Xangai tem recorde de mortes desde o início do lockdown
24 de abril de 2022
Confinamento na metrópole chinesa de 26 milhões de habitantes começou há duas semanas, como parte da política chinesa de "tolerância zero" ao coronavírus. Neste domingo, cidade teve 39 óbitos devido à doença.
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Apesar de estar em um estrito lockdown há mais de duas semanas,a metrópole chinesa de Xangai, com cerca de 26 milhões de habitantes, registrou neste domingo (24/04) o maior número diário de mortes por covid-19 desde o começo do confinamento. Foram 39 mortes em 24 horas, elevando para 87 o número de óbitos na cidade desde o início do lockdown – no sábado, haviam sido 12.
Segundo as autoridades chinesas, o maior número de mortos está entre idosos que sofrem de doenças crônicas, como hipertensão. No entanto, duas vítimas tinham idades entre 39 e 48 anos e cinco estavam vacinadas contra a covid-19.
Mesmo com o confinamento rigoroso em Xangai, quase 22 mil novos casos foram registrados neste domingo, informou a agência de notícias AFP, acrescentando que a maior cidade da China totalizou quase meio milhão de casos desde o início de março, quando começou o atual surto.
Recentemente, imagens de trabalhadores em trajes de proteção brancos selando entradas de blocos de apartamentos e isolando quarteirões inteiros se tornaram virais nas redes sociais, provocando perguntas e reclamações dos moradores.
De acordo com o canal de negócios Caixin, barreiras feitas de chapas finas ou telas metálicas foram erguidas em vários lugares, sob ordens das autoridades locais. As entradas principais dos edifícios em que foram detectadas infecções por coronavírus foram fechadas, permanecendo apenas pequenas passagens para permitir a entrada de trabalhadores da prevenção da pandemia.
A China, que aplica uma política severa de "tolerância zero" ao novo coronavírus, está passando por uma onda de surtos atribuídos à variante ômicron que está causando números recordes de infecções não vistos desde o início da pandemia no primeiro semestre de 2020. Até agora, com suas políticas altamente restritivas, o país conseguiu limitar o número total de mortes em menos de 5 mil desde o surgimento do novo coronavírus, no final de 2019.
Os novos confinamentos vêm afetando não só o dia a dia da China, mas também a economia mundial. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) os recentes bloqueios na China podem causar gargalos nas cadeias de suprimentos globais, impactando diversos países. Além disso, de acordo com o Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), os confinamentos na China contribuíram para a alta da inflação na zona do euro.
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Alta de casos em Pequim
Neste domingo, Pequim relatou 22 novas infecções, número considerado alto pelas autoridades. "A situação é grave, toda a cidade deve agir sem demora", apelou no sábado o vice-diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim, Pang Xinghuo.
Ele disse que observações preliminares sugerem que a covid-19 "se espalhou de forma invisível" na capital por uma semana, afetando "escolas, grupos de turismo e muitas famílias".
Pequim também impôs controles rígidos de entrada na cidade. Os viajantes são obrigados comprovar um teste negativo feito a menos de 48 horas e as pessoas que tenham viajado para cidades ou regiões em que tenha sido registrado um único caso de covid nas últimas duas semanas estão proibidas de entrar.
A cidade está realizando testes massivos nas zonas que apresentaram casos e espera que mais infeções sejam detectadas nos próximos dias.
O número oficial de infectados ativos na China continental é de 29.531, sendo 236 deles em estado grave. Desde o início da pandemia, a China contabiliza 200.654 infectados pelo coronavírus e 4.725 mortes devido à doença. O país, porém, não considera casos assintomáticos como casos positivos.
le (AP, AFP, EFE, Lusa, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine