do outro. Quero ajudar o clube a recuperar sua antiga força e de quebra, o próprio Florian."

Enquanto podia contar com Kruse em campo, o técnico Kohfeldt teve sucesso, graças a incontáveis chances claras de gol que o atacante criava à vontade. Assim que Kruse se transferiu para o Fenerbahce, começou a queda do técnico e do time. O Werder Bremen foi rebaixado e Florian Kohfeldt acabou demitido.

E para o Wolfsburg – foi um bom negócio?

A verificar. Pelo menos por ora a estratégia de investir em jovens valores de poder ofensivo como Luca Waldschmidt, Lukas Nmecha e Maximilian Philipp. e trabalhar a longo prazo foi deixada de lado. A diretoria mudou de curso e contratou um veterano de quase 34 anos. Um investimento do qual se espera resultados a curtíssimo prazo – quatro meses para ser exato. Trata-se de salvar o time do rebaixamento. A mudança de rumo tem cheiro de desespero, mas beira também a ousadia. Vai que dá certo!

A dupla Kruse e Kohfeldt pode dar um passo rumo à salvação já no próximo fim de semana quando os "Lobos" receberão na sua toca o Greuther Fürth, último colocado na tabela.

Detalhe: o Wolfsburg não sabe o que é vencer desde novembro e o Fürth não sabe o que é perder desde dezembro.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras.

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.