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Xi Jinping visita EUA em meio a divergências crescentes

Cui Mu (fca)21 de setembro de 2015

Presidente chinês embarca para visita de sete dias aos Estados Unidos. Questões como cibersegurança e reivindicações territoriais no Mar da China Meridional devem testar a relação entre os dois países.

Xi Jinping em visita à Coreia do Sul
Foto: Reuters

O presidente chinês, Xi Jinping, chega aos Estados Unidos nesta terça-feira (22/09) para uma visita de sete dias. Em Seattle, ele tem uma reunião com líderes de corporações americanas. Depois, o chefe de Estado da segunda maior economia do mundo segue para Washington, onde vai se reunir com o presidente Barack Obama na Casa Branca nesta quinta-feira.

A passagem de Xi pelos Estados Unidos acontece num momento crítico das relações entre os dois países. Enquanto questões de longa data como o grande excedente comercial chinês em relação a Washington continuam a afetar os laços bilaterais, novos problemas relacionados à cibersegurança e à crescente pressão de Pequim em disputas com países vizinhos sobre o Mar da China Meridional têm desgastado ainda mais as relações, comenta o analista político Guo Xiangang, do Instituto da China de Estudos Internacionais, ligado ao governo chinês.

A cibersegurança, por exemplo, é um assunto delicado. Nos últimos anos, a China têm sido acusada repetidamente de lançar ataques cibernéticos aos Estados Unidos. Pequim, por outro lado, nega essas alegações, sublinhando que a própria China é uma vítima da espionagem cibernética. Mesmo assim, Obama deve apresentar as preocupações do governo americano durante a reunião com Xi em Washington, afirmou recentemente o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

Acordo sobre cibersegurança

"No curto prazo, estou realmente pessimista sobre as possibilidades das duas potências chegarem a uma solução amigável para essa questão", diz Robert Daly, diretor do Instituto Kissinger sobre a China e os Estados Unidos, com sede no Woodrow Wilson Center, de Washington.

Porém, Guo afirma que a China pode mostrar um maior interesse em enfrentar a questão da espionagem cibernética, já que a nação asiática se vê como uma vítima desse tipo de prática. O especialista diz que tanto Obama quanto Xi vão abordar o assunto de maneira compreensiva. O especialista acrescenta que Meng Jianzhu, chefe da segurança interna chinesa, chegou alguns dias antes aos Estados Unidos para discutir o assunto com membros autoridades em Washington.

Segundo uma reportagem publicada recentemente pelo The New York Times, os dois países também estariam negociando um pacto com o objetivo de proteger ambos de ataques cibernéticos. O jornal afirma que as duas potências intensificaram as conversas para poder anunciar o acordo durante a visita de Xi. Porém, Daly diz que é mais provável que o assunto seja resolvido em médio prazo do que nos próximos dias.

"Grandes potências"

Paralelamente, o chefe de governo chinês afirmou que espera desenvolver um novo tipo de relação entre as chamadas "grandes potências" e que seu país seja tratado em "pé de igualdade" com os Estados Unidos. Contudo, enquanto o termo "relação entre grandes potências", utilizado por Xi, tem figurado nas manchetes da imprensa chinesa, o conceito ainda encontra resistência dentro dos Estados Unidos.

"O presidente Obama pode acabar utilizando esse termo uma vez para agradar o convidado da China", analisa Daly, acrescentando que uma nova relação de superpotências entre China e Estados Unidos significaria que ambos evitariam a hostilidade mútua. "O motivo por trás disso é positivo, mas os americanos não gostam desses termos", afirma o especialista do Woodrow Wilson Center.

China reivindica grandes áreas do Mar da China MeridionalFoto: DW

Disputas no Mar da China Meridional

Em contraste com a questão da cibersegurança, Pequim não faz segredo sobre o fato de que encara o Mar da China Meridional como parte de seu território. Os controversos projetos de reivindicação territorial da China nas disputadas águas em torno das Ilhas Spraty não apenas irritam os países vizinhos como também são alvo de críticas ferrenhas de Washington.

"As disputas sobre o Mar da China Meridional não são uma questão entre China e Estados Unidos", explica o especialista Guo, ressaltando que o problema deve ser resolvido entre a potência asiática e seus vizinhos. "Os americanos não devem intervir e devem agir de maneira geopoliticamente inteligente na abordagem desses assuntos", diz.

Porém, os Estados Unidos veem a questão de outra maneira, afirma Daly. "Os interesses centrais da China e dos Estados Unidos são incompatíveis quando se trata do Mar da China Meridional", analisa. Pequim reivindica a maior parte das rotas marítimas, potencialmente ricas em energia e que geram cerca de 5 trilhões de dólares em comércio fluvial por ano, com o argumento de estar se valendo dos chamados "direitos históricos" sobre os recursos marítimos da área. Mas Washington insiste na liberdade de navegação e em manter abertas as vias marítimas.

Dados os inúmeros pontos de disputa entre os dois lados, Guo argumenta que é preciso desenvolver mecanismos para prevenir um aumento no atrito diplomático. "No momento, esse talvez seja o maior desafio para os laços entre Estados Unidos e China", conclui.

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