Escondida nas florestas da Polônia, a "Toca do Lobo" era o quartel-general do líder nazista, onde planos eram traçados para a Segunda Guerra e o genocídio de judeus e onde ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato.
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O antigo quartel-general do Führer era perfeitamente camuflado e impossível de ser visto do ar. Altas árvores de folhas caducas e redes escondiam a instalação. Em nenhum outro lugar Adolf Hitler passou tanto tempo durante a Segunda Guerra Mundial – o ditador esteve por cerca de 830 dias no bunker da Wolfsschanze (Toca do Lobo, em português).
Do lado de fora, o bunker de Hitler lembra uma antiga tumba egípcia. Hitler viveu nesta tumba, onde trabalhou e dormiu. "Parecia que as paredes de concreto de sete metros de espessura que o cercavam figurativamente o separavam do mundo exterior e o aprisionavam em sua loucura", diz o guia turístico Lukas Polubinski.
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A natureza retorna ao local
Quando o Exército Vermelho, as forças armadas da União Soviética, se aproximavam, a Wehrmacht alemã explodiu os quartéis, em 24 de janeiro de 1945. Mas os enormes edifícios de aço não foram completamente destruídos. Após a guerra, os moradores saquearam materiais de construção das ruínas, mas enormes blocos de concreto ainda estão na floresta, cobertos de samambaias e musgo.
Os campos minados foram limpos, e turistas visitam a Wolfsschanze desde 1959. Quase 80 anos depois, os visitantes ainda podem sentir a atmosfera do lugar onde Hitler, seus generais e marechais não apenas planejaram campanhas, mas também discutiram detalhes do genocídio dos judeus.
Por um tempo, um operador turístico permitiu que os visitantes se sentassem em tanques e jogassem jogos de guerra com armas de ar. Mas a abordagem desencorajou visitantes em potencial, segundo Polubinski. Desde 2017, o lugar está sob gestão estatal. Cerca de 300 mil pessoas o visitam anualmente, a maioria da Polônia, mas também de outros países mundo afora.
É proibido entrar nos restos do bunker, mas alguns visitantes sobem nos poucos corredores restantes. "Tivemos que retirar muitas pessoas que se machucaram", afirma Polubinski, aconselhando o grupo a "ficar nas trilhas".
Tentativa de assassinato
Poucos passos após entrar na área, há uma placa em homenagem a Claus Schenk Graf von Stauffenberg. Em 20 de julho de 1944, o coronel tentou matar Hitler com uma bomba no local. O ataque fracassou.
"Não foi o primeiro atentado contra a vida do Führer", afirma Lukas Polubinski, acrescentando que houve pelo menos 42 ataques ao ditador.
Planejando a invasão da União Soviética
Por que os aliados não atacaram a Wolfsschanze para acabar com o terror nazista? "Simplesmente porque os bunkers eram maciços demais", diz Polubinksi. "Provavelmente os britânicos e os americanos sabiam desde o verão de 1943 que a Wolfsschanze existia, mas eles não estavam preocupados com os edifícios – eles queriam pegar Hitler. E eles não sabiam quando ele estaria lá."
Além disso, argumenta o guia turístico, os aviões da época não tinham autonomia para voar até a Prússia Oriental, lançar bombas e retornar à Inglaterra.
Hitler escolheu o local na Prússia Oriental não só porque era um bom esconderijo, mas sobretudo porque não ficava longe da fronteira russa, segundo Polubinksi. Em 22 de junho de 1941, ele ordenou o ataque à União Soviética a partir da Wolfsschanze.
Quarto Âmbar em Mauerwald?
A poucos quilômetros de distância, também bem escondido na densa floresta mista de coníferas, o Alto Comando do Exército havia instalado seu quartel-general, conhecido como Mauerwald.
Diferentemente da Wolfsschanze, esses bunkers não foram destruídos. Figuras em tamanho real foram colocadas nas salas úmidas e opressivas. Visitantes podem se maravilhar com uma réplica de um submarino e, surpreendentemente, uma réplica da lendária Sala de Âmbar, uma câmara decorada com painéis de âmbar.
Foi um presente que o rei prussiano Frederico Guilherme 2º (Friedrich Wilhelm 2º) deu ao czar Pedro 1º, o Grande, em 1716, como sinal de sua amizade e para confirmar a aliança entre seus países.
O czar exibiu a câmara em seu palácio em São Petersburgo. Mas durante a Segunda Guerra Mundial, soldados nazistas o roubaram e até hoje ninguém sabe onde está.
Naquela época, o chefe do distrito da Prússia Oriental, Erich Koch, sugeriu que o precioso salão poderia estar escondido no Mauerwald. Após a guerra, ele não foi executado porque as autoridades esperavam que ele revelasse o paradeiro. Ele se manteve em silêncio, no entanto. Mauerwald foi alvo de buscas várias vezes, mais recentemente em 2017, mas o tesouro segue desaparecido.
Cronologia da Segunda Guerra Mundial
Em 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia, sob ordens de Hitler. A guerra que então começava duraria até 8 de maio de 1945, deixando um saldo até hoje sem paralelo de morte e destruição.
Foto: U.S. Army Air Forces/AP/picture alliance
1939
No dia 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia sob ordens de Adolf Hitler – supostamente em represália a atentados poloneses, embora isso tenha sido uma mentira de guerra. No dia 3 de setembro, França e Reino Unido, que eram aliadas da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas não intervieram logo no conflito.
1939
A Polônia mal pôde oferecer resistência às bem equipadas tropas alemãs – em cinco semanas, os soldados poloneses foram derrotados. No dia 17 de setembro, o Exército Vermelho ocupou o leste da Polônia – em conformidade com um acordo secreto fechado entre o Império Alemão e a União Soviética apenas uma semana antes da invasão.
Foto: AP
1940
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e usou o país como base até a Noruega. De lá vinham as matérias-primas vitais para a indústria bélica alemã. No intuito de interromper o fornecimento desses produtos, o Reino Unido enviou soldados ao território norueguês. Porém, em junho, os aliados capitularam na Noruega. Nesse meio tempo, a Campanha Ocidental já havia começado.
1940
Durante oito meses, soldados alemães e franceses se enfrentaram no oeste, protegidos por trincheiras. Até que, em 10 de maio, a Alemanha atacou Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que estavam neutros. Esses territórios foram ocupados em poucos dias e, assim, os alemães contornaram a defesa francesa.
Foto: picture alliance/akg-images
1940
Os alemães pegaram as tropas francesas de surpresa e avançaram rapidamente até Paris, que foi ocupada em meados de junho. No dia 22, a França se rendeu e foi dividida: uma parte ocupada pela Alemanha de Hitler e a outra, a "França de Vichy", administrada por um governo fantoche de influência nazista e sob a liderança do general Pétain.
Foto: ullstein bild/SZ Photo
1940
Hitler decide voltar suas ambições para o Reino Unido. Seus bombardeios transformaram cidades como Coventry em cinzas e ruínas. Ao mesmo tempo, aviões de caça travavam uma batalha aérea sobre o Canal da Mancha, entre o norte da França e o sul da Inglaterra. Os britânicos venceram e, na primavera europeia de 1941, a ofensiva alemã estava consideravelmente enfraquecida.
Foto: Getty Images
1941
Após a derrota na "Batalha aérea pela Inglaterra", Hitler se voltou para o sul e posteriormente para o leste. Ele mandou invadir o norte da África, os Bálcãs e a União Soviética. Enquanto isso, outros Estados entravam na liga das Potências do Eixo, formada por Alemanha, Itália e Japão.
1941
Na primavera europeia, depois de ter abandonado novamente o Pacto Tripartite, Hitler mandou invadir a Iugoslávia. Nem a Grécia, onde unidades inglesas estavam estacionadas, foi poupada pelas Forças Armadas alemãs. Até então, uma das maiores operações aeroterrestres tinha sido o ataque de paraquedistas alemães a Creta em maio de 1941.
Foto: picture-alliance/akg-images
1941
O ataque dos alemães à União Soviética no dia 22 de junho de 1941 ficou conhecido como Operação Barbarossa. Nas palavras da propaganda alemã, o objetivo da campanha de invasão da União Soviética era uma "ampliação do espaço vital no Oriente". Na verdade, tratava-se de uma campanha de extermínio, na qual os soldados alemães cometeram uma série de crimes de guerra.
Foto: Getty Images
1942
No começo, o Exército Vermelho apresentou pouca resistência. Aos poucos, no entanto, o avanço das tropas alemãs chegou a um impasse na Rússia. Fortes perdas e rotas inseguras de abastecimento enfraqueceram o ataque alemão. Hitler dominava quase toda a Europa, parte do norte da África e da União Soviética. Mas no ano de 1942 houve uma virada.
1942
A Itália havia entrado na guerra em junho de 1940, como aliada da Alemanha, e atacado tropas britânicas no norte da África. Na primavera de 1941, Hitler enviou o Afrikakorps como reforço. Por muito tempo, os britânicos recuaram – até a segunda Batalha de El Alamein, no outono de 1942. Ali a situação mudou, e os alemães bateram em retirada. O Afrikakorps se rendeu no dia 13 de maio de 1943.
Foto: Getty Images
1942
Atrás do fronte leste, o regime de Hitler construiu campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau. Mais de seis milhões de pessoas foram vítimas do fanatismo racial dos nazistas. Elas foram fuziladas, mortas com gás, morreram de fome ou de doenças. Milhares de soldados alemães e da SS estiveram envolvidos nestes crimes contra a humanidade.
Foto: Yad Vashem Photo Archives
1943
Já em seu quarto ano, a guerra sofreu uma virada. No leste, o Exército Vermelho partiu para o contra-ataque. Vindos do sul, os aliados desembarcaram na Itália. A Alemanha e seus parceiros do Eixo começaram a perder terreno.
1943
Stalingrado virou o símbolo da virada. Desde julho de 1942, o Sexto Exército alemão tentava capturar a cidade russa. Em fevereiro, quando os comandantes desistiram da luta inútil, cerca de 700 mil pessoas já haviam morrido nesta única batalha – na maioria soldados do Exército Vermelho. Essa derrota abalou a moral de muitos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
1943
Após a rendição das tropas alemãs e italianas na África, o caminho ficou livre para que os Aliados lutassem contra as potências do Eixo no continente europeu. No dia 10 de julho, aconteceu o desembarque na Sicília. No grupo dos Aliados estavam também os Estados Unidos, a quem Hitler havia declarado guerra em 1941.
Foto: picture alliance/akg
1943
Em setembro, os Aliados desembarcaram na Península Itálica. O governo em Roma acertou um armistício com os Aliados, o que levou Hitler a ocupar a Itália. Enquanto os Aliados travavam uma lenta batalha no sul, as tropas de Hitler espalhavam medo pelo resto do país.
No leste, o Exército Vermelho expulsou os invasores cada vez mais para longe da Alemanha. Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia... uma nação após a outra caía nas mãos dos soviéticos. Os Aliados ocidentais intensificaram a ofensiva e desembarcaram na França, primeiramente no norte e logo em seguida no sul.
1944
Nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho, as tropas de Estados Unidos,Reino Unido, Canadá e outros países desembarcaram nas praias da Normandia, no norte da França. A liderança militar alemã tinha previsto que haveria um desembarque – mas um pouco mais a leste. Os Aliados ocidentais puderam expandir a penetração nas fileiras inimigas e forçar a rendição de Hitler a partir do oeste.
Foto: Getty Images
1944
No dia 15 de agosto, os Aliados deram início a mais um contra-ataque no sul da França e desembarcaram na Provença. As tropas no norte e no sul avançaram rapidamente e, no dia 25 de agosto, Paris foi libertada da ocupação alemã. No final de outubro, Aachen se tornou a primeira grande cidade alemã a ser ocupada pelos Aliados.
Foto: Getty Images
1944
No inverno europeu de 1944/45, as Forças Armadas alemãs reuniram suas tropas no oeste e passaram para a contra-ofensiva em Ardenne. Mas, após contratempos no oeste, os Aliados puderam vencer a resistência e avançar inexoravelmente até o "Grande Império Alemão" – a partir do leste e do oeste.
Foto: imago/United Archives
1945
No dia 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam incondicionalmente. Para escapar da captura, Hitler se suicidou com um tiro no dia 30 de abril. Após seis anos de guerra, grande parte da Europa estava sob entulhos. Quase 50 milhões de pessoas morreram no continente durante a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1945, o marechal de campo Wilhelm Keitel assinava a ratificação da rendição em Berlim.