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Yahoo acusa Washington de pressionar para obter dados de clientes

12 de setembro de 2014

Documentos mostram que governo dos EUA ameaçou com multas pesadas caso a empresa não repassasse dados de seus usuários, destinados aos programa de espionagem Prism.

Foto: dapd

Autoridades americanas ameaçaram a empresa de internet Yahoo com multas pesadas caso esta não entregasse dados de seus usuários solicitados pelos serviços secretos, segundo documentos judiciais sigilosos divulgados pela companhia nesta quinta-feira (11/09).

De acordo com os papéis, a Yahoo foi ameaçada nos anos de 2007 e 2008, durante a administração do ex-presidente George W. Bush, de ter que pagar 250 mil dólares por dia se não entregasse os dados de seus clientes solicitados pelo programa de espionagem Prism.

As 1.500 páginas de documentos recém-publicadas mostram como "nós tínhamos que lutar para nos defender das atividades de vigilância do governo dos Estados Unidos", escreveu o assessor judicial da Yahoo Ron Bell, em texto publicado no blog da empresa.

Os documentos, que ainda estão parcialmente sob sigilo, mostram que a Yahoo acusou o governo de atuar de forma inconstitucional. O grupo argumentava que o programa Prism infringe os direitos de proteção da privacidade.

Programa de espionagem Prism foi extinto em 2011, segundo governo dos EUAFoto: imago/McPHOTO

No final, a Yahoo teve que ceder a decisões judiciais e enviar dados de comunicações via internet pertencentes a cidadãos estrangeiros.

Grupos de defesa dos direitos civis saudaram a publicação dos papéis. "Até o momento, as acusações desse tipo contra os Estados Unidos eram baseadas em informação de segunda mão", frisou Marc Rotenberg, do Electronic Privacy Information Center.

"Vitória para a transparência"

A Yahoo assegurou estar empenhada em proteger os dados de seus usuários e que vai continuar a contestar os pedidos e leis que considere ilegal, pouco claras ou abusivas. "Consideramos esta uma vitória importante para a transparência, e esperamos que esses registros ajudem a promover a discussão sobre o relacionamento entre privacidade, legalidade e a atuação dos serviços de informação", afirmou Bell.

Outras empresas americanas de internet, como Facebook, Microsoft e Google, começaram a publicar informações sobre as solicitações do governo para divulgação de dados dos seus clientes.

O Prism foi revelado publicamente em junho de 2013 pelo ex-funcionário da inteligência dos EUA Edward Snowden. Através do programa, a Agência de Segurança Nacional (NSA) e o FBI tinham acesso a dados privados originados dos servidores de grandes empresas de internet, como Yahoo, Google, Microsoft, Facebook e Apple. Segundo as autoridades americanas, o programa de espionagem foi extinto em 2011.

MD/afp/dpa/ap

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