Criada pelo físico britânico Tim Berners-Lee para facilitar o trabalho de pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, a internet é utilizada atualmente por mais de 3 bilhões de pessoas.
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Perto de Genebra, na Suíça, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) oferece oportunidades únicas de pesquisa para físicos de todo o mundo. Com imensos equipamentos instalados num túnel circular de 27 quilômetros de comprimento cavado a cem metros abaixo do solo, os cientistas aceleram partículas a um nível extremamente elevado de energia para, por meio de colisão, formar novas partículas nucleares.
Ciência nessas dimensões é tão cara que é necessária a cooperação de vários países. Cientistas visitantes realizam experimentos no Cern e, em seguida, retornam aos seus países a fim de avaliar os dados.
Tim Berners-Lee, um físico e cientista britânico de computação, foi recrutado na década de 80 para trazer ordem ao caos de diferentes sistemas de computadores, redes, sistemas operacionais e bancos de dados no Cern.
Tudo conectado
"As pessoas trouxeram seus dispositivos e seus hábitos. Em seguida, as equipes voltavam para casa e tinham que continuar trabalhando juntas, mas vivendo em diferentes fusos horários e falando línguas diferentes. Em toda essa diversidade o Cern era um microcosmo do resto do mundo", escreveu Berners-Lee em seu livro Weaving the Web (Tecendo a web, em tradução livre).
Berners-Lee colocou tudo sob o mesmo teto. "Em princípio, tudo já estava lá. Eu apenas juntei as peças", afirma o britânico, atualmente. Em 20 de dezembro de 1990, na Suíça, ele publicou a primeira página de internet do mundo: info.cern.ch. Neste link, há uma cópia do primeiro site.
A internet propriamente dita tem bem mais do que 20 anos. Já no início dos anos de 1960 foram estabelecidas as bases da atual rede mundial. Os militares americanos queriam criar uma rede de computadores para a transferência segura de dados.
A transmissão de dados deveria funcionar mesmo em caso de um ataque nuclear. O resultado foi chamado de Arpanet, uma rede que interligava somente alguns computadores.
Quase todo mundo usa a World Wide Web
Atualmente, páginas na internet – os sites – se tornaram algo óbvio. De acordo com a associação alemã das firmas de informação e comunicação Bitkom, cerca de 86% das empresas com mais de dez empregados possuem presença própria na internet. Por outro lado, apenas 43% das companhias com menos de dez trabalhadores estão representadas com páginas digitais.
"Em todo o mundo mais de três bilhões de pessoas usam a internet. Além disso, as pessoas estão cada vez mais abrindo suas próprias páginas pessoais", afirmou o CEO da Bitkom, Bernhard Rohleder.
De longe, o sufixo mais comum em endereços de páginas na internet é o ".com": o chamado domínio de nível superior está registrado 120 milhões de vezes. Numa comparação global, o domínio alemão (".de") ocupa a segunda posição com 16 milhões de páginas. Para aumentar o número de endereços atraentes e memoráveis, a entidade responsável ICANN aprovou no final de 2013 a abertura de mais domínios.
Atualmente, existem mais de mil terminações diferentes de endereços de internet – inclusive sufixos do tipo ".pizza", ".ninja" ou ".kiwi". Na Alemanha, os domínios regionais são particularmente populares. Assim sendo, existem cerca de 69 mil endereços ".berlin", quase 25 mil com ".köln", além de mais de 31 mil ".bayern" e cerca de 23 mil que terminam em ".hamburg".
O que começou com uma simples página criada por Berners-Lee, tornou-se uma gigantesca indústria. Somente na Alemanha, 80% dos cidadãos acima de 14 anos utilizam a World Wide Web. Até mesmo para uma grande parcela de pessoas mais idosas a internet é algo natural: 84% dos cidadãos alemães entre 50 e 65 anos e 37% das pessoas acima de 65 anos usam a internet.
"Não é obrigado a ler qualquer bobagem"
"Aquilo que eu fiz, qualquer um poderia ter feito", escreveu Berners-Lee em seu livro. "A ideia de lançar a World Wide Web foi como jogar um fósforo num celeiro cheio de palha. A web tem se espalhado porque muitas pessoas ajudaram vigorosamente para que ela fosse aceita."
Em 1994, Berners-Lee fundou o Consórcio World Wide Web (W3C) no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, nos EUA. Em muitas ocasiões, ele é perguntado se não estaria desapontado com o fato de a internet ter se tornado um produto tão comercial.
O físico, que recebeu o título nobiliárquico britânico de "Sir", afirma que não: "A internet deve ser um espaço universal – não se pode excluir nenhuma área. Muitos questionam se não estou desapontado com a quantidade de tolices que há na web. Mas ninguém é obrigado a ler tudo. A internet, em grande parte, é apenas um reflexo da vida".
Câmera gigante para partículas minúsculas
No acelerador de partículas da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), íons chocam-se uns contra os outros na velocidade da luz. Enormes câmeras digitais fotografam partículas elementares resultantes.
Foto: DW/F.Schmidt
Porta de entrada para o mundo dos íons velozes
O detector ALICE, da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), fica cerca de 90 metros abaixo deste edifício colorido em Genebra, na Suíça. ALICE é uma enorme câmera digital capaz de fotografar as menores partículas do universo – componentes do núcleo atômico. A pintura na parede reproduz a câmera quase em tamanho real; a original ainda é um pouco maior.
Foto: DW/F. Schmidt
Imagens do mundo do Big Bang
Assim são as imagens captadas pelo detector ALICE. Em colisões de prótons ou de íons de chumbo à velocidade da luz, as menores das partículas elementares são liberadas – como a recentemente descoberta Bóson de Higgs. Tais partículas elementares compunham o nosso universo no primeiro trilionésimo de segundo após o Big Bang.
Foto: 2011 CERN
Capacetes obrigatórios para fotógrafos de partículas
Quatro câmeras de detectores estão localizadas ao longo do Large Hadron Collider (LHC), o acelerador de partículas do CERN. Elas são chamadas de ALICE, ATLAS, CMS e LHCb. Para vê-las, é preciso ir ao subsolo dos Alpes suíços e franceses. O uso de capacete é obrigatório, pois há tubos e fios por todos os lados, e há risco de bater a cabeça ou de uma ferramenta cair do alto.
Foto: DW/F.Schmidt
Tubo de alta velocidade
Íons de chumbo e prótons de hidrogênio são acelerados neste tubo localizado sob a Suíça e a França. As partículas voam através do tubo a vácuo com a velocidade de um trem-bala. Eletroímãs as mantêm em suas órbitas. Os quatro grandes detectores em que ocorrem as colisões de partículas dão acesso ao tubo.
Foto: DW/F.Schmidt
Não apenas um, mas dois tubos
Sob o revestimento azul, escondem-se dois tubos, pois os fluxos de partículas devem correr em sentidos opostos. Apesar de os prótons e íons se dirigirem uns em direção aos outros à velocidade da luz, eles não colidem com o dobro dessa velocidade. Do ponto de vista de uma partícula voando, a outra partícula aproxima-se somente à velocidade da luz.
Foto: DW/F.Schmidt
Resfriamento extremo
Os eletroímãs que mantêm as partículas em curso consistem de bobinas supercondutoras. Os cabos são resfriados a -271,3 graus Celsius, ficando sem nenhuma resistência elétrica. Para o processo, o acelerador de partículas precisa de muito hélio líquido, que flui através dos tubos. Trata-se do maior refrigerador no mundo.
Foto: DW/F.Schmidt
Ímãs de alta precisão
O LHC não é um círculo exato, mas composto por linhas retas interrompidas por curvas, nas quais ímãs desviam os feixes. Os eletroímãs são extremamente precisos: pouco antes da colisão, eles focam o feixe com tanta exatidão que a probabilidade de dois prótons colidirem exatamente é altíssima. A colisão ocorre bem no centro do detector.
Foto: DW/F.Schmidt
Tudo teve que passar por esse buraco
Os detectores são tão grandes como prédios de vários andares. Eles precisaram ser levados ao fundo da montanha em partes, através desta fenda estreita, por exemplo. Abaixo há uma caverna gigantesca, onde a ALICE foi montada – semelhante a um barco dentro de uma garrafa de vidro.
Foto: DW/F.Schmidt
Câmera digital com 8 mil imagens por segundo
Na foto, vê-se o detector ALICE aberto e inativo. Em operação, os feixes de íons encontram-se em seu centro. As partículas resultantes voam em direções diferentes por várias camadas de chips de silício – semelhantes aos sensores de câmeras digitais. Os chips registram os caminhos das partículas. Por segundo, são gerados 1,25 gigabytes de dados digitais.
Foto: DW/F. Schmidt
Eletroíma torna partículas visíveis
Este bloco azul é um enorme eletroímã, parte importante do detector ALICE. O campo magnético gerado por ele torna possível identificar as partículas produzidas na colisão. Dependendo do sentido em que voam, os investigadores podem identificar se são positivas, negativas ou neutras, por exemplo.
Foto: DW/F.Schmidt
Captura de múons
O detector Atlas tem aparelhos de medição muito especiais: os chamados espectrômetros de múons. Eles ficam fora do núcleo detector, como se fossem grandes asas. Assim, é possível capturar um parente do elétron: o múon. É difícil detectá-lo, pois ele existe por apenas dois milionésimos de segundo.
Foto: DW/F.Schmidt
Observação de uma distância segura
Todos os detectores têm salas de controle como esta do Atlas. Se o acelerador de partículas estiver em operação, ninguém pode permanecer nas instalações subterrâneas. Um feixe de prótons fora de controle seria capaz de derreter 500 quilos de cobre. Se o hélio escapar, há risco de congelamento e asfixia. Além disso, o feixe de partículas pode gerar radioatividade.
Foto: DW/F. Schmidt
Para onde vão as fotos?
Os quatro detectores fornecem dados 40 milhões de vezes por segundo. Uma vez que nem todas as colisões são interessantes para os cientistas, elas são filtradas. No final, sobram cerca de cem colisões por segundo. Isso ainda equivale a 700 megabytes por segundo – o conteúdo de um CD padrão. Todos os dados são armazenados no centro de computação do CERN.
Foto: DW/F.Schmidt
Rede mundial de computadores
Por ano, o CERN produz dados que resultariam numa pilha de CDs de 20 quilômetros de altura. Apesar de tais arquivos serem capazes de armazenar uma grande quantidade de dados, ainda não seria suficiente. Por isso, os dados são distribuídos pelo mundo: com seus centros de dados, mais de 200 universidades e instituições de pesquisa formam uma rede mundial de computadores do CERN.
Foto: DW/F.Schmidt
Dados para a humanidade
Físicos de partículas de todo o mundo têm acesso aos dados do CERN. Como uma espécie de projeto dedicado à toda a humanidade, o CERN está à disposição de universidades e instituições que se dedicam à pesquisa.